Poemas Bonitos

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Um Poeta Aprendiz Abandonado -

Cada sorriso teu,
cada troca de olhares (em que o meu
se esquivava),
cada som de palavra,
cada nota cantada foi como uma
conquista comemorada,
intimamente,
por meu tosco coração
adolescente (aos
trinta).

Não notares meu desconforto
diante do que não foi dito,
do que não foi
feito?

É que eu tenho a alma assustada,
ferida, despedaçada.

Alma de um poeta aprendiz,
abandonado.
Onde,
diante de tua luz,
enxerga o melhor que a poesia
da vida traz.

Inserida por SilvioFagno

Bem Maior Que Eu -

Estou com muito medo:
não estou conseguindo encarar
a vida com decência.

Tudo me parece bem maior que
eu.

Tudo me consome,
me aprisiona, me
reduz.

É assustador:
não consigo nem
desistir.

Inserida por SilvioFagno

A Realidade (Gente Grande) -

Um dia desses,
eu acordei de um sonho
e era tarde:
era a realidade - eu era gente
grande.

Nunca mais voltei a
sonhar.

Inserida por SilvioFagno

Um Pedaço do Todo -

O entendimento que temos
sobre a vida é só um grão
de areia na praia.

Mas quando entendemos que
um grão de areia é parte
da praia,
começamos a entender um
pouco mais a
vida.

Inserida por SilvioFagno

Feito Bolha de Sabão -

Felicidade,
em geral, é feito bolha de sabão:
acontece num sopro;
é impossível mantê-la; surge de
vários tamanhos e,
normalmente,
dura o tempo de um sorriso.
Aproveite!

Inserida por SilvioFagno

O Fime de Uma Vida -

Ah,
estes dias frios:
junhos, dezembros e afins.

A vida é um filme:
(às vezes um curta, às vezes
um longa),
que passa em nossa frente e
não há muita escolha:
ou você vive este filme ou ele
acaba. (E ele
acaba).

Você é o diretor, roteirista e
ator deste filme.
Aproveite!

Faça um longa,
escolha os melhores atores para
contracenar, os melhores
cenários, os melhores temas,
a melhor trilha sonora e faça deste
filme sua vida.

Um dia,
as luzes se apagarão e o
público estará
em prantos,
chorando o final do filme de
uma vida.

Inserida por SilvioFagno

A Mentira -

A mentira
tem sido a tônica dos relacionamentos
interpessoais, e acredito que seja
algo da natureza humana.
(Um artifício natural da comunicação,
da expressão humana).

A meu ver,
essa prática, ainda que muito de má fama,
seja uma condição humana.
(Nascemos com essa
“capacidade
de fuga").

Agora,
imagina só se não tivéssemos
essa habilidade infame,
onde estaríamos?
Em que situação a humanidade
se encontraria?

Certamente,
a história teria um rumo, totalmente,
imprevisível.

E quem garante que estaríamos
melhor?
Eu não garanto.

Mas,
na dúvida,
fale a verdade ou
cale-se!

Inserida por SilvioFagno

Saldo Negativo -

- O que tu tens,
meu filho?
- 15 contos em mãos,
173 de dívida no
mercado,
167 na farmácia,
71 de saldo negativo
na conta
e um
grande amor vivo
e perdido,
despedacando minh'alma.

Inserida por SilvioFagno

⁠Costas Nuas –

Despertei-me primeiro que ela,
um pouquinho antes do
sol nascer.

O quarto ainda estava um pouco escuro.
Havia, somente, uma pequena réstia vindo
por uma fresta da janela entreaberta,
de cortinas malfechadas que,
poeticamente, alcançava
suas costas nuas.

Fiquei ali,
parado. Bobo.
Observando ela dormir, enquanto
o pequeno raio de luz, delicadamente,
beijava suas costas nuas.

Era o sol nascendo lá fora.
E um sonho acontecendo
cá dentro.

Inserida por SilvioFagno

⁠O Escuro, O Travesseiro e A Solidão -

O nosso "eu verdadeiro",
é aquele da metade
da terceira taça
de vinho.

Inserida por SilvioFagno

⁠Sem Direção –

Enquanto os interesses permanecerem
de esquerda ou de direita,
o Brasil continuará
sem direção.

Inserida por SilvioFagno

⁠Um Elogio –

⁠Tua boca ainda nem
se abriu,
mas os teus olhos já estão
a sorrir.

Inserida por SilvioFagno

⁠Os Espinhos –

⁠Às vezes,
diante de certas pessoas,
precisamos mostrar os espinhos
que, também, temos.
Para que não tentem pisar
na gente.

Inserida por SilvioFagno

⁠⁠Ouça -

Ouça:
não confie em mim!

Não tenho como provar, de
maneira convincente,
indubitável, o que
digo quando
escrevo.

