Poemas da Névoa
A SOLIDÃO
A solidão é tão silenciosa
Que nem as tempestades moverão
A névoa que amedronta vossos corações.
Vossos dias de silêncios ficarão emudecidos
Por medo de perder a identidade
Que vós pensais em obter.
No silêncio da noite perguntei:
- Quem sois vós diante da escuridão que deixastes?
- Que medo é este que pensa em se apossar dessas almas frágeis prometendo cuidar e aconchegar em seu colo?
Ele respondeu:
- Sou o silêncio que tanto vos procurais para acalentar vossas almas amarguradas...
A sabedoria vaga querendo adentrar. Abra suas portas e peça lhes que entre e mostre a verdade...
Hoje na nevoa meu amor padece
Vai num lago sombrio navegando em prece
Num breve assobio sinto você
Mas olho e nada posso ver.
FASCINA-ME
Fascinam-me as imperfeições de teu corpo,
A nevoa de teus cabelos
A profundidade de teus olhos
A perfeição de tuas mãos
A suavidade de teus dedos
Fascina-me-me o ardor de teus beijos
A tocar-me os seios com a delicia
De teu hálito
Fascina-me sentir teu corpo junto ao meu,
Tornando-nos um só,
Fascina-me-me ter teus dedos em meus lábios,
Ao provar-me o desejo
Fascina-me apertar-me com teus braços
E o entrelaçar de teus quadris
Fascina-me ver o reflexo de minha vorácia
Através de teus gemidos...
Contudo, Fascina-me ouvir teus sussurros ao meu
Ouvido, enquanto me fazes apenas tua.
Num momento sublime, onde não há
Duvidas apenas o espetáculo
De te- lo meu.
(Marta Freitas)
Quem sou?
Não sei se sou uma sombra, ou um ser perturbado por uma névoa esquizofrênica.
Não sei o que sou... ou o que me tornei... me sinto como uma dor fantasma... como uma veia, só que sem sangue.
Isto tudo iludi minha mórbida e suposta existência, ainda não sei, talvez eu esteja infinitamente perdido... como uma voz conversando com uma caverna... talvez eu seja o eco de uma vida passada... Tudo é tão embaraçoso... ou estou realmente no limbo?
No fundo sei que estou preso... mas onde?
Para onde fui? (no inferno, você imagina)
Numa poça, eu posso ver olhares fúnebres e distorcidos
Olhos sem brilhos, como uma mortalha sobre o olhar de um cego.
Sinto que não importa onde quer que eu vá, minha mente não dar vida além dessas muralhas sombrias e transparentes.
A paisagem mórbida e fúnebre me assombra.
Para onde foi enviada minha sombra profana?
Presa nessa floresta infestada de vultos com olhares melancólicos?!
Caminho, e caminho e nada muda, apenas a profunda escuridão em meu interior:
- Quem sou? Para onde fui arrastado? Qual será meu castigo?
Talvez isso seja um pesadelo, ou apenas a mente de um esquizofrênico.
Olhar distante...
Quisera eu poder dissipar
Essa névoa que envolve tua alma
Que eterniza a efemeridade do tempo
Nas horas de solidão entre ti e o mar
Sei bem, nada posso ou espero
Se o temor me faz companhia
Se as ondas se quebram em silêncio
Se me vejo teu inverso, em agonia
Então,
O que mais tenho a dizer-te?
Vai! Arranca de mim a última lágrima
E deixa-me ir, contigo...
Aceitar-se é de vital importância para ter paz interior.
A névoa mental que te atormenta é você quem a colocou lá.
Abra a janela da alma e deixe o sol entrar!
Há momentos em que a alma almeja o refúgio do silêncio, onde as interrogações se esvaem como névoa ao romper da aurora, e as respostas moldadas pela mente perecem em sua efêmera fragilidade. O ato de viver, por um ínfimo e plácido instante, encontra repouso. É nesse delicado interlúdio que concedemos ao coração, com sua sabedoria atávica, o privilégio de sussurrar o que sempre soube, mas que os ruídos do mundo abafavam. E ele sussurra, com a leveza de uma brisa acariciando as copas das árvores, revelando mistérios que só o silêncio é capaz de desvelar.
