Poemas Bahia
Ela vai pro baile das santinhas. Ela dança e desce até o chão. Explode o sorriso e grita ao mundo a sua alegria. Ela é Bahia, é fé e é afoxé. Ela é o dendê
queimando tudo aquilo que lhe faz mal pra transformar em um delicioso abará
completo e axé. Sim, ela vai de joelhos subir a as escadarias do Bonfim. Vai, sim, amarrar a fitinha e fazer quantos pedidos ela achar que tem o direito de fazer.
Santinha. No baile, na vida e no amor. Beijando e dançando. Rebolando e rodando a baiana que existe dentro dela.
Maravilhosamente linda e fascinante.
E entenda uma coisa:
Ela é santa, porque ela é livre.
Olha como ela passa sabendo que em tuas passadas existem rimas de uma poesia de axé. Seu coração, ouço daqui. Não bate, batuca. Tambores do Olodum, no ritmo do amor que ela se dedicou a espalhar no mundo com a tua beleza. Soteropolitana de fé. Viciada em acarajé. Em sol. Até quando o sol não vem, é praia pra ela. Salvadora de si. A bela mainha. Sem aspas, mesmo. A nossa mainha. De quem vem de fora olhar o verão. Dança.
Nos carnavais de chegadas o ano todo. Ela, sempre linda. Soteropolitana.
Ritmando pores do sol. Com esse sotaque que é a sua melhor lembrança. E ela nem sabe que tem. Brilha, sempre.
Em festa. E força. De Salvador pro mundo é pouco. Ela vai sempre além.
Soteropolitana. É mais que um gentílico. Por isso, sol se tem na Bahia.
Dezembro chegou.
A Cidade logo muda de cor!
Festas de largo: Santa Bárbara; Conceição; Bonfim; Iemanjá.
O carnaval não esta longe de chegar.
Salvador, terra da magia, terra do sabor.
Da Costa do dendê, do samba de roda, do calor e do amor.
Da Barra a Itapuã.
Do São Gonçalo à Aquidabã.
Cidade Alta, Cidade Baixa.
Periferia quase nunca citada.
Engomadeira, Pernanbués, Liberdade, Peripiri.
Em São Joaquim tem cheiro verde, tem obi e orobô.
Tem água de rosa e água de flor.
Tem maxixe e tem jiló.
Também tem feijoada, rabada e mocotó.
Cerveja gelada, cambuí, jurubeba e catuaba.
De Itaparica à Vera Cruz.
Do Recôncavo ao Litoral Norte.
Praias repletas de gente preta, branca e amarela fazendo da Bahia este colorido que em nenhuma parte do mundo é visto.
A noite chega! Ouço som dos atabaques.
Vozes entoadas ao som do Ijexá, ritmo que atravessou o oceano junto as diversas formas de conversar com a natureza, ou seja, com os Orixás.
O fogo, a água, a terra e o ar elementos sagrados que misturados com a essência das folhas maceradas faz o Axé se transformar.
É Carnaval! Que agito em Salvador...
Na paz e amor, axé, dança e calor!
Passa a "pipoca", e fica o sentimento:
Bahia não me sai do pensamento!
Escrevo até um soneto solto ao vento.
Nem dá pra demonstrar tudo que tento!
Nem liberando essa energia e dor
Do desconforto ao ver o Sol se pôr,
Da minha lágrima a molhar o chão
Do meu Brasil nesse nordeste lindo!
Na tentativa a descrever "paixão",
O som do Pelourinho já vem vindo -
E essa alegria invade o coração:
Só no gingado eu fico assim sorrindo!
Poema - Em homenagem à Coribe-BA
Algumas décadas atrás
Arraial de São João dos Gerais
Vila de Rio Alegre
Para quem não conhece
"CORIBE" região do Oeste
Que em Tupi Guarani, significa Rio Alegre
Dia 14 de agosto, de 1958
Quando se municipou
Localizado no estado da Bahia
É uma cidade de muita alegria
Festas de São João
É uma das melhores da região
No distrito Colônia do Formoso
Tem cachoeira do Formoso
Uma das principais atrações turísticas
O nosso padroeiro é São João Batista
E o gentílico é Coribense
Zona fisiológica do Chapadão, do Rio Corrente
Nossos distritos completos
É Colônia do Formoso, Vila Nova, Ranchinho, e Descoberto
Além das zonas rurais
Sejam bem-vindos os demais
Antes de ser finalizado
Viva! o nosso Cerrado
Coquinho, buriti, cajúzinho, pequi
E outros frutos que se encontram por aqui
Dessa cidade que amo
Que é a princesinha do Oeste-baiano.
Eita Salvador, como você deixa saudade.
Salvador é pura energia, alegria, é magia.
Quando a gente tá junto é só felicidade.
Aí que saudade do meu acarajé, da minha água de coco, da minha moqueca…
Do cheiro de mar, e da paz que você me traz.
Salvador é meu porto seguro, é a minha casa.
No seu mar eu me renovo com as benções de Iemanjá, e lhe agradeço mais uma vez por ser soteropolitana.
