Poemas de Caio Fernando Abreu
"Por que, Senhor meu, permitiste que eu tentasse fugir da minha pequenez? Por que me deste todos esses sonhos muito maiores do que eu?"
"...eu agradeço, eu tenho medo e espanto e terror e ao mesmo tempo maravilhamento e outras coisas com e sem nome, mas agradeço. Aos deuses dos jardins, aos deuses dos homens, aos deuses do tempo e até aos das ervas daninhas que nos fazem lutar feito tigres feridos fundo no peito, sim, eu agradeço."
Que se danem os príncipes e as princesas. Que venham as pessoas reais, aquelas que se doam. Que sofrem, que choram por um amor. Aquelas que abraçam travesseiros e suspiram. Que têm milhares de defeitos mas o que conta mesmo é “aquela” qualidade que te fez apaixonar. Achar essas pessoas não é tão difícil, a gente as reconhece logo de cara. O problema é que às vezes a gente pensa demais e complica as coisas.
"Oi tudo bem e aí tô ligando pra saber se você vai fazer alguma coisa hoje à noite." Como se a gente tivesse obrigação de fazer alguma coisa toda noite. Só porque é sábado. Essa obsessão urbanóide de aliviar a neurose a qualquer preço nos fins de semana, pode?
Gosto das tuas notícias e do teu feeling. O amor tá solto no ar de setembro e já vimos tanta coisa e já sabemos de tantas. Ando cheio de fé.
Mas eu rezo. Tenho fé. Descobri qualquer coisa dentro de mim que, não sei exatamente como nem por quê, consegue manter-se serena no meio desta falta absoluta de perspectivas.
Quando desliguei o telefone pra lá das 04:00 horas da manhã, eu disse que sonharia com você, apenas pela certeza de que sua imagem linda, clara, fascinante, jamais sairia da minha cabeça… Ao me deitar, eu estava pensando em ti. Eu não sei se é sonho, o que acontece, mas eu te sinto sempre. Até enquanto durmo. Sinto seu toque, sua voz, vejo seu sorriso. Sinto e vejo tudo, meu misto de sonho e realidade, por que demorou tanto para chegar? Eu guardei um sonho bom pra ti essa noite. Estive com você da forma mais bonita: toquei seu coração – te dei o meu, e recebi o seu. E ao amanhecer, sua imagem continuava nítida em minha mente. Meio sonolento, acabei despertando pelo vibrar do celular, e era você. E tem sido você, e vai continuar sendo você. Por tanto tempo eu quis, e então você chegou.
Nunca notou que mulheres como eu não são fáceis de se ter? são como flores difíceis de cultivar. Flores que você precisa sempre cuidar, mas que homens que gostam de praticidade não conseguem. Homens que gostam das coisas simples. Eu não sou simples, nunca fui. Mas sempre quis ser sua. Você, meu homem, é que não soube cuidar. E nessa de cuidar, vou cuidar de mim. De mim, do meu coração e dessa minha mania de amar demais, de querer demais, de esperar demais. Dessa minha mania tão boba de amar errado.
Eu não queria que fosse assim. Eu queria que tudo fosse muito mais limpo e muito mais claro, mas eles não me deixam, você não me deixa.
Nunca fui bom nessa coisa de finalizar, terminar, colocar um ponto final. Sou feito de vírgulas, reticências e projetos inacabados.
Sabes de tudo sobre esse possível amargo futuro. Sabes também que já não poderias voltar atrás, que estás inteiramente subjugado e as tuas palavras, sejam quais forem, não serão jamais sábias o suficiente para determinar que essa porta a ser aberta agora, logo após teres dito tudo, te conduza ao céu ou ao inferno.
Acho espantoso viver, acumular memórias, afetos. Ando assim, descontínuo, exaltado, mas sempre com carinho enorme por você.
Ela sabe que é fraca o bastante para não conseguir ter ódio no seu coração, na sua alma, na sua essência. E ama, sabendo que vai chorar muitas vezes ainda. Afinal, foi chorando que ela, você e todos os outros, vieram ao mundo!
Ela era qualquer coisa como uma psicóloga que sonhava escrever um livro.
Ele qualquer coisa como um alto executivo bancário a fim de largar tudo para morar num barco.
Depois os dois se abraçaram e se deram beijos nas duas faces e como duas pessoas que não se vêem há muito tempo atropelaram perguntas como: por onde é que tu anda, criatura, ou exclamações como: mas tu não mudou nada, ou reticências tão demoradas que as filas chegavam a deter-se um pouco, as pessoas reclamando e uma hesitação entre mergulhar nas gentes entre um beijo e um me telefona qualquer dia e ficar ali e convidar para qualquer coisa, mas um medo que doesse remexer naquilo, e tão mais fácil simplesmente escapar que chegou a dar dois passos. Ou três.
Sei que tudo isso é tremendamente confuso, incoerente. São sentimentos que absolutamente não combinam entre si, é preciso optar por uma ou outra forma de pensar.
Não é fácil, muitas vezes eu me sinto sufocar de saudade, de vontade de estar perto. Se ... E se me perguntarem como estou, eis a resposta: Estou indo.... Ao mesmo tempo alguma coisa em mim não consegue desistir, mesmo depois de todos os fracassos.
Minto. Sei, sim. Não é de repente, é mais aos pouquinhos que acontece. Difícil explicar, mas vai dando uma coisa de você não ver mais direito nem as coisas nem as pessoas que estão à sua volta. Você vai acostumando com elas, assim como acostuma com uma cadeira, uma mesa, um fogão. Quando tudo começa a ficar igual todos os dias e você, sem perceber, começa a se movimentar como quem liga o automático e, feito robô, apenas faz coisas, sem sentir o que está fazendo – bem, para mim é porque está na hora de dar o fora. Aí a gente muda. Se não dá para mudar de cidade, muda de casa, muda de rua, de bairro (cá entre nós: massa mesmo seria poder mudar de planeta). Não há nada mais estimulante do que ver ruas e pessoas pela primeira vez. Você tem que fazer um superexercício para conseguir descobrir os jeitos particulares delas se comunicarem – sim, porque tudo isso tem um jeitinho particular. Você é novo. A maioria das pessoas que conheço vive muito desatenta de estar vivendo: elas parecem tão acostumadas com as coisas que estão em volta que é como se estivessem dormindo.