Poemas Bonitos

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O leitor que mais admiro é aquele que não chegou até a presente linha. Neste momento já interrompeu a leitura e está continuando a viagem por conta própria.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.

Mau Humor
Os que metem uma bala na cabeça retiram-se deste mundo batendo com a porta.

Hoje me acordei pensando em uma pedra numa rua de Calcutá. Numa determinada pedra numa rua de Calcutá. Solta. Sozinha. Quem repara nela? Só eu, que nunca fui lá. Só eu, deste lado do mundo, te mando agora esse pensamento... Minha pedra de Calcutá!

[A Carta]
Quando completei quinze anos, meu compenetrado padrinho me escreveu uma carta muito, muito séria: tinha até ponto-e-vírgula! Nunca fiquei tão impressionado na minha vida.

[Leitura]
Se é proibido escrever nos monumentos, também deveria haver uma lei que proibisse escrever sobre Shakespeare e Camões.

Só as crianças e os velhos conhecem a volúpia de viver dia-a-dia, hora a hora, e suas esperas e desejos nunca se estendem além de cinco minutos...

Ah! Essas Precauções...
Para desespero de seus parentes, o velho rei Mitridates, como todo mundo sabe, conseguiu tornar-se imune a todos os venenos... até que um bom tijolaço na cabeça liquidou o assunto.

URBANÍSTICA
Como seriam belas as estátuas equestres se constassem apenas dos cavalos!

No momento em que nos comprometemos, a providência divina também se põe em movimento. Todo um fluir de acontecimentos surge ao nosso favor. Como resultado da atitude, seguem todas as formas imprevistas de coincidências, encontros e ajuda, que nenhum ser humano jamais poderia ter sonhado encontrar.

"Qualquer coisa que você possa fazer ou sonhar, você pode começar.
A coragem contém em si mesma, o poder, o gênio e a magia."
(John Anster)

FAUSTO
Que sou eu, se não posso alcançar, afinal,
A coroa com louros da nossa humanidade,
A que todos almejam com tanta ansiedade?

MEFISTÓFELES
Não és mais, meu senhor, do que és: um mortal!
Perucas podes ter, com louros aos milhões.
Alçar-te com teus pés nos mais altos tacões,
Serás sempre o que és: um pobre ser mortal!

Oh! não tremas! que este olhar, este
abraço te digam o que é inefável -
abandonar-se sem receio, inebriar-se de
uma voluptuosidade que deve ser eterna.
(Fausto)

Tu eras também uma pequena folha
que tremia no meu peito.
O vento da vida pôs-te ali.
A princípio não te vi: não soube
que ias comigo,
até que as tuas raízes
atravessaram o meu peito,
se uniram aos fios do meu sangue,
falaram pela minha boca,
floresceram comigo.

Pablo Neruda
Os versos do Capitão

Impaciência

Eu queria dormir
longamente…
(um sono só…)
Para esperar assim
o divino momento que eu pressinto,
em que hás de ser minha…

Mas…
e se essa hora
não devesse chegar nunca?…
Se o tempo,
como as outras cousas todas,
te separa de mim?!…

Então…
ah!, então eu gostaria
que o meu sono,
friíssimo e sem sonhos
(um sono só…)
não tivesse mais fim…

Se eu pudesse correr pelo tempo afora,
vertiginosamente,
futuro adiante,
saltando tantas horas tediosas,
vazias de ti,
e voar assim até o momento de todos os momentos,
em que hás de ser minha!…

Mas…
e se esse minuto faltar
nas areias de todas as ampulhetas?…
E se tudo fosse inútil:
a máquina de Wells,
as botas de sete léguas do Gigante?!…

Então…
ah!, então eu gostaria
de desviver para trás, dia por dia,
para parar só naquele instante,
e ele ficar, eternamente, prisioneiro…
(Tu sabes, aquele instante em que sorrias
e me fizeste chorar…)”

Perder tempo em aprender coisas que não interessam priva-nos de descobrir coisas interessantes.

Se você sabe explicar o que sente, não ama, pois o amor foge de todas as explicações possíveis.

Carlos Drummond de Andrade

Nota: Autoria não confirmada. Possível paráfrase de trecho do livro "O Avesso das Coisas - Aforismos", de Carlos Drummond Andrade.

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Eterno é tudo aquilo que vive uma fração de segundo mas com tamanha intensidade que se petrifica e nenhuma força o resgata.

Carlos Drummond de Andrade
"Fazendeiro do Ar". 1.ª ed. São Paulo: Companhia das Letras. 2012

Sentimos saudade de certos momentos da nossa vida e de certos momentos de pessoas que passaram por ela.

Carlos Drummond de Andrade

Nota: Trecho adaptado do livro "O Avesso das Coisas - Aforismos", de Carlos Drummond Andrade.

Um dia desses, eu separo um tempinho e ponho em dia todos os choros que não tenho tido tempo de chorar.

Carlos Drummond de Andrade

Nota: Autoria não confirmada.

Entre as diversas formas de mendicância, a mais humilhante é a do amor implorado.

Carlos Drummond de Andrade
O avesso das coisas: aforismos. Rio de Janeiro: Record, 1990.

Se o primeiro e o último pensamento do seu dia for essa pessoa, se a vontade de ficar juntos chega a apertar o coração: é o amor!