Poemas de Caio Fernando Abreu

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Não te castiga assim, está tudo em paz. Nunca houve cães. É como uma cantiga de ninar nas cinzas do fim do mundo.

Quanto a mim, acho que estou muito bem. Poucas vezes me senti assim. Pela primeira vez estou comandando completamente a minha própria vida.

Não tenha medo. Você vai encontrar uma pessoa certa, embora não exista a pessoa certa. Mas você vai encontrar a sua pessoa, e é ela que importa.

"... como se tivesse retomado a um anterior estado de pureza depois de muitas marcas."

Não era amor.
Uma vitória louca, uma vitória doente. Não era amor. Aquilo era solidão e loucura, podridão e morte. Não era um caso de amor. Amor não tem nada a ver com isso. Ela era uma parasita. Ela o matou porque era uma parasita. Porque não conseguia viver sozinha. Ela o sugou como um vampiro, até a ultima gota, para que pudesse exibir ao mundo aquelas flores roxas e amarelas. Aquelas flores imundas. Aquelas flores nojentas. Amor não mata. Não destrói, não é assim. Aquilo era outra coisa. Aquilo é ódio.

Caio Fernando Abreu
"Caixinha de música", Morangos mofados

E mesmo assim, Deus ainda me dá forças para enxugar todas as minhas lágrimas e sorrir.

Que seja doce a espera pelas mensagens, ligações e recadinhos bonitinhos. Que seja (mais do que) doce a voz ao falar no telefone.

Eu acho que a gente não deve perder a curiosidade pelas coisas: há muitos lugares para serem vistos, muitas pessoas para serem conhecidas.

Descobririas que as coisas e as pessoas só o são em totalidade quando não existem perguntas, ou quando as perguntas não são feitas. Que a maneira mais absoluta de aceitar alguém ou alguma coisa seria justamente não falar, não perguntar - mas ver. Em silêncio. (...) O que faz nascer as perguntas não é uma necessidade de conhecimento, mas de ser conhecido.

"Ela está sempre tão dentro dela mesma que qualquer coisa que faça não é nem certa nem errada, é simplesmente o que ela podia fazer."

essa sede de outro corpo é que nos deixa loucos e vai matando a gente aos pouquinhos.

Nada é errado, quando o erro faz parte de uma procura ou de um processo de conhecimento.

Essa roda girando girando sem parar. Olha bem: quem roda nela? As mocinhas que querem casar, os mocinhos a fim de grana pra comprar um carro, os executivozinhos a fim de poder e dólares, os casais de saco cheio um do outro, mas segurando umas. Estar fora da roda é não segurar nenhuma, não querer nada. Feito eu: não seguro picas, não quero ninguém. Nem você. Quero não, boy. Se eu quiser, posso ter.

Sempre posso estar enganada, e os meus olhos de agora serem incapazes de verem certas coisas.

Todo esse pessoal de preto e cabelo arrepiadinho sorri pra você porque você é igual a eles. Se pintar uma festa, te dão um toque, mesmo sem te conhecer. Isso é rodar na roda, meu bem. Pra mim, não...

Entenda que eu quero estar com você, do seu lado, sabendo o que acontece. Eu queria dizer que eu estava com você, e a menos que você não me suporte mais, continuaria te procurando e querendo saber coisas. De repente me passa pela cabeça que a minha presença ou a minha insistência pode talvez irritá-lo. Então, desculpa-não-insistirei-mais. Te quero imensamente bem. Fico pensando se dizendo assim, quem sabe, de repente, você acredita.

Não importa quantos dedos você cruza, ou a quantidade de moedas você joga na fonte. Se Deus não quer não acontece.

e quis te dizer de como era bom que a gente tivesse se encontrado, assim, sem pedir, sem esperar

Correnteza leve, por favor. Que não estamos assim muito prontos pra grandes tormentas.

Não poderias saber nada de mais absoluto sobre ela, a não ser ela própria.
Que a maneira mais absoluta de aceitar alguém ou alguma coisa seria justamente não falar, não perguntar - mas ver. Em silêncio.