Poemas da Névoa
AMOR SEM ECO
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Um gostar dissolvido em névoa e véu;
disfarçado no céu de minha voz;
uma chama escondida que não chama
e me leva pra cama só comigo...
Meu amor se declara pra si mesmo,
minhas mãos te procuram nos meus cantos,
onde os mantos de minha solidão
chocam sonhos que nunca darão crias...
Tenho via de fato sem saída,
servidão que não serve um horizonte,
velha ponte quebrada noutro extremo...
É assim que meu mundo anseia o teu;
céu de ateu que não crê, só por despeito;
eu te odeio de amor ignorado.
DESISTÊNCIA
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Se não podes me ver sem essa névoa,
essa trave nos olhos constrangidos,
um olhar de gemidos camuflados
pelos traços de alguma simpatia...
E não tens o que possas apostar
na lisura e no tom do meu carinho,
neste ninho de sonhos e levezas
que te oferto em silêncio e contrição...
Só me resta calar o sentimento,
recolher o sentido que não faz,
onde o vento gastou a confiança...
Tentarei não sentir a nostalgia,
cada dia do tempo que me resta
será tempo de achar quem faça jus...
ALTERAÇÃO (soneto)
Como se a sorte, tirar-me, assim quer
Como a névoa no cerrado embaça o ipê
Você, assim na sina tornou-se por quê?
E o destino passou outra trova escrever
Como se as promessas não mais a mercê
Não mais se lê na vã inspiração a sofrer
Você, agora figura numa dor para valer
E os sonhos se fazem de simples clichê
Um céu tão cinza matizou-se lá fora
Sem arco íris e um ar tão tenebroso
Na alma, é sofrência que sinto agora
Como se pudesse não ser malditoso
Nesta poesia, em que o verso chora
O que um dia no cantar foi mavioso...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
03 de março de 2020 – Cerrado goiano
NUMA TARDE DE INVERNO NO ARAGUARI
Inverno. Em frente ao cerrado. Está frio
A nevoa espessa na calçada, miro absorto
Pela janela. Rodopia o vento, num assobio
Vai e vem, arrepio, tá frio, um desconforto
O silêncio aqui dentro, lá fora um vazio
Sinto calafrio, que frio, à tarde no orto
E o pensamento em um devaneio vadio
E o sentimento angustiado num aborto
Ai que frio! Tá frio! E a poesia por aí
Numa tarde de inverno em Araguari
E a noite mansa chega assim tão triste
E eu olho o céu deserto, avermelhado
É de frio! O inverno é todo o cerrado
Banhado deste frio, tá frio! Que insiste!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
21/06/2020, 16’12” - Araguari
Olavobilaquiando
Fotossíntese
Assim que a vida floresce, dissipa-se a névoa,
Sentimento de raiz, movimento de folha.
Aprofunda-se na terra, água e sais. Embriaga-se e se perde em si.
No tocar dos raios, folha e fruto,
A luz que amadurece o verde,
Alimenta a distância. Clorofila.
As folhas umedecem as margens.
Deixe-as,
Em silêncio, crescendo.
A luz não carrega limites. Transcende e vira sentido. Sacralidade.
Para a savana de herbívoros pastando,
Alimento. Para um rio sem correnteza, Continuidade.
Serve de abrigo nas copas,
Sombra em seus meios.
Em feixes e cores, no desabrigo de Imagens encontra-se o manto verde.
Vivendo se descobre as oportunidades, as ilusões, os amores, as desilusões, as paixões e a falsidade. Se descobre muito mais, se deixarmos todos os sentidos atentos, pois há na vida muita riqueza a ser descoberta que pode "enterrar" as adversidades.
Seja exigente com a sua aparência, muito mais do que você é com a qualidade do que você realiza ou adquire. A primeira coisa que vão comprar de você é a sua aparência.
Viver é...
Focar no presente tendo o passado como referência para evitar os percalços e os desagrados, repetir as boas oportunidades e os sucessos com uma pitadinha a mais de alegria. Planejar o futuro de curto e de longo prazo de forma consistente e segura para evitar frustração.
Aquele que pensa antes de falar, tem a capacidade de calcular o impacto que suas palavras irão produzir.
Mesmo que nos esforcemos na defesa de nossa opinião, se nossos ouvintes se recusarem a entender o que dizemos, devemos aceitar e respeitar essa decisão.
O nome disso é tolerância.
É muito melhor ficar calado ante uma fervorosa discussão, principalmente quando o assunto for polêmico e os interlocutores contrários às nossas convicções. Normalmente o tempo demonstra quem tem razão.
Enquanto os pessimistas ficam atolados no "Ah, mais...", os otimistas disparam no "E por que não?".
A vida nos faz forte, mesmo que queiramos ou não.
E mesmo sem que saibamos, felizmente, nos torna sábios.
Nosso corpo é nutrido com nossos impulsos de confiança e de amor; mas também é envenenado com a desconfiança e o ódio.
Devemos exercitar, constantemente, nossa paciência e tolerância. Essas duas qualidades são fundamentais para que possamos tomar as nossas decisões com mais cautela e assertividade.
Devemos sempre nos posicionar ante qualquer situação sem, no entanto, jamais perder nossa humildade pois, um simples gesto que possa demonstrar alguma arrogância, destruirá, completamente, todas as nossas qualidades ante nossos interlocutores.
Podemos nos alegrar quando alguém notar o que fizemos de bom, ou mesmo quando apenas nós contemplemos isso. Afinal, o sol faz um enorme esforço para nos apresentar um espetáculo ao nascer, e mesmo assim, muitos continuam dormindo ou sequer apreciam sua beleza. Como já dizia Charles Chaplin “a vida pode ser comparada a uma peça de teatro isenta de ensaios. Por isso, devemos cantar, rir, dançar, chorar e viver intensamente cada momento de nossa vida, antes que a cortina se feche e a peça termine sem nenhum aplauso”.