Poemas Bonitos

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TEMPESTADE

A tempestade chega quando vejo,
A cor de teus olhos castanhos,¹
E no verde de teu vestido um desejo,
Um sonho distante e do mundo tamanho.

Não passo de um estranho,
Em busca de um pouco de atenção,
Já cantaram teus olhos castanhos,
Mas a quem você dará teu coração?

Entre prosas e versos,
Poemas e poesias,
No fim do dia fico reverso,
E nos sonhos e fantasias,

Tento ser espirituoso
Mas veja só a ironia...
Fico a cantarolar Carinhoso
Que descreve bem minha sintonia:

"Meu coração não sei por que
Bate feliz Quando te vê...
E os meus olhos ficam sorrindo
E pelas ruas vão te seguindo...
Mas mesmo assim, foges de mim...

Ah se tu soubesses como eu sou
Tão carinhoso e muito, muito
Que te quero... E como é sincero
Meu amor... Eu sei que tu não
Fugirias... Mais de mim...

Vem... Vem... Vem... Veeeem...
Vem sentir o calor dos lábios
Meus a procura dos teus...
Vem matar essa paixão...
Que me devora o coração...
Só assim então serei feliz
Bem...Feliz..."²

Autor: Agnaldo Borges
14/11/2017 - 17:18
¹Referência à música Tempo perdido - Legião Urbana
²Música: Carinhoso
Autor: Pixinguinha

A bela máscara mudou,
mas como sempre é a única.
De que me servirão meus talismãs:
o exercício das letras, a vaga erudição,
o aprendizado das palavras que usou
o vago norte para cantar seus mares e suas espadas,
a serena amizade, as galerias da biblioteca,
as coisas comuns, os hábitos,
o jovem amor de minha mãe,
a sombra militar de meus mortos,
a noite intemporal, o gosto do sonho?
Estar ou não é a medida do meu tempo.
O cântaro já se quebra sobre a fonte,
já se levanta o homem à voz da ave,
já escureceram os que olham pelas janelas,
mas a sombra não trouxe a paz.
É, eu sei, é o amor:
a ansiedade e o alívio de ouvir tua voz,
espera e a memória, o horror de viver o sucessivo.

Estou exausta dessa falsa moral, desse ser humano sujo que asseia-se na lama tirada de outros corpos.
Esse que sente orgulho em apontar o outro por pensar que está limpo.
Uma moral tão falsa que qualquer um sabe que ele faria o mesmo, pois não esconde sua própria podridão. Mas é orgulho pra si, e todos aplaudem do esgoto.

Eu sou o único homem sobre a Terra e talvez
não haja nem Terra nem homens.
Pode ser um deus me engane.
Pode ser que um deus tenha me condenado ao tempo,
essa longa ilusão.
Eu sonho a lua e sonho meus olhos
que a percebem.
Sonhei a noite e a manhã do primeiro dia.
Sonhei Catargo e as legiões
que devastaram Catargo.
Sonhei Lucano.
Sonhei a colina do Gólgota
e as cruzes de Roma.
Sonhei a geometria,
Sonhei o ponto, a linha, o plano
e o volume.
Sonhei o amarelo, o vermelho e o azul.
Sonhei os mapas-mundi e os reinos
e o luto à aurora.
Sonhei a dor inconcebível.
Sonhei a duvida e a certeza.
Sonhei o dia de ontem.
Mas talvez não tenha tido ontem,
talvez eu não tenha nascido.
Sonho, talvez, que sonhei.

"Mas não falemos de fatos. Já a ninguém importam os fatos. São meros pontos de partida para a invenção e o raciocínio”.

(em 'O livro de Areia' (1975).. [tradução de Morrone Averbuck]. São Paulo: Editora Globo, 1999.)

PROCURA-SE UM AMOR PRA VIDA TODA

Não, não procure. Antes devemos amar.
Um amor deve ser pra cada momento vivido,
Pois a vida toda não tem hora pra acabar,
Por isso, a cada instante deve ser dividido,

Um amor pra vida toda deve ser aquele da cumplicidade,
Da alegria, dos olhares, dos risinhos, algumas vezes sofrido,
Outras vezes alegre como riso de criança, sincero sem maldade,
Um amor de vários momentos e em cada um deles querido.

Esse amor não é se apaixonar por diferentes seres a cada instante,
Mas a cada instante pelo mesmo ser se apaixonar,
Ainda que presente ou ausente, perto ou distante,
Fechar os olhos e lembrar...

Um amor pra vida toda se constrói,
Às vezes tijolo por tijolo, ponto a ponto,
Outras vezes por coisas que na alma dói,

E para que não haja na relação confronto,
É necessário sacrifício, paciência, resistência, resiliência,
Perseverança, esperança, altruísmo e ardor,

Mas acima de tudo muito, mas muito abnegado AMOR.

