Poemas Bonitos

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⁠Sobre o amor, na língua portuguesa sou muito mais o sentimento de Luís de Camões do que o de Fernando Pessoa. O meu "Amor é fogo que arde sem se ver, é ferida que dói, e não se sente; é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer."

Inserida por ricardovbarradas

Pessoa (geminiano)

Muito sutil foi Álvaro de Campos
No Poema em Linha Reta
Peço desculpas ao honrado poeta
Pelo seu canto enigmático e cheio de destreza.
Caro poeta...
Todos os seres levam porradas e são traídos
Dói o bastante, portanto, escusa serem declarados,
Não necessitavam a mim, serem elucidados
Nos seus atos violentos de sensações subjetivas,
Seu prazer, ódio, raiva, rancor, ressentimento, mágoa, revolta, tristeza, angústia, dor, solidão e alegria...
Prezado poeta...
Como poderia conquistá-lo?
Seria afiançando a minha baixeza?
Não poeta...
Não foi por essa causa que esteve por tanto tempo ao meu lado.
A semideusa foi o seu encanto.
Essa geminiana que em cada ombro
Carrega de um lado um deus e no outro
o diabo.
Poeta...
Reconhecer as falácias é por vezes difícil,
O seu sofisma foi o de estar calado.
E qual foi o seu desencanto?
Saber dos meus pecados, escondendo os seus enganos
Sim, pois foi o que procurou
Por não entender o quanto é amado.
Meu digníssimo poeta...
Não foi capaz de escutar e entender a voz humana
A bipolaridade geminiana.
Sim, poeta...
Somos todos, todos
Infâmias, covardias, porcos, submissos, grotescos, arrogantes
Ridículos e, portanto, enxovalhados
Somos príncipes e princesas...
Portanto, poeta
Tornamo-nos literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

Inserida por MariadaPenhaBoina

⁠Eu estava seguro e maduro.
Havia acabado de construir o meu muro.
Me escondi, na sombra, no escuro.
Pois dá muito trabalho limpar o entulho.
Aí você apareceu assim, tão de repente.
E eu, que fazia um esforço para não ver gente.
Fui puxado para fora e fiquei contigo frente a frente.
Senti o teu calor, teu ânimo, sua alegria.
Deu vontade de correr, como de hábito eu fazia.
E você, sem fazer nada, fez eu querer sua companhia.
Eu estou surpreso e não sei o que fazer, pensar ou dizer.
Esse mundo onde as palavras faltam e o fôlego tremula.
É medicação para a alma, que nunca tomei nem li a bula.
E o pior é que eu, antes tão comunicativo, fico tímido quando você aparece.
A expectativa de encontrar amanhã, a cada noite cresce.
Meus lábios querem os seus e a sua alma já te contou.
Nessa linguagem silenciosa que o amor é doutor.
Esse seu silêncio que parece que não quer ou que não me entendeu.
Me deixa apreensivo e lembrando das vezes, que o meu coração já doeu.
O que eu faço agora, me diga como você entrou?
Pois esse coração que antes era valente, flechado por você se acovardou...

Inserida por SergioJunior79

JOSÉ

E agora, José?
A copa acabou,
a luz não pagou,
o juro subiu,
o boleto expirou,
e agora, José?
e agora, você?
Você, que é um número,
só um entre tantos
Você que faz empréstimos,
que compra, ostenta?
e agora, José?

Está sem sindicância,
está sem recurso,
está sujinho,
já não pode efetivar,
já não pode parcelar,
discutir já não pode,
a inflação aumentou,
o reajuste não veio,
o concurso público não veio,
o hexa não veio,
não veio a aposentadoria
e a corrupção dominou,
a justiça aboliu,
dr Enéas morreu,
e agora, José?

E agora, José?
Sua doce jornada,
seu direito de férias,
sua multa de rescisão,
sua Unimed,
sua bolsa de estudo
seu seguro desemprego,
sua gratificação,
seu 13°, - e agora?

Com direito a escolher
quer eleição,
não existe eleição;
quer votar,
mas o golpe forjou;
quer atravessar a fronteira,
O Sem fronteiras não há mais!
José, e agora?

Se você implorasse,
se você concordasse,
se você aumentasse,
a hora extra,
se você negociasse,
se você mendigasse,
se você protestasse...
Mas você não faz greve,
você tem orgulho, José!

Dobrando o turno
Qual um escravo,
sem segurança
sem hora almoço
para descansar,
sem conta poupança
que desafogue,
você tributa, José!
José, para quem?