Eu carrego esse “título” com muito orgulho por onde eu for…
e oh, não se preocupe não, viu?!
Porque um dia eu volto pros seus braços, pra te agarrar como nunca antes, e nunca mais soltar.
A casa da vaidade anda cheia de gente viva que morre aos poucos. Que não se contenta com o que conquistou e quer trapacear as conquistas alheias. Que deseja o inviável aos seus próprios limites. Que nasceu pra voar, mas que prefere rastejar na floresta de lama com a intenção de sabotar o ninho dos outros pássaros.
É quem envenena a alma só para apagar a luz do outro. É quem se define. Quem se acostuma. E que poderia ser mais, mas prefere o mínimo. Pois não consegue ir além daquilo que pensa todas as manhãs. O dia todo.
E isso não tem nada a ver com conhecimento, com sabedoria, com intelectualidade ou inteligência. A vaidade, geralmente, é um sintoma desses todos.
Meu pai dizia: Filho, onde quer que você chegue e por onde vá, nunca esqueça de manter os pés no chão. Se policie, se vigie. Até que a humildade seja um hábito.
Como deve ser apertado o espaço de quem precisa apequenar o outro para se sentir grande. Como deve viver o mundo das ilusões de que é maior, sendo que se rebaixa tanto.
Como deve ser triste saber que, sem a maldade, a vida não anda. E como deve ser tenso saber que, ao lado da maldade, um empurrão nunca é pra frente. Mas pra derrubar o ego.
E preste atenção: a vaidade não tem mãos para levantar ninguém.
Diante a efemeridade da vida, ainda há quem saia na Barra/BA para ver o entardecer e o "sol virando lua", diante a tristeza cada um busca uma distração e algum tipo de conforto ou diversão, nós quanto ser humano jamais entenderemos a nossa desobediência, até porque queremos sermos livres mesmo diante a uma pandemia perversa que mata milhares de pessoas.
Saindo da Barra/BA passando pela Sete Portas/BA, vejo o abandono, lençóis em forma de casa, moradores de rua e um congestionamento miserável na rua e em por dentro de mim, abaixo a cabeça e tento não refletir a vida, até porque tenho que regressar ao meu próprio ser e cuidar de mim!
"Conheço muitos há tanto tempo, que nem sequer tive tempo ou oportunidade de apertar-lhe as mãos. Quanto a ti, Me conhecestes ontem, e já me chamas de amigo.
Carlos Silva
Poeta Cantador
Itamira BA.
Poesia Baiana
Poesia baiana
É assim
Colorida como nossa gente
Tem as cores do Axé
O gosto gostoso do acarajé
Os mais largos sorrisos das nossas baianas
E o toque do Sol
Que acende a esperança
Dentro de todos nós!
Poesia baiana
É a poesia da gente
Representa luta e resistência
Rabisca os sonhos
E faz as asas da imaginação
Sobrevoar
Por horizontes longínquos o vento cortar
E nas águas do Atlântico
A poesia baiana nos faz mergulhar!
Poesia baiana
É uma poesia bacana
Que faz a nossa vida
RIMAR
Com tudo de melhor que há!
Quando te encontre pela primeira vez me apaixonei…
Depois voltei e percebi que não era paixão
Não era desejo
Não era afã
Não era serventia
Não era quereres
Mais sim era amor Ilê Aiyê.
Tenho fome
Nunca vai passar,
a fome que me devora
e só é saciada em teus braços.
Tenho fome de tua negritude,
de teu corpo quente.
Tenho muita fome.
Sou eu
Se tem que ser que seja logo....Dinâmica?
Apressada? Sim sou. Defeito grave, de quem não consegue "esperar acontecer". Eu faço acontecer.
Eu sou a banda que passa.
Não sou a moça na janela que só assiste.
Nem sou aquela que nem soube que a banda passou. SIM. Sou eu
S A L V E A D O R
o sal em iodo
temper'a carne negra-fosca
pele crioula exala sabor
arde - não mais 1 grito de dor
em dendê, faz cor e coral pro fogo
que flamba o domingo febril
suor descendo em queda pela testa
tempestade em corpos de água c/ Anil
Bahia,
quem foi, volta
em ti: tudo orna
na Baía de Todxs xs Santxs
sob a Pemba tudo se transforma
y nesta cidade (todo mundo é dEla)
sombra de vento é guiança
pupilas de mães/pais
filhxs órfãos são minhas estrelas - ou herança
sotaque é hino nacional
bandeira só de Oxalá
o farol acende o teu riso
salvaguarde minha esperança
O Ilê há de tocar mais uma
vez
O REFLEXO DO LOUCO
Não sou louco!
Perdi apenas a alma da minha criança.
Não tive infância.
Sou história da pele com cor.
Para que uns possam agora ser livres,
Eu sou dos que entregaram as suas vidas,
Para que o futuro desfrute dessa liberdade.
De dia, sento-me nesta bahia,
para ver o meu reflexo no céu.
Aos poucos vou perdendo o medo de partir.
Fui abençoado por Deus.
À noite, desperta a minha alma encurralada,
Presa nesta cabeça de memória farpada.
