Poemas de Caio Fernando Abreu

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Vou cuidar de mim. De mim do meu coração e dessa minha mania de amar demais, de querer demais, de esperar demais.

Mesmo assim eu não esquecia dele. Em parte porque seria impossível esquecê-lo, em parte também, principalmente, porque não desejava isso. É verdade, eu o amava. Não com esse amor de carne, de querer tocá-lo e possuí-lo e saber coisas de dentro dele. Era um amor diferente, quase assim feito uma segurança de sabê-lo sempre ali.

Apesar de muitas conversas, pouca coisa foi dita. O essencial sempre ficará no fundo, esmagado pela superficialidade.

Quando eu acreditei que seria sincero, acabei me deparando com o que costumo chamar de “decepção” ou “tapa na cara”. Sabe aquela escorregada que você precisa dar pra aprender a levantar? Então, é disso que estou falando.

A gente teve uma hora que parecia que ia dar certo. Ia dar, ia dar, sabe quando vai dar? Pra vocês, nem isso. A gente teve a ilusão, mas vocês chegaram depois que mataram a ilusão da gente.

De repente, estou só. Dentro do parque, dentro do bairro, dentro da cidade, dentro do estado, dentro do país, dentro do continente, dentro do hemisfério, do planeta, do sistema solar, da galáxia — dentro do universo, eu estou só. De repente. Com a mesma intensidade estou em mim. Dentro de mim e ao mesmo tempo de outras coisas, numa sequência infinita que poderia me fazer sentir grão de areia. Mas estar dentro de mim é muito vasto.

As coisas acontecem do jeito que acontecem e estão certas assim. Não me arrependo de nada. Mas de vez em quando passa pela cabeça um "ah, podia ter sido diferente".

Ela o amava. Ele a amava também. E ainda, que essa coisa, o amor, fosse complicada demais para compreender e detalhar nas maneiras tortuosas como acontece, naquele momento em que acontecia dentro do sonho, era simples. Boa, fácil, assim era. Ela gostava de estar com ele, ele gostava de estar com ela. Isso era tudo.

Eles me rotularam, me analisaram, jogaram mil complexos em cima de mim, problemas, introjeções, fugas, neuroses, recalques, traumas...

E ontem, eu desisti. Desisti de tudo que eu mais queria, daquilo que eu mais desejava. O coração palpitava de vontade, mas eu resisti e desisti. E desistirei sempre for que necessário, sempre que eu estiver perto do fundo do poço. Depois do não, depois do ‘fim’, desejei que Deus me dê forças e fé, muita fé para continuar. Porque não vale à pena, não compensa. Porque tem pessoas que não valem à pena.

Não se deixe entusiasmar a ponto de não conseguir distinguir amor de atração, amor de carência, amor de insegurança, amor de fantasia.

As pessoas falam coisas, e por trás do que falam há o que sentem, e por trás do que sentem, há o que são e nem sempre se mostra...

Uma coisa que eu aprendi na vida: Deus não te tira as coisas, Ele te livra delas.

Ou talvez eu só precise de férias, um porre e um novo amor. Eu gosto de gostos, eu gosto de pele, de cheiro, de amor verdadeiro.

Hoje eu queria um abraço daqueles que te sufoca de tão apertado e te protege de tudo.

E gosto das tuas histórias. E gosto da tua pessoa. Dá um certo trabalho decodificar todas as emoções contraditórias, confusas, somá-las, diminui-las e tirar essa síntese numa palavra só, esta: gosto.

Olha, sabe duma coisa que eu aprendi? O segredo do belo está aqui, oh. Na sua cuca, no seu olho que realmente vê, dentro de você. Se você souber olhar as coisas de um jeito mágico, tudo fica mais bonito.

Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor.

Também não sei se o que me prende tanto a você. Deve ser justamente essa impossibilidade de sermos, finalmente, nós.

Escolha, entre todas elas, aquela que seu coração mais gostar, e persiga-a até o fim do mundo. Mesmo que ninguém compreenda, como se fosse um combate. Um bom combate, o melhor de todos, o único que vale a pena. O resto é engano, meu filho, é perdição.