Poemas de Amor de Poetas Conhecidos
“Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco”.
(trecho extraído de versos do livro "Nova Reunião", José Olympio Editora - Rio de Janeiro, 1985, pág. 78. Projeto releituras)
NASCER DE NOVO
Nascer: findou o sono das entranhas.
Surge o concreto,
a dor de formas repartidas.
Tão doce era viver
sem alma, no regaço
do cofre maternal, sombrio e cálido.
Agora,
na revelação frontal do dia,
a consciência do limite,
o nervo exposto dos problemas.
Sondamos, inquirimos
sem resposta:
Nada se ajusta, deste lado,
à placidez do outro?
É tudo guerra, dúvida
no exílio?
O incerto e suas lajes
criptográficas?
Viver é torturar-se, consumir-se
à míngua de qualquer razão de vida?
Eis que um segundo nascimento,
não adivinhado, sem anúncio,
resgata o sofrimento do primeiro,
e o tempo se redoura.
Amor, este é o seu nome.
Amor, a descoberta
de sentido no absurdo de existir.
O real veste nova realidade,
a linguagem encontra seu motivo
até mesmo nos lances de silêncio.
A explicação rompe das nuvens, das águas, das mais vagas circunstâncias:
Não sou eu, sou o Outro
que em mim procurava seu destino.
Em outro alguém estou nascendo.
A minha festa,
o meu nascer poreja a cada instante
em cada gesto meu que se reduz
a ser retrato,
espelho,
semelhança
de gesto alheio aberto em rosa.
Fiquei doido, fiquei tonto...
Meus beijos foram sem conto,
Apertei-a contra mim,
Aconcheguei-a em meus braços,
Embriaguei-me de abraços...
Fiquei tonto e foi assim...
Sua boca sabe a flores,
Bonequinha, meus amores,
Minha boneca que tem
Bracinhos para enlaçar-me,
E tantos beijos p'ra dar-me
Quantos eu lhe dou também.
Ah que tontura e que fogo!
Se estou perto dela, é logo
Uma pressa em meu olhar,
Uma música em minha alma,
Perdida de toda a calma,
E eu sem a querer achar.
Dá-me beijos, dá-me tantos
Que, enleado nos teus encantos,
Preso nos abraços teus,
Eu não sinta a própria vida,
Nem minha alma, ave perdida
No azul-amor dos teus céus.
Não descanso, não projecto
Nada certo, sempre inquieto
Quando te não beijo, amor,
Por te beijar, e se beijo
Por não me encher o desejo
Nem o meu beijo melhor.
Onde não puderes amar, ouça àquela canção encher o líquido das misericórdias, restaurandes de corações em céleres.
Po quantas repetições de vezes não podemos nos amar, desde a mistura de minha boa vontade, em querer tratar, somente nosso planetário lar.
A graça é nosso aqui e agora e cada um no seu lugar apreendendo os porquês do amar, essência que nos dá paz pra conjugar e nunca jamais amaldiçoar.
Acalmar o palatar, ouvir o desconhecido, e, não incomodar, amar a falta de melodia das súplicas, pra com sabedoria reger o ajustar.
Sei lá, em tempos de amar é melhor não perder templos em explicar, será que podes falar, certamente será, pra acalmar, as ventanas do igualar.
Que nunca te falte a falta de abraçar, pra não abrasar no nunca mais, e ter por quem amar, quando no aqui te beijar, além do mar.
Dá suavidade de vossas falas que se abrem novas alas pra acertar belas cartas e amar em milhões de halas.
Não sinto pena, minha responsabilidade é amar, alegria é a ordem das águas, caminhando e encantando em ciência da paz, fruto do pão que estabelece tecidos de vindas e vidas.
Nunca desisto, velo por não incomodar, me alegro pelo gosto da riqueza no amar e, sem competição, aprendi o verdadeiro significado do Beabá.
A capacidade de amar e de tornar coisas belas é universo de sabedoria e etiqueta em benefício de todos.