Sou monumento vivo de um conflito armado.
Mas eu não sou louco!
Sou dono para decidir o momento da minha viagem.
Vou ser uma estrela bonita e vou-te visitar!
Sem ordens de ninguém.
❤️
Filipa Galante in
Conversas com o "Louco" da Bahia de Luanda (2011)
Urandi
Em urandi tem poesia
Tem gente cristã
Que vive com harmonia
Como se não houvesse o amanhã
Nas estradas tem umbuzeiro
No lajedo tem cabeça de frade
No morro tem o Cruzeiro
Que abençoa toda a cidade
Cidade pequena pacata
Onde há sossego e tranquilidade
Nas pessoas bem amadas
Tem-se belas amizades
Na serra tem nascente
De uma água maravilhosa
Desejada por tanta gente
Essa água tão famosa
Aqui tem belos carros antigos
Tem museu do século XX
Tem poemas dos bonitos
E a beleza natural está no verso seguinte
Tem pinturas na garganta do impossível
Pura beleza na cachoeira do Dedinha
Sem falar do poço do infinito
E do sítio arqueológico lajedo de tapuia
Não poderia deixar de falar
De um médico que muitas vidas salvou
Dorivaldo Dantas foi e sempre será
O nosso melhor doutor
Aqui só se ver gente formosa
Nas festas de tradição
E nas famosas festas religiosas
Tem Santo Antônio e São João
Urandi me faz feliz
Me faz ver o mundo com amor
Urandi flor do país
Beijada por um beija-flor
Só de contar as belezas da minha cidade
Me dá orgulho de morar aqui
Eu só quero a prosperidade
Para os cidadãos de Urandi
PAULO SÉRGIO ROSSETO nasceu no Município de Guaraçaía/SP, no dia 11 de Abril de 1960. Filho de Paulo e Celestina Demori Rosseto, desde a infância adotou a poesia como seu modelo principal de arte para toda a vida. Em 1966 a família mudou-se para Selvíria/MS e em 1970 passaram a residir em Três Lagoas/MS. Aos 12 anos de idade foi para o Colégio Salesiano Dom Luis Lasagna - internato em Araçatuba/SP. Fez o segundo grau escolar na capital Campo Grande/MS e o noviciado salesiano em São Carlos/SP. Retornou para Três Lagoas/MS com 19 anos de idade. Em 1987 mudou com esposa e filho para Porto Seguro/BA, onde reside hoje.
Livros publicados:
* 1981 - O SOL-DA-DOR DA TERRA
* 1982 - ATO DE POEMA E UMA CANÇÃO
* 1984 - AMOROSIDADE
* 1985 - MEMORINHA
* 2018 - CRÔNICAS ABERTAS - Poesias
* 2018 - DOCES DOSES DE POESIA - Aldravias
* 2019 - VERSOS DE VIDRO E AREIA
* 2019 - POEMAS QUE VOCÊ FEZ PRA MIM
* 2019 - LÁ PELAS TANTAS DA VIDA
PROCURA
Passo por tantas portas durante o dia
Entro e saio vou e venho nada me segura
De um cômodo a outro buscando o futuro
Penso que nada me surpreende
Porem insatisfeito com a estrutura
Desse indescritível labirinto
Reclamo tua ausência
A essa troça que arde o peito e angustia
Necessito-te ávido
Acima de todo escrúpulo
Desprendido de alicerces
Longe dos parâmetros
Apesar do acúmulo dissimulado
Dessa tosca aventura
Andarei a eternidade
Indecifrável à tua procura
SEM NINGUÉM SABER
Não gosto de fazer poemas que remetam à morte
Porque detesto que os meus amigos lembrem-se
Que um dia também poderão morrer
Prefiro que cantem as melodias alegres
E leiam sobre amores e saboreiem as dádivas da vida
Instigo para que brindem as alegorias
Mergulhem na fantasia de que são todos eternos
Infinitamente abençoados pela eternidade
Em resposta ao zelo existente que para comigo têm
Os meus amigos e a fraterna amizade que nos convêm
Não tem tamanho nem cabem dentro de covas
Por isso jamais extirpa nem deteriora
E na minha hora em que sozinho eu partir
Sairei à francesa em silêncio enquanto festejam
Para que ninguém note a minha dor por ir sem querer
Partirei calado sem ninguém saber
TEMPORAIS
Toda vez que perco o horizonte
Creio haver um mar a minha frente
Tão longe de mim equidistante
Como as rosas de um jardim
Ou uma nuvem passante
Que se desmancha insana
Por entre respingos de lama
Ou alvas fronhas de algodão
São aguas verdes revoltas
Remexidas pelos mesmos ventos
Que soltos conduzem minhas barcas
Serenas cada uma a seu porto
E as nuvens aos seus tantos
Destinos e encantos
Revestindo travesseiros
Sobre as camas da paixão
Todos esses travessos romances
Atravessam-me intensos
Ainda que de mim jamais saibam
Porque nunca mais retornam
Porque se tornarão propensos
A viajar outros céus e mares
Esculpindo suas torres imensas
Apesar dos temporais