Poemas de Ariano Suassuna
Os doidos perderam tudo, menos a razão. Têm uma (razão) particular. Os mentirosos são parecidos com os escritores que, inconformados com a realidade, inventam outras.
Ser poeta é muito bom porque eu não tenho nenhuma obrigação de veracidade. Eu posso mentir à vontade, cientista é que não pode.
Eu não tenho imaginação, eu copio. Tenho simpatia por mentiroso e doido. Como sou do ramo, identifico mentiroso logo.
O ser humano é o mesmo em qualquer lugar, em qualquer tempo, em qualquer que seja a sua condição. Você pode ser rico ou pobre, mas os problemas que afetam verdadeiramente o ser humano são os mesmos.
É preciso mais fé para acreditar de que o homem se originou do macaco do que ter fé para acreditar na história de Adão e Eva.
O autor que se julga um grande escritor, além de antipático é burro, imbecil. Um escritor só pode ser julgado depois da sua morte. Muito tempo depois.
A globalização é o novo nome do imperialismo, e o gosto médio é uma peste, é muito pior do que o mau gosto.
Eu divido a Humanidade em duas metades: de um lado os que gostam de mim e concordam comigo. Do outro, os equivocados.
Não tenho medo (da morte). Só tenho medo de morrer sem terminar um livro que eu esteja escrevendo; e não ter uma morte limpa. Eu quero pelo menos uma morte limpa.
Não me preocupo muito em ter ou não uma posição como artista. Literatura para mim não é mercado. É a minha festa, é onde eu me realizo. Digo sempre: arte é missão, vocação e festa. Não me venham com essa história de mercado.
A novela não tem nada a ver. Que língua é aquela que eles falam? Você está no meio de nordestinos aqui. Já ouviu um de nós falar daquele jeito? Aquilo não é fala, é miado de gato"
Depois que eu vi num hotel em São Paulo um show de rock pela televisão, nunca mais eu critiquei os cantores medíocres brasileiros. Qualquer porcaria como a Banda Calypso ainda é melhor que qualquer banda de rock.
Acho Melville, por exemplo, extraordinário. Agora, Madonna e Michael Jackson são muito burros, limitados, medíocres. É ofensivo dizer que representam a cultura americana.
Eu não conseguiria conviver com a visão amarga, dura, atormentada e sangrenta do mundo. Então, ou existe Deus, ou a vida não tem sentido nenhum. Bastaria a morte para tirar qualquer sentido da existência. (...) Para mim Deus é uma necessidade. (...) Se eu não acreditasse [em Deus], seria um desesperado.