Poemas de Ariano Suassuna

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Matar padre dá um azar danado. Sobretudo para o padre.
(Em: O Auto da Compadecida)

Se os alemães não leram Guimarães Rosa, Euclides da Cunha ou Machado de Assis, quem perde são eles.

Os doidos perderam tudo, menos a razão. Têm uma (razão) particular. Os mentirosos são parecidos com os escritores que, inconformados com a realidade, inventam outras.

Ser poeta é muito bom porque eu não tenho nenhuma obrigação de veracidade. Eu posso mentir à vontade, cientista é que não pode.

Eu não tenho imaginação, eu copio. Tenho simpatia por mentiroso e doido. Como sou do ramo, identifico mentiroso logo.

O ser humano é o mesmo em qualquer lugar, em qualquer tempo, em qualquer que seja a sua condição. Você pode ser rico ou pobre, mas os problemas que afetam verdadeiramente o ser humano são os mesmos.

Ariano Suassuna

Nota: Trecho de entrevista ao Jornal Folha de São Paulo (Ilustrada), publicada em 28 de julho de 2012

É preciso mais fé para acreditar de que o homem se originou do macaco do que ter fé para acreditar na história de Adão e Eva.

O autor que se julga um grande escritor, além de antipático é burro, imbecil. Um escritor só pode ser julgado depois da sua morte. Muito tempo depois.

O homem não nasceu para a morte: o homem nasceu para a vida e para a imortalidade.

A meu ver, enquanto houver um miserável, um homem com fome, o sonho socialista continua.

Toda arte é local antes de ser regional, mas, se prestar, será contemporânea e universal.

A globalização é o novo nome do imperialismo, e o gosto médio é uma peste, é muito pior do que o mau gosto.

Eu divido a Humanidade em duas metades: de um lado os que gostam de mim e concordam comigo. Do outro, os equivocados.

⁠No meu ver o ser humano tem duas saídas para enfrentar o trágico da existência: o sonho e o riso

Não tenho medo (da morte). Só tenho medo de morrer sem terminar um livro que eu esteja escrevendo; e não ter uma morte limpa. Eu quero pelo menos uma morte limpa.

Não me preocupo muito em ter ou não uma posição como artista. Literatura para mim não é mercado. É a minha festa, é onde eu me realizo. Digo sempre: arte é missão, vocação e festa. Não me venham com essa história de mercado.

A novela não tem nada a ver. Que língua é aquela que eles falam? Você está no meio de nordestinos aqui. Já ouviu um de nós falar daquele jeito? Aquilo não é fala, é miado de gato"

Depois que eu vi num hotel em São Paulo um show de rock pela televisão, nunca mais eu critiquei os cantores medíocres brasileiros. Qualquer porcaria como a Banda Calypso ainda é melhor que qualquer banda de rock.

Acho Melville, por exemplo, extraordinário. Agora, Madonna e Michael Jackson são muito burros, limitados, medíocres. É ofensivo dizer que representam a cultura americana.

⁠Eu não conseguiria conviver com a visão amarga, dura, atormentada e sangrenta do mundo. Então, ou existe Deus, ou a vida não tem sentido nenhum. Bastaria a morte para tirar qualquer sentido da existência. (...) Para mim Deus é uma necessidade. (...) Se eu não acreditasse [em Deus], seria um desesperado.

Ariano Suassuna

Nota: Trechos de entrevista realizada com o jornalista Eric Nepomuceno, em 29 de abril de 2014.