É na quietude do cosmos que captamos a voz de Deus, sutil como um eco longínquo, porém tão inabalável quanto uma montanha. Mesmo quando o intransponível se ergue à nossa frente, e os olhares ao redor nos envolvem em incredulidade, é Ele quem nos sopra ao ouvido: vai, avança, e concretiza. Pois, quando até o último vestígio de fé em nós mesmos se rompe, Deus permanece crente, sustentando-nos com a esperança que já não conseguimos vislumbrar.
Lua Serena
Já era quase dia
E a lua
Ainda brincava com
A rendada névoa alva
Que pouco a pouco
Dissolvia-se
Nas cores ígneas
Da manhã
A angústia se instala no peito,
Um peso que sufoca, que aperta,
Uma névoa densa que cobre o horizonte
E a alma se perde na solidão.
A depressão, vil companheira,
Sombria e implacável em sua dança,
Cinzas que se acumulam no coração
E diluem as cores da realidade.
Mas em meio à escuridão que domina,
Há uma chama tímida, uma centelha,
A esperança que persiste, que insiste,
Guiando para a luz no fim do túnel.
A NÉVOA
Às vezes libertam-me da camisa de força
E eu esqueço a forca,
Esqueço a corda pendurada,
Escrevo as emoções
Que certamente não são só minhas ...
Rufino comeu a empregada...
Rufino comeu a empregada...
Rufino comeu a empregada...
Então chegam os azuizinhos com a injeção,
Chamam de sossega leão...
Rufino comeu... Rufino comeu... Rufino comeu...
Vem a névoa, uma sonolência...
Deus ostenta um estetoscópio
Todos lhe obedecem,
Não vejo Santíssima Maria...
Pela manhã a algazarra,
Alguém “caiu”da escada,
Alguém não acordará nunca mais...
Meu caderno ainda está sob o colchão,
Meu coração está em transição...
Tenho uma certa taquicardia ,
Mas sem a camisa eu escrevo...
Sempre soube que era um pouco louco,
Mas, filósofos dizem que o louco
Sabe de tudo, só não sabe disso.
Às vezes temo nunca mais acordar...
Às vezes temo Rufino...
Rufino comeu a empregada...
Rufino comeu a empregada...
Não suportava mais sopas de legumes.
O silêncio voa enamorado
Uma fria névoa amanhece num beijo molhado
Um laço lascivo com cheiro a pecado !
Perdida na névoa de um dia triste...
Me encontro assim,só e distante da luz.
Dias cinzas me esperam para me embalar numa sinfonia triste..
A felicidade?
Não mais existe!
Teu ser é névoa da manhã amor
tem jeito de delicada rosa de tão bela
tem uma voz encantadora
e o encanto dos teus olhos
É fresca brisa matinal
a refrigerar meu coração e enche os meus olhos com a tua beleza
É colírio para meus olhos,
mas que pacifica o olhar penetrante
Não é simples prazer de te ver
pois que habita na virtude do teus corpo
Teu dizer não tem o peso das palavras,
pois teu silêncio tudo já diz.
Não seduz,
pois teu ser já é encanto.
Não é busca, mas sempre pouso,
tudo em ti é paz e descanso.
É remédio contra a exaustão,
é esperança a vencer a descrença,
é fé a vencer a desilusão,
é sorriso que espanta a tristeza.
Não é tempero, mas sim substância.
Não é adjetivo, mas pura essência.
É calor do afeto, suavidade do amor
é convite a mim, que sou calmo
Para te entender.
É promessa em forma de mulher.
Tão carinhosa e bela
É diferente de mim, com uma suavidade
É distante em aparência de tão exuberante é a tua beleza
e tão próxima de meu coração.
