Poemas

Cerca de 930 poemas

SONETO "à l'amour"

O céu do cerrado pode até desabar
O olhar se desviar para outro lado
O coração no silêncio estar calado
Pouco importa, a quem quer amar

Tudo pode, até pode ser denodado
E trilhar o infinito sem se encontrar
Sorrir pra vida ou até mesmo chorar
Se os dias forem só contigo, estado

Os problemas, ah! Não vão importar
Cada um por vez, na poesia poetado
Na solução, ânimo se tem para buscar

Amor, se me ama, me deixe amado
Pois Deus encontra cada um, seu par
Inundando de amor cada apaixonado

Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano

DE CORPO E ALMA
letra: Marilda dos Santos

Noite de lua
Noite sozinha
Nas paredes do meu quarto
Fico a imaginar:
Sei que estás longe
Que em breve vais voltar
De corpo e alma pra me amar

De amores intrigantes
De passados distantes
Vênus e Marte sempre serão grandes amantes

Não me condene
Pelo meu mundo sem ação
O que importa
Se estou presa a este mundo?
Se é nesse mundo
Que eu sei te amar loucamente!

Quando te critico
Por fazer o que vem na cabeça
Não é por mau
E sim um modo de te proteger
E também medo de te perder

(28 Dez 1993)
Marilda dos Santos

FISIOTERAPEUTA:
Avalia...trata...reavalia...trata...reabilita... alivia...
No passo a passo o passo da evolução, às vezes lenta, mas com ágil dedicação, especialização, com o coração.
Pronto para ouvir, sentar junto, animar... Se preciso for, até chorar...
É um oferecer, dar o olhar, abraçar, apoiar...

Profissional do movimento
Auxílio na dor, no alívio atento
Ombro amigo, manobra, alento
Ao aflito, ali presente, insistente
Dedicação, amparo consistente
Perito aliado na reabilitação...
Ao Fisioterapeuta saudação!
Feliz dia!

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Rio, 13/10/2010

SONETO DO AMOR EXATO

Da ventura, terá sempre o invejoso
Por não ter a lua amasia tão divina
E uma paixão tão pouco peregrina
No coração eleito no olhar amoroso

Amor, será sempre suspiro glorioso
Regado de adulação pura e cristalina
Vermelhas rosas, e emoção inquilina
Um gesto, revelado um tanto airoso

É harmonia que nos amestra, contina
Não emulando, e sim no afeto ditoso
O sentimento no espírito, lamparina

Que então, não seja o ter ambicioso
Que o mal que queira o bem ensina
Pra no amor não ter amor enganoso

Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Janeiro, 2017
Cerrado goiano

ALUCINAÇÃO (soneto)

Perdoa-me, ó amor, por sonhar-te
Meu coração anda nu por te querer
Minh'alma te tens na razão pra valer
Pois, tu és no meu soneto dor e arte

Os meus olhos alucinam sem te ver
Nada vejo e, estás em qualquer parte
Nos meus desejos tornas-te encarte
De uma repetida narrativa, sem ser

A saudade faz loucuras que reparte
A alucinação de um mesmo sofrer
Pois tudo passa, e nada é descarte

E nestes rastros, sois o meu render
Frágil e também tão forte, dessarte!
Que me tem vivo neste túrbido viver...

Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Fevereiro de 2017
Cerrado goiano

Poesia ao Vento


Hoje, escrevo para o vento...

Semeador da vida na Terra.

Vento que refresca com a brisa nossos corpos...

Que espalha as sementes nos campos...

Que furioso nos destrói...

Hoje, escrevo para o vento sagrado...

Para a brisa do mar...

Para o sopro que vem das montanhas...

Hoje, escrevo para ti...

Vento sagrado... Brisa sagrada... Vento furioso...

Vento que leva meus versos sem rumo...

Vento que traz a chuva... Que purificam as almas...

Vento que bagunça as páginas da vida...

Vento que traz e afasta pessoas...

Vento que encanta...

E também desencanta...

