Poemas de Caio Fernando Abreu
Não te preocupa. O que acontece é sempre natural — se a gente tiver que se encontrar, aqui ou na China, a gente se encontra. E te espero. E te curto todos os dias. E te gosto. Muito.
E sei que estou apenas no início de um largo caminho de amor, que começa aqui dentro e exala cheiro de flores e confusões.
Eu e você não acontecemos por uma relação casual, mas por uma relação de significado, que ainda estamos trabalhando.
Você não me entende porquê você nos divide em dois: eu e você. Não existe divisão. Eu não sou só eu. Eu sou também você (...).
Então, no teu ouvido duro, na tua alma fria, e vou dizendo leve, e vou dizendo longo sem pausa - gosto muito de você.
Que eu mergulhe no roxo deste vazio de amor de hoje e sempre e suporte o sol das cinco horas posteriores, e posteriores, e posteriores ainda.
Eu não achei que ia conseguir dizer, quero dizer, dizer tudo aquilo que escondo desde a primeira vez que vi você (...).
Eu queria te dizer uma porção de coisas, de uma porção de noites, ou tardes, ou manhãs, não importa a cor (...)
Me dá notícias. Se encontrar um daqueles telefones, ligo qualquer noite (...). Sinto saudade, ando meio só. Um beijo, cem beijos.
Tanto tempo depois que Ana me deixou, e eu sobrevivi, que o mundo foi-se tornando aos poucos um enorme leque escancarado de mil possibilidades.
Não consigo lembrar mais nada, embora tente desesperadamente acrescentar mais um detalhe, mas sei perfeitamente quando uma lembrança começa a deixar de ser uma lembrança para se tornar uma imaginação.
Mas no meio da fuga, você aconteceu. Foi você, não eu, quem buscou. Mas o dilaceramento foi só meu, como só meu foi o desespero.
Embora eu nunca tivesse conseguido aprender como se vive aos sábados, se é que existe uma maneira específica de atravessá-los.
Mas eu te ouvia dizer que sabias ser necessário optar entre mim e ela, e que optarias por ela, por comodidade, para não te mexeres daquele canto um pouco escuro e um pouco estreito, mas teu.
A força do teu impulso em direção ao prazer de repente e sempre cortado pelo proibido de fora ou de dentro de nós.
Choveu demais, esfriou. Mas deve haver algum jeito exato de contar essa história que começa e não sei se termina ou continua assim: Sonhei que você sonhava comigo. Ou foi o contrário? Seja como for, pouco importa: não me desperte, por favor, não te desperto.