Autor: Agnaldo Borges
07/01/2016 – 03:52

ESTRELA

Estrela, lua, sol, solidão,
Como está indo meu coração?
Indo na contramão,
Amando sem razão.

Estrela, sol, lua, selenita,
Onde anda a moça bonita?
Pela qual meu coração palpita,
E sofro de saudade infinita.

Sol, lua, estrela fria,
Estrela tão alta que luzia,
Sozinha no fim do dia,
Assim o poeta já dizia.

E assim segue minha sina,
De certa rotina,
E a moça que me fascina,
Será minha glória ou ruína?

Autor: Agnaldo Borges
19/09/2014 - 00:28

INSACIÁVEL

Queria sorver,
Em teus lábios o mel,
Em teus braços o calor,
Em teus olhos o céu,
Em teu coração o amor.

Queria poder,
Teu nome murmurar,
Um te amo sussurrar,
Em teu pescoço sentir,
Teu cheiro, meu elixir.

Queria saber,
Por que o tempo é inexorável,
O coração ingovernável,
A vingança implacável,
E o amor que tenho insaciável.

Autor: Agnaldo Borges
09/10/2014 - 02:45

LIVROS DE INFÂNCIA

Eia em marcha meu Rocinante,
Vamos em busca de sonhos, vamos avante,
Não tenho tempo para bobagens ou inimigos,
Apenas quero viver e cuidar dos amigos,

Daqueles que me cativaram,
Isto o príncipe me ensinou,
Em nossas viagens,
Ou navegando rios com perigos,
Com Huckleberry Finn,
Ou em visitas as princesas de nossos sonhos,
São muitas aventuras e estórias sem fim,
Tempos felizes e risonhos.

Ah! Branca, Cinderela e Rapunzel,
Cachinhos e minha pequena Sereia,
Brincávamos debaixo do sol com nuvens por véu,
Construindo castelos de areia,
Sonhando acordados,
Dormindo felizes e inocentes,
Sem especiais cuidados.

Aventuras mil com Simbad, João e Maria e o Gato de Botas,
Protegidos pelo Soldadinho de chumbo, em todas as rotas,
Abrigados na casa de tijolos e fazendo guerra de travesseiros,
Fomos na meninice grandes felizes e arteiros.¹
As vezes enfrentando vilões,
Como em Ali Babá e os quarenta ladrões
Em outras ficamos no meio,
Da vida do patinho feio,
Ouvimos a resposta do espelho,
Corremos com Chapeuzinho Vermelho,

E o medo do Saci, da Mula e do Caipora,
Do Curupira, da Cuca e outros bichos,
Que enfrentamos em duelos,
Dentro e fora do Sítio do Pica-pau Amarelo,
Ah! Seu Bento,
Por sua causa e de outros,
Tive muito passatempo.

Agora saímos desse cenário,
Pra trás ficam sonhos, feiticeiras e leões
Ficam também armários,
Assim como imaginações.
Ai que saudades eu tenho...²

Ainda hei de te encontrar
Linda, como sempre... uma doce ilusão...
Uma maravilhosa certeza terei
A minha alma será toda coração
Para sempre, feliz sempre serei.

(Do livro "100 Folhas de Amor")

EU E MEU CORAÇÃO

Nos embates travados
Com meu coração,
Sou sempre perdedor.
Ele é tão bobo... Dá dó!...
Ama com paixão.
Eu que me acho esperto,
Torno-me presa fácil
Diante dos sentimentos....
Meu coração parece tão certo
E se entrega, sem consultar-me,
A todo momento.

(Do livro "100 folhas de amor")

Um dia, volveremos ao infinito.
Onde estaremos? E o que seremos?
O nada do infinito não responde,
pois não há ninguém para escutar.

De tudo somos possuídos:
coisas, pessoas e idéias.
Mas só a morte nos possui de vez.

O passado cresce como musgo
nas paredes do presente,
até que não haja paredes
livres para o presente.
Até que não haja presente
e nem existam paredes.

Os livros estão extinguindo
as árvores.
Temos livros de mais
e árvores de menos.

O homem inventou a igualdade.
Na natureza tudo é desigual.
A perfeição é invenção geométrica.
A ordem do mundo é o caos mutante.
A criação é sempre nova:
só acontece uma vez.
Se você aprender a ver
nunca mais dirá que o mundo
é o mesmo o tempo todo.

Da janela do presente
observa-se o presente
com os olhos do passado.

Da janela do presente
observa-sse o futuro
como extensão do passado.

Quando somos o presente,
não há futuro e passado,
porque só há o presente
observando o presente.

O espírito é um sonho
que, um dia, se fez carne
e pensou que era carne,
até voltar a ser sonho.

O tempo vazio.
O espaço vazio.
O coração vazio.

Um oco que não tem fim.

A solidão sem fronteiras.

Um silêncio surdo-mudo
é testemunha do nada.

O futuro é o próximo ato,
o próximo passo,
o próximo fato.
Ele existe enquanto não existe
e morre logo que se torna hoje.