Poemas

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Flores murchas

Desmaiadas na vida
Pálidas desabrochadas
As cores de partida
As pétalas cansadas
Ainda com viço
Afadigadas
De perfume postiço
E as forças exiladas
Feitiço
Da existência traçadas
Do fado mortiço
De inevitáveis jornadas
Perfazendo o curso
Revoadas
Incurso
Flores murchas, encantadas!

Inserida por LucianoSpagnol

Amargura do cerrado

Aqui no centro do cerrado
Onde a chuva não chove
Chora o pó sulcado
Ressecado, onde o verde escorre
Pelo vento que levanta o chão
De sede que a existência morre
E o céu que rubra em explosão
O cinza que por ai colore
O rincão árido de erosão
O caboclo queixa por água
Nas promessas em oração
Das fendas escorregam bágua
Suspirando bafo de sequidão
De queimadas que frágua
A amargura do sertão
Poetado com carvão e mágoa
O estio do cerrado em aflição...

Inserida por LucianoSpagnol

Poeminha para flor

Flor são flores
São primavera
De todas as cores
Haste da quimera
Falam de amores
Amor as venera
A flor tão bela!

Inserida por LucianoSpagnol

Maçã em receita

Nada mais tentador que maçã do amor
Com canela tem cheiro de beijo
Nas tortas saliva gosto com fulgor
Assada derrete e da desejo
Maçã tão bela e de delicada flor
Na salada traz o seu azedume
Tem vermelha ou verde na cor
Inconfundível é o seu perfume
Enigmático é o seu lado pecador
Como réu se tornou incólume
Uma por dia evita o doutor
Numa simples mordida é revelação
E te leva na vida ser longevo
Na culinária de distinta sensação
Maçã por maçã que aqui escrevo
Vilã dos contos, símbolo da sedução
Eterno fruto da paixão

Inserida por LucianoSpagnol

Chapéu de palha

Debaixo do chapéu de palha
Na aba da saudade, lembrança
Na copa rezas de acerto e falha
Da vida, nunca sem esperança

Este chapéu de palha, roceiro
Que não larga do caipira berço
Sempre riscando o fado roteiro
E na fé aduzindo trilha e terço

Chapéu de palha, cultor matuto
Do caboclo do cerrado, do chão
Do vento árido e do pó enxuto
Que traz o sal e feito ao coração

Tal chapéu de palha, tão original
Que compõe o poetar de emoção
Canta o sertão na sua arte capital
Trajando a alma capiau de tradição
(Chapéu de palha, remate vital!)

Inserida por LucianoSpagnol

Poeta do cerrado

Sou da terra, do triângulo mineiro
Sou poeta do cerrado, estradeiro
De poeira e chão batido, cavaleiro
No espírito embebido, alma de peão
Caipira do amor poetando paixão
Trago nos olhos o sal do sertão
Do curral, do fogão de lenha, lamparina
Da moda de viola, catira e da ave de rapina
Sou araguarino, origem e apreço na sina
Sou interiorano com cheiro do mar
Onde nas tuas ruas eu pude me achar
Estrangeiro no Rio de janeiro, fui morar
Sou brasileiro de sobrenome e nação
Mineiroca de cognome de pura emoção
Aventurado no cerrado goiano sem direção

Inserida por LucianoSpagnol

Sem rumo, louco, afortunado
Desatinado e cheio de muafo
Da vida, vivo para ser amado
Quero da loucura ser inventado

Inserida por LucianoSpagnol

O amor na sua incerteza
Tem que ter laço
No olhar abraço
Que some ilusão
Que some espaço
Que some paixão

Inserida por LucianoSpagnol

A existência é um caracol
De curvas e lombadas
Tem o breu da lua e o brilho do sol
Sobe e desce e algumas paradas
Neste cordel,
Amor tem que ter no farnel

Inserida por LucianoSpagnol

Amo e tenho tudo para ser feliz
Sei. Eu é que preciso de melhoria
Sou este alguém, um mero aprendiz

Inserida por LucianoSpagnol

Perda do pai

Dezoito horas. Quem me acode?
Partiu no enigma da crença
Os dias se tornaram como pode
As noites lembranças como sentença
No mistério
Na aceitação
No cemitério
Oração
Eternidade

Saudade!

