Poemas de Ausência
A vantagem do cristão não está na sua saúde, mas em conhecer e aceitar a sua doença. O tratamento proposto pelo “hospital” não é um processo de cura instantânea. É um método que começa agora e só terminará na eternidade. Quem se recusar continuará eternamente doente.
Há filmes, livros, pinturas, músicas, florestas e paisagens que são itinerários espirituais por onde passeia o sopro do Espírito de Deus.
Quando o cristianismo tenta se adaptar a cultura, ele tende a transbordar para fora da sua existência. Torna-se um parasita do verdadeiro cristianismo, atraindo algumas pessoas, mas não transformando vidas.
Não minimizo a famosa frase “Deus é amor”. Sou totalmente
dependente desse amor. Mas, eu amo Deus? Se continuar acariciando os meus pecados, eu não O amo. Se não confronto e enfrento os meus pecados, preferindo afagá-los debaixo do edredom da misericórdia, recostado no travesseiro da graça sobre o aconchegante colchão do amor de Deus, não estou demonstrando que O amo, mas que utilizo o amor de Deus para justificar a minha perversidade.
O escândalo do cristianismo é que existe apenas um caminho. A boa notícia é que, apesar de toda a nossa teimosia, egoísmo e pecado, ainda há um caminho.
Muitos sermões são ofertados como se a igreja fosse um restaurante que deve conquistar o paladar dos seus clientes. Não precisamos de clérigos semeando frases de autoajuda; sacerdotes se portando como animadores de
auditório; reverendos motivando a auto satisfação ou fiéis se auto justificando no mantra do “Deus é amor”.
Precisamos de homens e mulheres trilhando o caminho da
transformação. Não devo aprender a amar mais a mim mesmo, mas a morrer para que Cristo viva em mim. Não quero a cumplicidade com os meus pecados, mas a luta diária para vencê-los. Não quero o cobertor elétrico sobre os meus erros, mas o inverno asfixiante derrubando todas as folhas com as quais me cubro.
O invisível não pode ser apreendido no visível. Na verdade o visível é a sombra de uma realidade maior que está além do limitado alcance da nossa visão.
Quando um cristão passa a ser celebrado nos círculos intelectuais dominantes, nota-se que o cristianismo apresentado foi diluído e os tons ofensivos ao homem natural encontram-se reduzidos de brasas incandescentes
a cinzas inofensivas.
A beleza, criatividade e alegria de Deus esparramam-se pela natureza aguardando que o distraído ser humano possa observá-la mais de perto. Mas o entediado não tem mais tempo para as coisas comuns. Vive tão absorto nos
afazeres da vida que não consegue vislumbrar as sombras da Realidade maior, a assinatura do Artista em sua obra.
Deus não existe. Se Ele existisse seria apenas mais um objeto. Deus antecede a existência, assemelha-se mais ao invólucro que a agasalha, a nascente de onde sai o filete da vida. A linguagem é limitada. Só é possível a teologia no terreno da analogia. Deus não se encaixa num exemplo mais amplo, porque se encaixasse, o gênero do qual Ele se tornaria membro seria maior do que o próprio Deus. Todo esforço linguístico sequer toca nas bordas da divindade. Sem Ele “nada do que foi feito se fez”.
A qualquer momento, quando estiver desprevenido, Deus pode vir e pedir algo que balançará os alicerces daquilo que imaginara para a minha vida. Quando não estiver esperando, poderei ser surpreendido pelo “Não temas!”. A questão não é como Ele vem, mas como eu respondo ao chamado.
Quando você tiver certeza que se livrou de mim, eu surgirei novamente e lhe farei duvidar, pois é na ausência que me faço ainda mais presente e nos seus pensamentos que estabeleço a minha melhor morada.
Não sei dizer se é gostar, possessão ou amor, mas, algo me prende a você de uma forma que não sei explicar. Fico presa em pesamentos, devaneios, perco a fome, perco o sono, perco tudo! Menos você. Não sei se da cabeça, do coração, ou dos dois. Tento encontrar formas de me livrar dessas amarras, mas, quanto mais eu tento te esquecer, mais eu lembro, mais eu sinto falta, mais perto me encontro independente da distância. E sua ausência me deixa um vazio, que é repleto de você.
É o SE que me incomoda, atormenta, perturba. Quando estou mal, é o SE que me faz pensar como seria se ele estivesse aqui para me fazer rir. Quando estou bem, é o SE que me faz fantasiar como seria se ele estivesse aqui, para viver esse momento comigo. É o SE que me persegue, me maltrata, me ilude.
A verdade é que a vida não espera você se recuperar dos furacões, dores e frustrações que ela mesma te causa. Enquanto você está aí, deitada na sua cama a dias, se lamentando com aquele velho urso de pelúcia e chorando, a vida segue e as pessoas também. Entenda que até mesmo aqueles que agora sentem sua falta, um dia vão se acostumar com a sua ausência, pq assim é a vida, a gente se acostuma e se molda de acordo com os acontecimentos.
Saudade nao sobrepõe a vontade de querer perto, nem impõe o desejo das expectativas. Saudade são lembranças boas que ficam para sempre. Saudade é ausência mesmo. Não machuca porque sabemos que são apenas lembranças, não é físico. Saudade é o amor que passou e ficou, é àquele até logo...
O que me aterra nos meus regressos de agora é não ter mais quem espere por mim, ninguém. A casa e os móveis, o ambiente que me faz recordar que algum dia tive alguém que me esperasse com ansiedade, mas "nesse algum dia" não sabia o que era ter alguém. O vazio da minha liberdade total.
Ontem J. veio me visitar. Em conversa reclamou que minha resposta à carta que ele me escreveu fora muito cruel. Fiquei assustada, pois não tive a intenção de magoá-lo, mas disse apenas o que penso sobre a amizade e a sua transformação com a ausência. E estava com razão, tudo ficou confirmado. Onde o amigo de há alguns anos atrás? O que agora tinha na minha frente era um conhecido apenas, que não sabia mais de mim e nem eu dele. Arrastamos a conversa pela noite adentro, o seu reencontro não me deu nenhuma emoção, está morto, ou, estamos mortos um para o outro. Nada fará reviver o que foi antes. Podemos começar uma amizade nova, como se fôssemos estranhos, mas o que passou está acabado, morto.
Você erra, você é falho. Eu errei, fui falha também. Você me culpou, e eu me refiz. Me fiz de novo, tentei mudar. Eu acho que consegui fazer um pouco diferente, tentei ser um pouco melhor. Mas agora, poxa, agora quem desandou foi você. E olhe só, foi me deixando, se fazendo tão ausente... Não culpo a nós. Mas eu te peço, por favor, não me troca assim, não me faz perder a fé no amor outra vez.