Então, eu, que fico admirado com a sua beleza
brinco de desvendar os mistérios do teu corpo
E tu, que és segredo,
com a chave de teu olhar abre a porta do meu coração.
Autor Rogério pereira dos santos
Como a névoa que devassa a intimidade da floresta, quero devassar teu corpo e tua alma. Quero poder te amar em todos os momentos da vida, mesmo que esteja quase sempre ausente do teu regaço.
Me sinto, sim, ah como me sinto, um aventureiro do século XVII, que buscava riquezas na imensidão das montanhas de Minas.
Terminou minha busca, sim terminou. Não pelo cansaço ou desesperança, mas por haver finalmente encontrado o tesouro perseguido por tanto tempo. Os beijos, o carinho e o aconchego, serão sempre a riqueza depositada no fundo da bateia da minha existência. Sempre.
Névoa
Autor: LCF
1
Na obscuridade,
Da tua história,
O nosso mundo é como uma pena.
"Sensível",
"Frágil",
Cada gesto é único.
Na luz,
Cegamente,
Todo o mundo persegue os seus sonhos.
As conversas,
Os dilemas,
Cada questão é diferente.
Olhando cores,
Em outro mundo,
Percebendo que aqui não existem.
Respondendo sim,
Pensando não,
A vida é tão controversa.
Ignorância,
Indiferença,
O coração é controlado sem certezas.
Daqui debaixo,
Sob a pressão,
Não conseguimos ver o caminho a tomar.
Mas lá em cima,
O desejo,
É algo bem real.
Alcançar o céu,
Ser feliz,
Difícil é fazê-lo.
No primeiro momento,
No último momento,
Uma névoa controlá-nos-á sempre.
Nevoeiro
O dia adentrou na noite sem alternância
Sem Sol, nem lua,
névoa densa encobrindo as lembranças.
Cinzento pálido dia,
uma saudade indefinida
tecendo horas frias.
.
Sem portada, alma vazia.
Rasgando os versos
a procura de um ninho
para abrigar os sonhos...
Puro Desejo
Nesta hipnose do sono
Em meio a névoa delirante
vejo e pressinto alguém em minha direção ;
fêmea, cabelos sedosos,
pele doce e macia (que já me arrepia).
-Não me toque. ela diz.
Contrariando o seu corpo que me chama
dizendo: - Me explore ...
Diante deste delírio me inclino;
insinuante me entrego ao seu desejo.
Já desnuda, percorro minuciosamente
a cada detalhe de suas curvas.
Sussurros contínuos mutuamente
nos enlouquecem em movimentos frenéticos.
A respiração me denuncia
e numa sincronia perfeita...me encaixo.
E neste frenesi me deleito com sua seiva,
saboreando cada gota.
E no ápice do meu prazer preencho
com a minha satisfação transbordando seu cálice.
Saciados nos acomodamos entrelaçados nos corpos
suados e extasiados.
Acordo e ainda inebriado com a lembrança da sua
quase presença; fico na expectativa de reve-la
na realidade desta vida.
Manto Negro
E me vesti com um manto negro, sombrio e solitário
como a nevoa que cobre um lindo pasto verde oliva.
vou pelo caminho
designado pelo Pai
sob a chuva
sob o sol
sob a névoa
sob as estrelas
sob o luar
sob a tempestade
sob a claridade
sob a noite escura
sob uma chuva de bençãos
sob o olhar doce de Maria
sob as asas do meu anjo
sob a proteção divina
sob o amor e o perdão
sob as mãos de Deus!!!
sol
dia escuro
branca maçã
capús do turco
nevoa do raio, alma
quão ofegante, estrela
espedaçado no chão, gelo
disparado, bombeia, abraço
verde musgo
asfalto
caramujo
poeira... esfumaçado
fujo
fico
fico
fujo
chão sujo
em toda parte
fora da arte
a alma aparte
água corrente
vento valente
na pedra parte
es...carniçado no fogo ardente
homem de fé
senhor sem pé
vive na água
dorme com mágoa
anda e desanda
agua e desagua
ama e desama
aponta a arma