Poemas da Névoa
Olhar distante...
Quisera eu poder dissipar
Essa névoa que envolve tua alma
Que eterniza a efemeridade do tempo
Nas horas de solidão entre ti e o mar
Sei bem, nada posso ou espero
Se o temor me faz companhia
Se as ondas se quebram em silêncio
Se me vejo teu inverso, em agonia
Então,
O que mais tenho a dizer-te?
Vai! Arranca de mim a última lágrima
E deixa-me ir, contigo...
Hoje na nevoa meu amor padece
Vai num lago sombrio navegando em prece
Num breve assobio sinto você
Mas olho e nada posso ver.
Lua Serena
Já era quase dia
E a lua
Ainda brincava com
A rendada névoa alva
Que pouco a pouco
Dissolvia-se
Nas cores ígneas
Da manhã
A SOLIDÃO
A solidão é tão silenciosa
Que nem as tempestades moverão
A névoa que amedronta vossos corações.
Vossos dias de silêncios ficarão emudecidos
Por medo de perder a identidade
Que vós pensais em obter.
No silêncio da noite perguntei:
- Quem sois vós diante da escuridão que deixastes?
- Que medo é este que pensa em se apossar dessas almas frágeis prometendo cuidar e aconchegar em seu colo?
Ele respondeu:
- Sou o silêncio que tanto vos procurais para acalentar vossas almas amarguradas...
A sabedoria vaga querendo adentrar. Abra suas portas e peça lhes que entre e mostre a verdade...
FASCINA-ME
Fascinam-me as imperfeições de teu corpo,
A nevoa de teus cabelos
A profundidade de teus olhos
A perfeição de tuas mãos
A suavidade de teus dedos
Fascina-me-me o ardor de teus beijos
A tocar-me os seios com a delicia
De teu hálito
Fascina-me sentir teu corpo junto ao meu,
Tornando-nos um só,
Fascina-me-me ter teus dedos em meus lábios,
Ao provar-me o desejo
Fascina-me apertar-me com teus braços
E o entrelaçar de teus quadris
Fascina-me ver o reflexo de minha vorácia
Através de teus gemidos...
Contudo, Fascina-me ouvir teus sussurros ao meu
Ouvido, enquanto me fazes apenas tua.
Num momento sublime, onde não há
Duvidas apenas o espetáculo
De te- lo meu.
(Marta Freitas)
Há momentos em que a alma almeja o refúgio do silêncio, onde as interrogações se esvaem como névoa ao romper da aurora, e as respostas moldadas pela mente perecem em sua efêmera fragilidade. O ato de viver, por um ínfimo e plácido instante, encontra repouso. É nesse delicado interlúdio que concedemos ao coração, com sua sabedoria atávica, o privilégio de sussurrar o que sempre soube, mas que os ruídos do mundo abafavam. E ele sussurra, com a leveza de uma brisa acariciando as copas das árvores, revelando mistérios que só o silêncio é capaz de desvelar.
É na quietude do cosmos que captamos a voz de Deus, sutil como um eco longínquo, porém tão inabalável quanto uma montanha. Mesmo quando o intransponível se ergue à nossa frente, e os olhares ao redor nos envolvem em incredulidade, é Ele quem nos sopra ao ouvido: vai, avança, e concretiza. Pois, quando até o último vestígio de fé em nós mesmos se rompe, Deus permanece crente, sustentando-nos com a esperança que já não conseguimos vislumbrar.
Quem sou?
Não sei se sou uma sombra, ou um ser perturbado por uma névoa esquizofrênica.
Não sei o que sou... ou o que me tornei... me sinto como uma dor fantasma... como uma veia, só que sem sangue.
Isto tudo iludi minha mórbida e suposta existência, ainda não sei, talvez eu esteja infinitamente perdido... como uma voz conversando com uma caverna... talvez eu seja o eco de uma vida passada... Tudo é tão embaraçoso... ou estou realmente no limbo?
No fundo sei que estou preso... mas onde?
