Poemas de Caio Fernando Abreu
"...eu agradeço, eu tenho medo e espanto e terror e ao mesmo tempo maravilhamento e outras coisas com e sem nome, mas agradeço. Aos deuses dos jardins, aos deuses dos homens, aos deuses do tempo e até aos das ervas daninhas que nos fazem lutar feito tigres feridos fundo no peito, sim, eu agradeço."
"De repente sinto medo. Um medo antigo, o mesmo que sentia o menino escondido embaixo da escada, esperando castigos. Um medo e um frio que nascem de alguma zona escondida no cérebro, nas lembranças, nas coisas que o tempo escondeu ao avançar, como se recuando súbito pusesse a descoberto todos os cantos invisíveis, todas as teias de aranha recobrindo velhos muros, os mesmos que tantas vezes tentei escalar sem que houvesse nada depois, nenhum caminho, nenhuma casa. Nada."
"E olhando fora de si pressentia avisos, seculares avisos de sangue de que o que o esperava não tardaria. A isso chamava, amável, de uma esperança."
"Como se fosse necessário acender todas as velas e todos os incensos que há pela casa para afastar o frio, o medo e a vontade de voltar."
Eu não queria que fosse assim. Eu queria que tudo fosse muito mais limpo e muito mais claro, mas eles não me deixam, você não me deixa.
“Como se mil pessoas se importassem com você, menos uma. E de alguma forma, era a única que você necessitava que se importasse.”
Não tinha nada a perder, pois embora fosse muito cedo, sentia que era desesperadamente tarde também.
Cuidado, meu amigo, vai doer. Se você é daqueles que acham que a vida é um mar de rosas cor-de-rosa, mantenha distância. Ou vá ouvir a Xuxa.
Te amarei a cada pôr-do-sol, e em cada nascer do dia. Te amarei de Janeiro a Janeiro, e isso inclui também feriados e fins de semana. Te amarei nos dias chuvosos, tanto lá fora quando aqui dentro, mas te amarei ainda mais nas horas de alegria, quando a vontade de te ter ao meu lado para partilhar o sorriso me fizer ver o quão necessário você é para minha existência.
Nunca fui bom nessa coisa de finalizar, terminar, colocar um ponto final. Sou feito de vírgulas, reticências e projetos inacabados.
Eu espero por dias melhores sem pressa, sei que o que tiver pra acontecer de bom comigo vai acontecer, e preciso ter paciência, vai acontecer na hora certa. É preciso viver um dia de cada vez, é preciso subir a escada degrau por degrau e acima de tudo saber esperar e principalmente ter fé acima de tudo.
Acostuma-se. Ele vai e resolve aparecer, assim do nada, com palavras que ele sabe que de algum modo mexe com os meus sentimentos.
Que se possa sonhar, isso é que conta, com mãos dadas, suspiros, juras, projetos, abraços no convés à luz da lua cheia, brilhos na costa ao longe. E beijos, muitos. Bem molhados.
Depois os dois se abraçaram e se deram beijos nas duas faces e como duas pessoas que não se vêem há muito tempo atropelaram perguntas como: por onde é que tu anda, criatura, ou exclamações como: mas tu não mudou nada, ou reticências tão demoradas que as filas chegavam a deter-se um pouco, as pessoas reclamando e uma hesitação entre mergulhar nas gentes entre um beijo e um me telefona qualquer dia e ficar ali e convidar para qualquer coisa, mas um medo que doesse remexer naquilo, e tão mais fácil simplesmente escapar que chegou a dar dois passos. Ou três.
Sei que tudo isso é tremendamente confuso, incoerente. São sentimentos que absolutamente não combinam entre si, é preciso optar por uma ou outra forma de pensar.
Não é fácil, muitas vezes eu me sinto sufocar de saudade, de vontade de estar perto. Se ... E se me perguntarem como estou, eis a resposta: Estou indo.... Ao mesmo tempo alguma coisa em mim não consegue desistir, mesmo depois de todos os fracassos.
Lições que a vida ensina... Agora que tudo perdeu a magia, se magia houve e havia, eu não consigo mais ver nenhum anjo em você.
Então a suspeita bruta: não suportamos aquilo ou aqueles que poderiam nos tornar mais felizes e menos sós. Afirmou, depois acendeu o cigarro, reformulou, repetiu, acrescentou esta interrogação: não suportamos mesmo aquilo ou aqueles que poderiam nos tornar mais felizes e menos sós? Não, não suportamos essa doçura.