SONETO IMAGINÁRIO

Imagino um soneto do imaginário
Que escorra da doce imaginação
Com o seu ilusório jamais solitário
E cheios de quimeras e de emoção

Que tenha na sua existência itinerário
Não só formas, nem aparência, ação
Onde os sonhos são seu mobiliário
Aduzidos dos cômodos do coração

Quero com que seja o meu amuleto
Guardado no peito tal qual a oração
Em mantra, não como simples objeto

E se, assim, brotar do tal poço secreto
Dos poetas, que venha com inspiração
Imaginando satisfação por completo

Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano

um poema à hora do almoço

um poema à hora do almoço
degustado na inspiração

rezo o Pai Nosso,
em gratidão
e neste esboço
um poema na refeição

mastigado entre folhas
arroz e feijão
rimas nas escolhas

agrião
alface
almeirão

servido com vinho de classe
é hora do almoço
o pensamento na sua direção...
alvoroço.

prato pela metade
mastigação
ansiedade

chega sobremesa na opção,
não
somente o café.

e a conta!

afinal de conta
o coração
pensa em você!

agitado pra te ver.

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
08/08/2018, 12’00”
Cerrado goiano

Perguntei a um sábio,
a diferença que havia
entre amor e amizade,
ele me disse essa verdade...
O Amor é mais sensível,
a Amizade mais segura.
O Amor nos dá asas,
a Amizade o chão.
No Amor há mais carinho,
na Amizade compreensão.
O Amor é plantado
e com carinho cultivado,
a Amizade vem faceira,
e com troca de alegria e tristeza,
torna-se uma grande e querida
companheira.
Mas quando o Amor é sincero
ele vem com um grande amigo,
e quando a Amizade é concreta,
ela é cheia de amor e carinho.
Quando se tem um amigo
ou uma grande paixão,
ambos sentimentos coexistem
dentro do seu coração.

Desconhecido

Nota: Muitas vezes atribuído a William Shakespeare, Mário Quintana e Veronica Shoffstall, sem que se confirme nenhuma dessas autorias.

...Mais

A ROÇA
Aqui na roça nóis si deita
sempre muito agarradinho
nóis si inrósca, si ajeita,
passa a noite coladinho
Nossa cama di madêra
é ondi nóis faiz o ninho
i passa a noiti intêra
trocanu nossos carinho
Nóis véve cum amô
Anqui na nossa paióça
cum as bença di nosso sinhô
cuidâno da nossa roça
Quanu di noite esfria
Nós ajunta us cubertô
i juntinho si inrudia
tocanu nosso calô
I ansim nós passa a vida
eu i minha companhêra
às veiz nóis inté qui briga
mais é coisa passagêra
Adespois vem a vontade
di dá uns beijo moiádo
i nu finzinho da tarde
nóis fica juntinho agarrado.

AMOLDO VERSOS (soneto)

Eu amoldo versos como artesãos
Do barro inviolado a transfiguração
Livre é o saltimbanco do coração
Que trova alumbramentos cortesãos

Nas pontas dos dedos em convulsão
A quimera arranha os tarares anciãos
Com a lira d'alma nos gemidos sãos
Escorrendo expressão da imaginação

Gota a gota, tato a tato nos corrimãos
Das vozes que aos amados clamam
E das odes que saem como bênçãos

Neste improviso tem dores, emoção
Solidão. Na cata dos sensíveis grãos
Da poesia. Transformados em canção!

Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Janeiro de 2017
Cerrado goiano

MOTIM

No fundo da minha poesia, clamor
E ouço apertos e queixas sangradas
Milhões de aspirações sepultadas
Imaginações submergidas na dor

Às vezes, um vazio, palavras caladas
Mas, de repente, um tumulto estertor
Rangendo dentro do peito a compor
Devaneios, desdando ilusões atadas

Cortejos, motins: uivos e ácido luto
No castigado papel... broto e renovo
Em fermentação, dum estro bruto...

E há na intuição, de que me comovo
E no coro da inspiração que escuto
A magia do espírito num versar novo!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Janeiro de 2019, final
Cerrado goiano
Olavobilaquiando

SONETO DAS ROSAS

Rosas, poemas da natureza, poetadas
Por mãos, que também oferecem rosas
Cativantes, ao amor tornam suspirosas
E ao desafeto são tristes e desfolhadas

Já as vermelhas para paixão, afanadas
Ornando o olhar, se dando primorosas
Cheias de significado, e tão formosas
Também, bem às emoções esfalfadas

És cheiro nas lembranças silenciosas
Lágrima infeliz nas perdas passadas
Sois trovas alfombradas às amorosas

Ah! Belas damas várias e tão encantadas
As primeiras, as derradeiras, carinhosas
Só tu rosas, para coroar nossas estradas

Luciano Spagnol
Junho de 2016
Cerrado goiano

SOLIDÃO BORRALHEIRA (soneto)

Erma solitária solidão borralheira
Que atulha o cerrado de melancolia
No entardecer encarnado em romaria
Alongando o minuto em hora inteira

Assim só, os sonhos vão pra periferia
A espiar a sofrença além da fronteira
D'alma, caraminholando oca asneira
A crepitar agonia em atroada sombria

O vazio do imenso céu sem cabeira
Nos engole com chilreio e zombaria
Galopando apertura numa carreira

Tétrico encanto da solidão crua e fria
Que do silêncio é a sua mensageira
E que ao coração saudades anuncia!

Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Janeiro de 2017
Cerrado goiano

DIÁRIO DE UMA BRUXA ADOLESCENTE

Vivo a vida com intensidade
despertando paixões por toda cidade
na minha idade sou bem querida
sou uma bruxa bem crescida

Não sou oferecida
mas sou muito bonita
meu fascínio é a liberdade
Grito e pulo a toda parte
sempre chamo muita atenção
sou uma bruxa com amor no coração

Na escuridão eu sou a luz
com um brilho incandescente
vejo vida sobre a morte
sou a luz da própria sorte

meu desejo é a paixão
sem muita ilusão
sonhar é meu destino
com um amor correspondido

sou querida e sempre amiga
amizade em uma corrente
sobre a luz incandescente
de uma BRUXA ADOLESCENTE

VIVO VIVENDO (soneto)

Vivo por viver vivendo a vida somente
Agradecido, sempre, sou eu por ela
Que me dá mais que posso ter dela
Agraciado com dádiva tão presente

E nesta deste amor tão diversamente
Faz dos dias sorrisos, e a alma bela
Em cada passo o bem em sentinela
Onde no peito este ato não é ausente

E a vida vivida na vida, vida me traz
Mutuando o pranto pela felicidade
Quem dela prova, ventura é capaz

De, com alegria, ter a fraternidade
Viver vivamente tudo conseguirás
Levando no ser paz pra eternidade...

Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano
Sexta feira da paixão

Prometo
Prometo buscar o amor dentro do seu coração,
Prometo cultivá-lo,
Prometo lhe dar consolo quando precisar.
Prometo te amar,
Fazer dos problemas
Momento insignificantes.
Prometo te dar apoio,
Compreensão.
Te prometo acima de tudo
A minha amizade.
Prometo estar sempre do seu lado.
Prometo encontrar seus sorrisos
E enxugar suas lágrimas.
Prometo ficar acordada Velando por teu sono.
Prometo que vou buscar todas
As formas para lhe fazer feliz.
Prometo que as estrelas serão suas
E a lua será nossa...
São milhões de promessas
De um Verdadeiro Amor sem limites,
Que jamais terá fim
"PROMETO..."

CERRADO SECO (soneto)

Ah! plangente cerrado, quente, sequioso
Ventos abafados, denodados, e ao vento
Dormente melancolia, e tão portentoso
Murmurejante e, navegante de lamento

Sol queimoso, unguinoso, tal moroso
Que no seu firmamento vagar é lento
Inventando no tempo variegado iroso
Parindo nuvens dum cinzento natento

Securas secas, e que secam ardoroso
Veludos galhos, veludosos e poeirento
Que racham sedentos num ardor ditoso

Ah! cerrado seco, de ávido encantamento
De um luar num esplendor esplendoroso
Da lua de contornos, no céu monumento

Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano

CHUVA NO CERRADO ( soneto)

Canta chuva, no cerrado, uma cantata
E há, feérico coro no planalto fustigado
De gotas do céu num tilintar animado
Como que um suave retinir de prata

Bendita chuva que ao chão imaculado
Batiza a secura com água que desata
Verdes relvas e fulgor novedio da mata
Num renovo de um frescor empanado

Alvor ideal que desponta na fragata
Do sertão, num úmido beijo desejado
Arejando, generosa, em trínula volata

Ah! Num regozijo do viver denodado
Num delíquio louco, ri-se escarlata
A encantada chuva que cai no cerrado

Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Janeiro, 04, 2017
Cerrado goiano

SONETO NA MADRUGADA

No cerrado, numa certa madrugada
Sem saber se parava ou caminhava
Se me desiludia ou se me encantava
Só sabia que a quimera estava calada

Aí, a aflição que a saudade recordava
Num céu desmarcado e de mão dada
Com a solidão, ali tinha hora marcada
E o silêncio então, comigo devaneava

Ouvi o vento na janela dando pancada
Ansiando entrar, e então, assim ficava
Repetindo num bate e bate a chamada

E a madrugada que o sono desprezava
Grafava dor, aperto, lágrima derramada
Num soneto, no qual, só suspiro coava

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, 17/05, 04'35"
Cerrado goiano