Para onde fui? (no inferno, você imagina)
Numa poça, eu posso ver olhares fúnebres e distorcidos
Olhos sem brilhos, como uma mortalha sobre o olhar de um cego.
Sinto que não importa onde quer que eu vá, minha mente não dar vida além dessas muralhas sombrias e transparentes.
A paisagem mórbida e fúnebre me assombra.
Para onde foi enviada minha sombra profana?
Presa nessa floresta infestada de vultos com olhares melancólicos?!
Caminho, e caminho e nada muda, apenas a profunda escuridão em meu interior:
- Quem sou? Para onde fui arrastado? Qual será meu castigo?
Talvez isso seja um pesadelo, ou apenas a mente de um esquizofrênico.
Aceitar-se é de vital importância para ter paz interior.
A névoa mental que te atormenta é você quem a colocou lá.
Abra a janela da alma e deixe o sol entrar!
A angústia se instala no peito,
Um peso que sufoca, que aperta,
Uma névoa densa que cobre o horizonte
E a alma se perde na solidão.
A depressão, vil companheira,
Sombria e implacável em sua dança,
Cinzas que se acumulam no coração
E diluem as cores da realidade.
Mas em meio à escuridão que domina,
Há uma chama tímida, uma centelha,
A esperança que persiste, que insiste,
Guiando para a luz no fim do túnel.
Outono
A névoa paira sobre os morros
O verde se funde ao cinza, nuanças
gradativas, nada linear...
As mãos e a boca quente
contrastam com o rosto que padece com a brisa gélida...
O coração se aquece com as lembranças dos beijos cálidos dela...
Na mão, meia taça do seu merlot favorito,
Nos pensamentos, o predomínio daqueles olhos castanhos, doces...
Pela janela observa os plátanos com suas folhas já amareladas, outras secas avermelhas se desprendem e caem lentamente, dançam num zigue-zague suave até o chão molhado...
O ritual é uma despedida, o último espetáculo, o agradecimento pela companhia...
Entre um gole e outro de vinho, o consolo, após o inverno rigoroso virá a primavera, e tudo voltará a florir...
Estive em meio da névoa e escuridão
Demorei perceber que estava tudo tão claro
Perdido nos meus pensamentos
Eu precisei me recuperar.
Puro Desejo
Nesta hipnose do sono
Em meio a névoa delirante
vejo e pressinto alguém em minha direção ;
fêmea, cabelos sedosos,
pele doce e macia (que já me arrepia).
-Não me toque. ela diz.
Contrariando o seu corpo que me chama
dizendo: - Me explore ...
Diante deste delírio me inclino;
insinuante me entrego ao seu desejo.
Já desnuda, percorro minuciosamente
a cada detalhe de suas curvas.
Sussurros contínuos mutuamente
nos enlouquecem em movimentos frenéticos.
A respiração me denuncia
e numa sincronia perfeita...me encaixo.
E neste frenesi me deleito com sua seiva,
saboreando cada gota.
E no ápice do meu prazer preencho
com a minha satisfação transbordando seu cálice.
Saciados nos acomodamos entrelaçados nos corpos
suados e extasiados.
Acordo e ainda inebriado com a lembrança da sua
quase presença; fico na expectativa de reve-la
na realidade desta vida.
sol
dia escuro
branca maçã
capús do turco
nevoa do raio, alma
quão ofegante, estrela
espedaçado no chão, gelo
disparado, bombeia, abraço
verde musgo
asfalto
caramujo
poeira... esfumaçado
fujo
fico
fico
fujo
chão sujo
em toda parte
fora da arte
a alma aparte
água corrente
vento valente
na pedra parte
es...carniçado no fogo ardente
homem de fé
senhor sem pé
vive na água
dorme com mágoa
anda e desanda
agua e desagua
ama e desama
aponta a arma
Manto Negro
E me vesti com um manto negro, sombrio e solitário
como a nevoa que cobre um lindo pasto verde oliva.
vou pelo caminho
designado pelo Pai
sob a chuva
sob o sol
sob a névoa
sob as estrelas
sob o luar
sob a tempestade
sob a claridade
sob a noite escura
sob uma chuva de bençãos
sob o olhar doce de Maria
sob as asas do meu anjo
sob a proteção divina
sob o amor e o perdão
sob as mãos de Deus!!!
