Poemas de Caio Fernando Abreu
Na maioria das vezes, gosto de estranhos. A partir do momento que você conhece alguém de verdade, se decepciona tanto, que é mais confortante ficar no anonimato. Não me importo se você for indiferente comigo (já me acostumei muito com isso), só não omitam nada. Verdades são ásperas, mas estão aí para serem aceitas, e jamais questionadas. Já passei por muitas experiências por aqui, e ao contrário do que pensam, aprendi muito com isso. Então, se for me adicionar na expectativa de destruir corações, sinto informar que aqui já não existem mais sentimentos. Tudo é muito indiferente. Na verdade, tanto faz.
Prefiro reconhecer com o máximo de tranquilidade possível que estou só do que ficar à mercê de visitas adiadas, encontros transferidos...
Joguei sobre você tantos medos, tanta coisa travada, tanto medo de rejeição, tanta dor. Difícil explicar. Muitas coisas duras por dentro. Farpas. Uma pressa, uma urgência. E uma compulsão horrível de quebrar imediatamente qualquer relação bonita que mal comece a acontecer. Destruir antes que cresça.
Daqui a 50 anos eu ainda vou saber seu nome e vou me lembrar de todas as vezes que você me fez sorrir.
Não negue, apareça. Seja forte. Porque é preciso coragem para se arriscar num futuro incerto. Não posso esperar. Tenho tudo pronto dentro de mim e uma alma que só sabe viver presentes. Sem esperas, sem amarras, sem receios, sem cobertas, sem sentido, sem passados.
Desculpa, digo, mas se eu não tocar você agora vou perder toda a naturalidade,
não conseguirei dizer mais nada, não tenho culpa, estou apenas me sentindo sem controle, não me entenda mal, não me entenda bem, é só esta vontade quase simples de estender o braço para tocar você...
Mesmo que as palavras sejam esquecidas, que a presença não seja constante e que os caminhos sejam diferentes: pode ter certeza te amarei pra sempre.
Ela é exatamente como os seus livros: transmite uma sensação estranha, de uma sabedoria e uma amargura. É lenta e quase não fala. Tem olhos hipnóticos, quase diabólicos. E a gente sente que ela não espera mais nada de nada nem de ninguém, que está absolutamente sozinha e numa altura tal que ninguém jamais conseguiria alcançá-la. Muita gente deve achá-la antipaticíssima, mas eu achei linda, profunda, estranha, perigosa.
Podia falar de quando te vi pela primeira vez, sem jeito, de repente te vi assim como se não fosse ver nunca mais, e seria bom que eu não tivesse visto nunca mais, porque de repente vi outra vez, e outra e outra, e enquanto eu te via nascia um jardim de flores nas minhas faces.
Só eu sei que cheguei à humildade máxima que um ser humano pode atingir: confessar a outro ser humano que precisa dele para existir.
Já coloquei a música que me fazia mal e fechei os olhos, lembrando de tudo que estava me corroendo… só pra chorar, na esperança de tudo aquilo passar.
Como doem as perdas para sempre perdidas, e portanto irremediáveis, transformadas em memórias iguais pequenos paraísos-perdidos.
Ando sentindo umas coisas que não entendo direito. Não gosto de não entender o que sinto. Não gosto de lidar com o que não conheço.
Talvez, se você viesse depressa, o café não esfriaria. Porque café, assim como o amor, quando requentado dá embrulho no estômago.
Amor a gente não procura. É assim: você deixa a porta meio aberta, se distrai plantando girassóis e ele entra. Ele adora contrariar.
Eu ainda acredito que depois de toda chuva surge o arco-íris. Que Deus não erra. Que se for pra acontecer, vai acontecer. Que nada nessa vida é em vão. Que todo esse sofrimento, vai se transformar em um aprendizado. Que tudo na vida é questão de fé.
É como se mil pessoas se importassem com você, menos uma. E, de alguma forma, era a única que você necessitava que se importasse.