Poemas de Arthur Schopenhauer
A vista do cume de uma montanha ajuda muito a ampliar os conceitos. (...) tudo o que é pequeno some, só fica o que é grande.
Nós conhecemos de maneira completamente diferente do que a priori nos considerávamos, e então amiúde nos espantamos connosco mesmos.
O ódio constitui de longe o prazer mais insistente; os homens amam às pressas, mas detestam longamente.
Uma vez, teve de aguentar a companhia de uma mulher muito falante, que contou em detalhes como sofria no casamento. O filósofo ouviu paciente e quando a mulher perguntou se ele a entendia, respondeu: — Não, mas entendo seu marido.
Por acaso você acha que a luz somente existe enquanto a está vendo? Não, é você que não existiria se a luz não o visse.
A sólida base de nossa visão do mundo e também o grau de sua profundidade são formados na infância. Essa visão é depois elaborada e aperfeiçoada, mas, na essência, não se altera.
A vida é tão curta, problemática e passageira que nem mesmo para isso chega a compensar envolver-nos em maiores esforços.
Quando suspeitamos que alguém mente, devemos fazer-nos de crentes: ele então torna-se ousado, mente com mais intensidade e se entrega.
Por mais que a amizade, o amor e o casamento unam as pessoas, no fim, cada um é «inteiramente sincero» apenas consigo mesmo e, quando muito, com o próprio filho.
Cada um fugirá, suportará ou amará a solidão na proporção exata do valor da sua personalidade. Pois, na solidão, o indivíduo mesquinho sente toda a sua mesquinhez, o grande espírito, toda a sua grandeza; numa palavra: cada um sente o que é.
O desejo pode nos humilhar de duas formas básicas: negando-nos a realização de nosso desejo ou, pior, deixando que realizemos nosso desejo.
Para as nossas acções e omissões, não é preciso tomar ninguém como modelo, visto que as situações, as circunstâncias e as relações nunca são as mesmas e porque a diversidade dos carácteres também confere um colorido diverso a cada acção. Desse modo, duo cum faciunt idem, non est idem (quando duas pessoas fazem o mesmo, não é o mesmo). Após ponderação madura e raciocínio sério, temos de agir segundo o nosso carácter. Portanto, também em termos práticos, a originalidade é indispensável; caso contrário, o que se faz não combina com o que se é.
Uma filosofia cujas páginas não abranjam os extremos das lágrimas, choro e ranger de dentes e o fragor pavoroso do homícidio social recíproco e universal não é absolutamente uma filosofia.
Quem não experimentou o sentimento primordial do amor materno, muito frequentemente sentirá que lhe falta o amor primitivo pela própria vida. Apenas quem não conseguiu unir-se a tudo quanto vive, porque lhe faltam os laços afetivos indeléveis que lhe permitiriam desenvolver essa simpatia para com o que é vivo, é capaz de distanciar-se de tudo quanto pertence a vida: o corpo, a respiração e a vontade.
Todas as pessoas sempre passam por experiências malogradas de toda espécie, através das quais cometem violências contra seu próprio caráter; porém mais cedo ou mais tarde, aquelas são dominadas e forçadas a ceder a este.
Quem nada ama, não precisa tocar em nada. É protegido pelo frio e pela clareza dos contornos.
Age com retidão para com todos, mas não te fies facilmente deles. Desconfia das gesticulações e te comporta mais ou menos de acordo com o que se acha por trás delas.
À medida em que envelhecemos, as divergências se vão tornando cada vez maiores. No final da vida, estamos completamente sós.