Poemas de Bocage

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Tu, que benigno raio
Derramas neste horror, neste amargoso
Domicílio dos males?...

Inserida por dia_marti

Eu, que não satisfeito
De combater, de triunfar na Terra,
Convosco tenho feito
Aos próprios Céus inevitável guerra

Inserida por dia_marti

Infeliz! Que arrogância,
Que imprudência, que fado ou que desdita
Te guia à negra estância
Aonde o tempo com a Morte habita?

Inserida por dia_marti

Purificando co' um sorriso o dia,
Afáveis olhos para mim volvendo,
Me diz : «Não chores, ó mortal, não chores;»

Inserida por dia_marti

Eis os sorrisos que, a Tristeza amarga
De vós banira com decreto horrendo
Ei-los de novo sobre vós, ó minhas
Pálidas faces!

Inserida por dia_marti

O autor aos seus versos

Chorosos versos meus desentoados,
Sem arte, sem beleza e sem brandura,
Urdidos pela mão da Desventura,
Pela baça Tristeza envenenados:

Vede a luz, não busqueis, desesperados,
No mudo esquecimento a sepultura;
Se os ditosos vos lerem sem ternura,
Ler-vos-ão com ternura os desgraçados:

Não vos inspire, ó versos, cobardia
Da sátira mordaz o furor louco,
Da maldizente voz e tirania:

Desculpa tendes, se valeis tão pouco,
Que não pode cantar com melodia
Um peito de gemer cansado e rouco.