A MELHOR BORRACHA
Desfaço as tuas transgressões como a névoa e os teus pecados, como a nuvem...
—Isaías 44:22
O que é a memória? O que é esta faculdade que nos capacita recordar antigos sentimentos, cenas, sons e experiências? Como os acontecimentos são gravados, arquivados e preservados em nosso cérebro para serem trazidos de volta repetidas vezes? Ainda há muito mistério.
O que verdadeiramente sabemos é que recordações podem ser bênçãos — cheias de conforto, segurança e alegria. A velhice pode ser feliz e prazerosa se guardarmos recordações de pureza, fé, comunhão e amor. Se um santo olha para trás para uma vida de serviço cristão e lembra da fidelidade daquele que prometeu: “De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei” (Hebreus 13:5), os anos tardios podem ser os mais doces da vida desta pessoa.
Mas as recordações podem ser também uma maldição e um tormento. Muitas pessoas à medida que se aproximam do fim da vida dariam tudo o que possuem para apagarem de suas mentes os pecados passados que ainda os torturam. O que alguém perseguido por tais lembranças pode fazer? Apenas uma coisa. Pode levá-las àquele que é capaz de perdoar e apagá-las para sempre. Ele é aquele que declarou: “Também de nenhum modo me lembrarei dos seus pecados e das suas iniquidades, para sempre” (Hebreus 10:17).
Pode ser que você não consiga esquecer seu passado. Mas o Senhor se oferece para desfazer “…tuas transgressões como a névoa…” (Isaías 44:22). —MRD
A melhor borracha
é uma confissão sincera a Deus. M.R. DeHaan
Quando
Quando eu me desfizer
nestas letras virtuais
encoberta de névoa e pó
nada restará!
Faça-me um favor...
Diga ao mundo
que cada silaba escrita,
emana grito moribundo,
traz consigo sentença expressa
(absolvição e condenação).
Cada palavra descrita...
É proscrita.
É maldita.
Se não versa
fica aflita.
'EU, TRILHO'
Percorremos trilhos sob a suave névoa de pedra, que depreda a face. Sob as engrenagens da vida, sem placas, sem direção, corroem a espinha, deixam entulhos... .
Percorremos sorrisos que não despertam universos, afugentam a alma, sem manancial p'ra saciar o frenético, vagão sem freios, sem sobreavisos, distorcendo o espelho...
Quiséramos a paz plantada por crianças, dócil e verídica, permanecendo sem perguntas/respostas, sem transgressão e fé, sem paz e ruído, sem sol e escuridão, sem o profano e o divino...
Quem sabe assim, suavizaremos o bocejar, veremos luzes no embaçado túnel, direção célebre, sorrisos puros, abraços verdadeiros.
Os pensamentos me invadem,
como a nevoa sobre o lago de águas límpidas, ao amanhecer,
Tens cheiro de rosa,
brilho de pedras preciosas.
nunca vi tanta riqueza!
Diante de tanta beleza só tenho à me curvar em revência !
dou a ti o credito de tal proeza,
por meus pensamentos comandar .
Névoas e dores
A névoa que vincula-me ao meu passado
Veste os olhos de minha poesia.
Sem deixar que se rompa o velcro
Impedindo-me de banhar-me em palavras.
E amante da dor que nunca passou
Fisga meus alicerces, incomodando-me
Aprisionando as vozes de minha infância
Retardando o meu acontecer.
Névoas e dores tapam os olhos
Da minha força de vontade
Ilhando-as do lado de fora de mim.
É nascido comigo
O poder infindo de um suspiro
Capaz de me desanoitecer.
Enide Santos 24/01/16