Poemas curtos de Mário Quintana
Sempre
Jamais se saberá com que meticuloso cuidado
Veio o Todo e apagou o vestígio de Tudo
E
Quando nem mais suspiros havia
Ele surgiu de um salto
Vendendo súbitos espanadores de todas as cores!
Como perdoar aos inimigos
Perdoas... és cristão... bem o compreendo...
E é mais cômodo, em suma.
Não desculpes, porém, coisa nenhuma,
Que eles bem sabem o que estão fazendo...
Tu és a matéria plástica de meus versos, querida...
Porque, afinal,
Eu nunca fiz meus versos propriamente a ti:
Eu sempre fiz versos de ti!
O viajante
Eu, sempre que parti, fiquei nas gares
Olhando, triste, para mim...
Há 2 espécies de chatos: os chatos propriamente ditos e os amigos, que são os nossos chatos prediletos.
A preguiça é a mãe do progresso. Se o homem não tivesse preguiça de caminhar, não teria inventado a roda.
A resposta certa, não importa nada: o essencial é que as perguntas estejam certas.
A arte de viver é simplesmente a arte de conviver... simplesmente, disse eu? Mas como é difícil!
Há noites que eu não posso dormir de remorso por tudo o que eu deixei de cometer.
Quando alguém pergunta a um autor o que este quis dizer, é porque um dos dois é burro.
Um bom poema é aquele que nos dá a impressão de que está lendo a gente... e não a gente a ele!
E um dia os homens descobrirão que esses discos voadores estavam apenas estudando a vida dos insetos...
Dizes que a beleza não é nada? Imagina um hipopótamo com alma de anjo... Sim, ele poderá convencer alguém da sua angelitude – mas que trabalheira!
Sempre me senti isolado nessas reuniões sociais: o excesso de gente impede de ver as pessoas...
Esses que puxam conversa sobre se chove ou não chove - não poderão ir para o Céu! Lá faz sempre bom tempo...
Democracia? É dar, a todos, o mesmo ponto de partida. Quanto ao ponto de chegada, isso depende de cada um.
O que me impressiona, à vista de um macaco, não é que ele tenha sido nosso passado: é este pressentimento de que ele venha a ser nosso futuro.
Não me ajeito com os padres, os críticos e os canudinhos de refresco: não há nada que substitua o sabor da comunicação direta.