Poemas da Seca do Nordeste
O nordestino é de valor
se levanta a cada baque
vive na seca e na dor
mas não tem um de araque
pode ir por onde for
mesmo para o exterior
que não perde seu sotaque.
NÃO NEGO!
Sou nordestino e não nego
sou cria desse lugar
na seca nunca me entrego
só saio se Deus mandar
e esse orgulho eu carrego
e nesse chão só sossego
quando essa chuva voltar.
CADÊ VOCÊ?
A seca é predominante
não tem uma flor plantada
a escola está distante
e a saúde prejudicada
sai e entra governante
e a pobreza é alarmante
nessa terra abandonada.
Não maltrate o nordestino
que sofre desde menino
sem ter água pra beber...
tem a seca que castiga
tem o oco na barriga
e quase nada pra comer.
Terra forte.
Da terra que me sustenta
da flor da palma a flor de lis
da seca que me arrebenta
da chuva que me faz feliz
da raiz que me alimenta
o meu nordeste representa
a parte forte deste país.
A seca de sempre.
Diz ser contra o sofrimento
dos seres irracionais
mas não faz um movimento
no centro das capitais
e a seca do nordeste
continua feito a peste
maltratando os animais.
Retirantes.
A esperança é o suporte
do sertanejo peregrino
onde à seca, não há sorte
que sustente o nordestino
sem temer o vão da morte
leva a vida a própria sorte
pelas vias do destino.
Retirantes da seca.
Não deve ser nada fácil
O homem chegar pra mulher
E falar arrume as coisas
Tudo que a gente tiver
Pois precisamos partir
Não dá pra ficar aqui
Seja lá o que Deus quiser.
E a pobre mulher chorando
sem saber pra onde vai
Ela não quer ir embora
Mas a chuva que não cai
E o sol tão causticante
Obriga-os a ser retirantes
Com dor no coração sai
É triste pra uma família
Ter que deixar o lugar
Onde está suas raízes
Onde formou o seu lar
Sem ter uma solução
Rasgando seu coração
Sem saber se vai voltar.
As vezes.
É assim a nossa vida
como viver numa balança
um dia a seca é contida
no outro a danada avança
as vezes temos comida
por outras só esperança.
Por necessidade.
Foi por necessidade
jamais por opção
a seca por crueldade
mudou a minha direção
me tangendo pra cidade
me expulsando do sertão.
Saudade.
A seca é quem mais devora
a planta que tu me deste
sem a água que se evapora
o nordestino não investe
deixa a terra onde mora
fica triste, sofre e chora
com saudade do nordeste.
Fico!
Eu não quero ir embora
a seca quer me expulsar
não tem vida que vigora
sem ter nada pra plantar
desse jeito a terra chora
e eu procuro uma escora
onde possa me sustentar.
Seca e honra.
A seca traz sofrimento
a chuva nem piedade
o verde se foi no vento
o gado deixou saudade
da vida sobra o lamento
de onde falta alimento
mas sobra dignidade.
Permissão!
Não me canso de esperar
a chuva que tanto chamo
na terra seca de rachar
quase não se vê um ramo
Deus permita ela chegar
que eu não precise deixar
o nordeste que tanto amo.
Ardor.
O sertanejo lamenta
por este chão sofredor
que a seca traz violenta
derrete o pasto em calor
sem ter o grão que alimenta
nenhuma terra sustenta
um talo ardendo de dor.
Abandono.
Já não suporto essa briga
e apareça quem conteste
enquanto a seca castiga
por aqui ninguém investe
não se vê uma mão amiga
e o governo pouco liga
pra quem vive no nordeste.
Tinta verde.
Que a seca faminta
não tire o que veste
do couro e da sinta
do pouco que reste
antes que seja extinta
o verde da tinta
que pinta o nordeste.
Alegria.
Que a seca não estrague
o plantio do meu terreiro
que a luz não se apague
nem no último candeeiro
porque não há o que pague
um sorriso verdadeiro.
Lastro da seca.
Quando a seca ameaça
estragar minha plantação
deixa o gado na carcaça
e o rachado lastra o chão
não é coisa que se faça
rogo a Deus por sua graça
que proteja o meu sertão.
Ida!
A seca fere e maltrata
a vida do sertanejo
em cada rosto que vejo
existe um nó que desata
mas pouco a pouco se mata
a semente pura da flor
na transição do destino
se foi mais um nordestino
na longa estrada da dor.