Poemas de Arthur Schopenhauer
Quando o amor se dedica a um único ente, atinge então uma tal intensidade, um tal grau de paixão que, se não puder ser satisfeito, todos os bens do mundo e a própria vida perdem o seu valor.
Aqueles que se entregam descontroladamente aos impulsos da “natureza interior” não vivem sem correr um certo perigo. As ondas da espontaneidade podem desmanchar-se ao se esbaterem contra penhascos da dura realidade.
Quem fez da modéstia uma virtude esperava que todos passassem a falar de si próprios como se fossem idiotas. O que é a modéstia senão uma humildade hipócrita, através da qual um homem pede perdão por ter as qualidades e os méritos que os outros não têm?
Às vezes é possível desvendar, com muito esforço e lentidão, por meio do próprio pensamento, uma verdade, uma ideia que poderia ser encontrada confortavelmente já pronta num livro.
No entanto, ela é cem vezes mais valiosa quando obtida por meio do próprio pensamento. Pois só então ela é introduzida, como parte integrante, como membro vivo, em todo o sistema de nossos pensamentos, estabelecendo com eles uma conexão perfeita e firme, sendo entendida com todos os seus motivos e as suas consequências, adquirindo a cor, o tom e a marca de nosso modo de pensar.
Eu me submerjo em mim mesmo e encontro um mundo. Aquele Eu que me conduz para mim mesmo, também é quem me mata...
Os seres humanos tem de aprender a sobrepor-se à vida, têm de entender que todos os sucessos e acontecimentos, todas as alegrias não podem afetar seu Eu melhor e mais íntimo e que, portanto, todos os movimentos exteriores não passam dos lances de um jogo.
Eles buscavam o porquê, ao invés de considerarem o quê; eles aspiravam ao distante, ao invés de captarem o que lhes ficava mais próximo; eles saíam em todas as direções, ao invés de voltarem-se para si mesmos, o único lugar em que todos os enigmas encontram algum tipo de solução.
Marchamos através da escuridão, impulsionados pela energia furiosa da vontade de viver e mergulhamos cada vez mais profundamente nas trevas do vício e do pecado, na morte e na aniquilação – até que, gradativamente, a fúria da vida se volta contra si mesma e nos damos conta de qual é o caminho que de fato tínhamos desejado seguir, até que, através do sofrimento, do horror e do espanto, chegamos a nós mesmos e é da dor que nasce o nosso melhor conhecimento.
Toda a sociedade exige necessariamente uma acomodação mútua e uma temperatura; por conseguinte, quanto mais numerosa, tanto mais enfadonha será. Cada um só pode "ser ele mesmo", inteiramente, apenas pelo tempo em que estiver sozinho.
Os mesmos acontecimentos, ou situações exteriores, afetam de modo diverso cada pessoa e, em igual ambiente, cada um vive num mundo diferente.
Portanto, para vivermos entre os homens, temos de deixar cada um existir como é, aceitando-o na sua individualidade ofertada pela natureza, não importando qual seja. Precisamos apenas de estar atentos para a utilizar de acordo com o permitido pelo seu gênero e pela sua condição, sem esperar que mude e sem condená-la pura e simplesmente pelo que ela é. Eis o verdadeiro sentido do provérbio: “Viver e deixar viver”.
A dor profunda que é sentida pela morte de cada alma amiga tem origem no sentimento de que existe algo inexprimível em cada indivíduo, peculiar a ele próprio, e está, portanto, absoluta e irremediavelmente perdido.
Como suportaríamos a infinita dissimulação, falsidade e malícia dos homens se não houvesse os cães, em cuja face honesta podemos mirar sem desconfiança?
A vida humana, pois, passa-se toda em querer e em adquirir. O desejo, por sua natureza, é dor: sua realização traz rapidamente a saciedade: o objetivo não era mais que uma miragem; a posse mata todo encanto; o desejo ou a necessidade de novo se apresentam, sob nova forma: se não, é o nada, é o vazio, é o tédio que chega.
À verdade é permitida apenas uma celebração breve da vitória, a saber, entre os dois longos períodos em que é condenada como paradoxal e desprezada como trivial.
O tempo estritamente reservado à leitura, seja ele concedido exclusivamente para a obra dos grandes espíritos. Somente estes formam e instruem de verdade.
O mundo como vontade e representação, propõe um sistema metafisico em que a vontade é vista como essência do universo e da existência. O prazer, assim, não seria mais do que a satisfação passageira do desejo,ou seja, a breve negação da vontade, que logo se recomporia e imporia de novo a dor da insatisfação. Por isso, a filosofia de Schopenhauer é considerada um modelo de pessimismo.
Quanto menos, por condições objetivas ou subjetivas, alguém tiver necessidade de entrar em contato com as pessoas, tanto melhor passará.
Um exercício principal da juventude deveria ser aprender a suportar a solidão; porque ela é uma fonte de felicidade, de paz de espírito.