Nem mesmo
isto.

Mas há gente muito
pior, extremamente
perigosa falando
muito, falando
alto,
gritando insistentemente.
Fique atento!

Fique em silêncio quando
não souber o que falar.
É mais seguro.

E mais: ouça,
ouça atentamente
o que o silêncio
esconde.

A sabedoria pode
estar aí.

Inserida por SilvioFagno

⁠Mudei –

Ultimamente,
os meus gritos têm sido feitos
de silêncios.

Protesto em silêncio;
Lamento em silêncio;
Canto, sonho, choro...
em silêncio.

Ultimamente,
tenho dito muito mais
mudo.

Mudei.

Inserida por SilvioFagno

⁠Enquanto Ela Sorri –

— Por que as pessoas são tão cruéis justamente com os melhores
sentimentos?
— Cara,
sinto muito!
Na verdade, ela nunca existiu.

Foi tudo um jogo, uma farsa misturada
ao que o seu sentimento inventou.

Ela é esse vazio amargo rasgando o peito
que você sente agora, enquanto
ela sorri.

Inserida por SilvioFagno

⁠Mais Justo –

O que estamos fazendo
por nós mesmos?

Que sejamos mais justos
com os nossos atos
e sentimentos.

E ser justo, talvez signifique,
muitas vezes, desistir de algumas
coisas e pessoas que
desistiram da
gente:

Um emprego que se tornou maçante;
um belo par de sapatos apertado;
um grande sentimento inútil que
agora só maltrata, só distrói,
só machuca.

E quem sabe esteja aí o começo
para um recomeço mais justo
com nós mesmos, com
o outro — com a vida.

Inserida por SilvioFagno

⁠O Vírus –

Que coisa:
Já estamos, outra vez, na defensiva!

De novo, cancelam–se os
encontros — as conversas de perto,
o toque dos dedos e mãos
e pele.

Cancelam–se as ruas, as casas
e calçadas alheias.
Estamos, agora, outra vez, sozinhos:
sem visitas, com dúvidas — com medo.

O quão insignificantes, frágeis
e vulneráveis somos,
quando somos dominados
por algo, fisicamente
mínino, ínfimo,
invisível?

De onde vem tanta arrogância,
meu Deus?

Inserida por SilvioFagno

⁠⁠Acúmulos -

Talvez seja um dos maiores males
deste século:
Esse sentimento de rejeição
crônica, acumulada e
negada.

Pessoas sentindo-se solitárias
em meio à multidão,
acumulando palavras
não ditas,
desejos não expressados,
choros não chorados.

Pessoas, cada vez mais,
sentindo-se totalmente inúteis,
incapazes,
rejeitadas por tudo, por todos...
pela vida.

Pessoas (normalmente
responsáveis, cuidadosas),
mesmo quando inocentes,
com um estranho sentimento
de culpa.
Ninguém entende nada,
no entanto (dizem), está tudo
normal.
(Não, não está!).

(As relações humanas estão saturando — esgotando-se).

Expectativas criando ansiedade.
Ansiedade criando mais ansiedade, desencadeando pânico — medos, aflições.
Por fim,
uma enorme frustração — angústia.
Um enorme peso — desânimo.

Pessoas, extremamente frustradas,
tendo que submeter-se a trabalhos "pela metade", relacionamentos "pela metade",
vidas "pela metade".
Com isso, sentindo-se ainda
mais reduzidas.
(Sim, isso é muito velho). Mas isso,
como consciência, é destes
tempos — inconscientemente esquisitos.

É um sentimento rejeitado;
Um sonho rejeitado;
Uma vida rejeitada.

Uma geração de "robôs"
que cultuam o desapego, a frieza,
a superficialidade — uma espécie de não amor.
Movida por sentimentos ínfimos, relacionamentos fúteis — facilmente descartáveis — em que alguns (e não são poucos),
hora ou outra, se quebram por, naturalmente, criarem raízes, desabrocharem confiança,
fantasiarem sonhos.

Mas o que está à mostra,
o que vemos:
semblantes felizes, corpos firmes, festas, sorrisos — gente bem vestida, bem amada, bem resolvida — online.

A tela apaga-se e o que
sobra é outra coisa:
Uma realidade fria e sombria,
de gente solitária, ferida, magoada,
que não cabe em Rede Social.

Acúmulos, mais acúmulos,
ainda mais acúmulos
e um estouro.

Tarde demais:
não há mais tempo para
mais nada.

Inserida por SilvioFagno

⁠Como Se Fosse Arte –

E de repente,
dentro de uma eterna espera,
assim,
em um dia calmo e comum
(em que agora não recordo-me
a data), enfim, ela chegou.

E como se fosse arte e pintasse,
em mim, todas as outras
histórias desbotaram.

Inserida por SilvioFagno