Poemas de Caio Fernando Abreu

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Não era amor.
Uma vitória louca, uma vitória doente. Não era amor. Aquilo era solidão e loucura, podridão e morte. Não era um caso de amor. Amor não tem nada a ver com isso. Ela era uma parasita. Ela o matou porque era uma parasita. Porque não conseguia viver sozinha. Ela o sugou como um vampiro, até a ultima gota, para que pudesse exibir ao mundo aquelas flores roxas e amarelas. Aquelas flores imundas. Aquelas flores nojentas. Amor não mata. Não destrói, não é assim. Aquilo era outra coisa. Aquilo é ódio.

Caio Fernando Abreu
"Caixinha de música", Morangos mofados

Quanto a mim, acho que estou muito bem. Poucas vezes me senti assim. Pela primeira vez estou comandando completamente a minha própria vida.

Me ajuda que hoje eu tenho certeza absoluta que já fui Pessoa ou Virgínia Woolf em outras vidas...

Não tenha medo. Você vai encontrar uma pessoa certa, embora não exista a pessoa certa. Mas você vai encontrar a sua pessoa, e é ela que importa.

E mesmo assim, Deus ainda me dá forças para enxugar todas as minhas lágrimas e sorrir.

Descobririas que as coisas e as pessoas só o são em totalidade quando não existem perguntas, ou quando as perguntas não são feitas. Que a maneira mais absoluta de aceitar alguém ou alguma coisa seria justamente não falar, não perguntar - mas ver. Em silêncio. (...) O que faz nascer as perguntas não é uma necessidade de conhecimento, mas de ser conhecido.

Não te castiga assim, está tudo em paz. Nunca houve cães. É como uma cantiga de ninar nas cinzas do fim do mundo.

Todo esse pessoal de preto e cabelo arrepiadinho sorri pra você porque você é igual a eles. Se pintar uma festa, te dão um toque, mesmo sem te conhecer. Isso é rodar na roda, meu bem. Pra mim, não...

Essa roda girando girando sem parar. Olha bem: quem roda nela? As mocinhas que querem casar, os mocinhos a fim de grana pra comprar um carro, os executivozinhos a fim de poder e dólares, os casais de saco cheio um do outro, mas segurando umas. Estar fora da roda é não segurar nenhuma, não querer nada. Feito eu: não seguro picas, não quero ninguém. Nem você. Quero não, boy. Se eu quiser, posso ter.

Nada é errado, quando o erro faz parte de uma procura ou de um processo de conhecimento.

essa sede de outro corpo é que nos deixa loucos e vai matando a gente aos pouquinhos.

Sempre posso estar enganada, e os meus olhos de agora serem incapazes de verem certas coisas.

Estou desistindo de você, abrindo mão, renunciando, deixando pra lá, tentando esquecer.

Tudo neles era recíproco - e o medo de se ferirem cresceu junto para explodir num silêncio súbito.

Que seja doce a espera pelas mensagens, ligações e recadinhos bonitinhos. Que seja (mais do que) doce a voz ao falar no telefone.

e quis te dizer de como era bom que a gente tivesse se encontrado, assim, sem pedir, sem esperar

"Ela está sempre tão dentro dela mesma que qualquer coisa que faça não é nem certa nem errada, é simplesmente o que ela podia fazer."

Correnteza leve, por favor. Que não estamos assim muito prontos pra grandes tormentas.

"... como se tivesse retomado a um anterior estado de pureza depois de muitas marcas."

Eu acho que a gente não deve perder a curiosidade pelas coisas: há muitos lugares para serem vistos, muitas pessoas para serem conhecidas.