Inserida por LucianoSpagnol

Mais que agrado

Como é bom ter satisfação
Tornar a alegria na lembrança
Lembrar dia a dia a emoção
Emocionar com está aliança
Chorar de prazer e paixão
Estar apaixonado nesta usança
Usar como regra está recordação
Recordar no viver está dança
Dançar no ritmo do coração
Amar e ser amado com confiança
Como é bom ter está adição
Mais que agrado. Bonança.

Inserida por LucianoSpagnol

Viver

A quem não tem olhos para ver
Inerte é a visão do seu destino
Na ilusão é que tem alegria de viver
Vivo quem arrisca ser peregrino
Só assim a vida vale a pena
Onde o mundo não é pequenino
E o amor o script de uma real cena

Inserida por LucianoSpagnol

Contrição do poeta do cerrado

De que vale ter saudade
Aqui no meio do cerrado
Se caminhasse hoje chegaria tarde
No ponto de partida,
bom é ficar calado
A vida não é covarde
Apanha-se o semeado
Não adianta ter alarde
No descuido que tenhas plantado
Nem remorso que na razão arde
Viva sua arte, encarnado...

Inserida por LucianoSpagnol

Amnésia


Sempre que chove no cerrado
O passado é lavado pela chuva
Se esquece do mato queimado
Se esquece da secura sanguessuga
Diz a Palavra: “Tudo passa,
só Deus permanece” Jamais trânsfuga.

Inserida por LucianoSpagnol

E com toda a desaventurança
É tão bom um dia de cada vez
O renovo é a brida da esperança
Nada é perene, tem sempre um talvez

Inserida por LucianoSpagnol

Vai e vem

O pêndulo do relógio no vai e vem
É o tempo em sua marcha
Segundos minutos horas... Vai além
Onde não se pode usar a borracha

Inserida por LucianoSpagnol

Esqueça o que já foi ontem
A torneira aberta já se fechou
Sorriso a infelicidade não contêm
Se apegue a fé que nos apura, amém!

Olhe ao redor a complexidade da natureza
vai além!

Respire o pôr do sol gratuita beleza
nos convém!

De que vale o glória da esperteza
não seja refém!

Um olhar amigo só nós traz grandeza
ainda bem!

É preciso aprender que fomos e seremos
basta saber que não nos pertencemos
e ao caminharmos outros sucederemos
é preciso não esquecer nada, o amor teremos.

Basta ser!

Inserida por LucianoSpagnol

O Sonho

Sonhar com as cinzas do passado
fenecem a felicidade do presente
no jazigo da chance do renovado
opondo o novo de surgir novamente

Sonhe com aquilo que quiser
com a dor se assim vier
com o sorriso doce e forte
com a tristeza ou a sorte
sem medo, sonhe, peça aporte

O contentamento está na diversidade
na luta dos que buscam a fraternidade
no olhar de tentar sempre acreditar
que é possível amar, recomeçar
num simples gesto, nos abraços
na mão que afaga o embaraço...
(Nunca em vão daqueles que nos dão laços)

Inserida por LucianoSpagnol

De cá pra lá, de lá pra cá

Do lado de cá, fico a observar
Do lado de lá, a segredar
Qual vista está a imaginar

Do lado de cá, emoção
Do lado de lá, suposição
No valer à pena a paixão

Do lado de cá, sintonia
Do lado de lá, à revelia
Em ter sonho ou magia

Do lado de cá, decisão
Do lado de lá, imaginação
Desenhando pura ilusão

Do lado de cá, rima e poesia
Do lado de lá, só fantasia
Quando o gosto é agonia

Do lado de cá, solidão
Do lado de lá, chavão
Se socorro pede o coração

Do lado de cá, o amor trará
Do lado de lá, onde estará?
(Nesta gangorra...)
De cá pra lá, de lá pra cá...

Inserida por LucianoSpagnol