Ditos e feitos

Coloco
Tiro
Penso
Digo
Ando
Caio

Dou mais do que posso
Para quê?
Faço
Mas não recebo
Digo
Não me ouvem

Não me ouvem
Me escutem
Por favor
Me escutem
Romanos, amigos, compatriotas
Me escutem

Eu não brinco
Eu não finjo
Eu não existo
Mas eu sou
Eu digo, eu tenho opinião
Eu choro, eu morri

Meus olhos derretem
Minha boca salga
Meu rosto é correnteza
Meu nariz não uso

Eu não brinco
Eu não finjo
Eu sou o que faço
Eu sou abandonado

⁠Antes do compromisso há hesitação,
a oportunidade de recuar,
a ineficácia permanente.
Em todo ato de iniciativa
(e de criação),
há uma verdade elementar
cujo desconhecimento destrói
inúmeras ideias e planos esplêndidos:
no momento em que nos comprometemos de fato,
a providência age também.
Ocorre toda espécie de coisas para nos ajudar,
coisas que de outro modo nunca ocorreriam.
Toda uma cadeia de eventos surge da decisão,
fazendo vir em nosso favor todo tipo de encontros,
de incidentes e de apoio material imprevistos
que ninguém poderia sonhar que viria em seu caminho.
Comece tudo o que pode fazer,
ou que sonha que pode fazer.
Há gênio, poder e magia na ousadia.

Bondade que não agride nem lambe, mas que desentranha e luta porque é a própria arma da vida.
E, assim, só se chamarão bons os de coração recto, os não flexíveis, os insubmissos, os melhores. Reinvindicarão a bondade apodrecida por tanta baixeza, serão o braço da vida e os ricos de espírito. E deles, só deles, será o reino da terra.

Disse Victor Hugo: “A solidão faz homens de talento ou idiotas”; ocorre que eu sou um solitário bipolar.

Victor Hugo explorando a Catedral de Notre Dame de Paris encontrou a palavra "fatalidade" gravado a mão numa parede; a forte impressão dessa descoberta desencadeou a escrita do romance "O corcunda de notre Dame"

Inserida por marcialailin

⁠"A música está em tudo. Do mundo sai um hino." (Victor Hugo) Ela embala o sono do recém nascido, as brincadeiras de criança, os sonhos juvenis, os arroubos da adolescência, as paixões de adultos que lhes revira do avesso, as lembranças dos idosos e, finalmente o cortejo fúnebre.
Todos temos músicas especiais que traduzem sentimentos inexprimíveis, que tocam e aproximam almas, que se estendermos a mão quase tocamos a mão do outro que se encontra do outro lado do mundo. A música tem o poder de nos transformar em poetas sem usar papel ou caneta, escrevendo apenas no coração...

Inserida por cissa_leihte

Envelhecer

Antes todos os caminhos iam
Agora todos os caminhos vêm.
A casa é acolhedora, os livros poucos
e eu mesmo preparo o chá para os fantasmas.

O deus Pã não morreu,
Cada campo que mostra
Aos sorrisos de Apolo
Os peitos nus de Ceres —
Cedo ou tarde vereis
Por lá aparecer
O deus Pã, o imortal.

Não matou outros deuses
O triste deus cristão.
Cristo é um deus a mais,
Talvez um que faltava.

Pã continua a dar
Os sons da sua flauta
Aos ouvidos de Ceres
Recumbente nos campos.

Os deuses são os mesmos,
Sempre claros e calmos,
Cheios de eternidade
E desprezo por nós,
Trazendo o dia e a noite
E as colheitas douradas
Sem ser para nos dar
O dia e a noite e o trigo
Mas por outro e divino
Propósito casual.

Ricardo Reis

Nota: Poema de Fernando Pessoa (heterônimo Ricardo Reis).

Inserida por CiceroMiguel

Última flor do lácio, inculta e bela, / És a um tempo esplendor e sepultura”.

Amai para entendê-las. Pois só quem ama tem ouvidos, capaz de ouvir e de entender ESTRELAS.

Inserida por berepasin

⁠"O melhor meio de deixar sem solução um caso qualquer, é fazê-lo discutido por muita gente junta."

Inserida por jorge_henrique_elias

⁠O Brasil ainda não está feito, como pátria completa. Como fazê-lo? Dar-lhe novas gerações de homens fortes e conscientes, dando-lhe estas duas necessidades, primordiais, básicas da defesa: o trabalho e a instrução.

Olavo Bilac
Últimas conferências e discursos (1924).
Inserida por pensador

Sem o pão e o livro, sem a riqueza e o ensino, não pode ter saúde, nem alegria, nem dignidade, nem alma,quem tem fome e não pode pensar.⁠

Olavo Bilac
Últimas conferências e discursos (1924).
Inserida por pensador

⁠Reconheçamos que o Brasil é um dos países mais pobres e menos instruídos do mundo. Reconheçamos isto, para que enfrentemos com denodo o mal que nos acabrunha.

Olavo Bilac
Últimas conferências e discursos (1924).
Inserida por pensador

⁠Quando se trate de defender a família e a pátria, a fraqueza é um crime e o descuido é uma desonra.

Olavo Bilac
Últimas conferências e discursos (1924).
Inserida por pensador

⁠As pátrias fazem grandes homens, quando já estão definitivamente constituídas.

Olavo Bilac
Últimas conferências e discursos (1924).
Inserida por pensador