Poemas
Carência
Se fico sem afeição
O amor fica sem teto
As trilhas sem emoção
E a carência sem afeto
Os dias ficam nebulosos
A ilusão sem traço reto
Os pensamentos tortuosos
E o oco coração inquieto
Certo! Versos escabrosos
Ser criança
Na magia de ser criança
Pouco foi o tempo
Calça curta na lembrança
Saudade ao vento...
(Traz à alma alento!)...
Pés no chão jogando biloca
Banho na chuva, diversão
Finca, guaraná com pipoca
Queimada, nas mãos o pião...
(Eita! Como é bão!)...
O simples da ingenuidade
O complexo da pureza
Faz da infância felicidade
E da recordação certeza...
(Que não volta mais!)...
Tempos nunca demais
Com gostinho de querer
Outros iguais
Acompanha o nosso viver...
(Ser criança nosso primeiro aprender!)...
Soneto Amoroso
Este é um soneto amoroso
Que verseja alacridade
Recoberto de docilidade
E rimas de um olhar airoso
São versos tão teus
Desenhados nos sonhos
Aqueles doces risonhos
De momentos teus e meus
Sirvo-te em oferenda
Está tão terna prenda
De entrelaçada renda
Assim, aqui metrificado
E na alma concretizado
O amor deste apaixonado
Em suas vestes da cor do João de barro
Empoeiradas, ressecadas, ofuscando o arrebol
O cerrado, este peão árido, plano e piçarro
Amor pra vida inteira
Eu quero um amor
De galanteios, de flor
Que fale ao coração
Sem pudor, com emoção
Aquele amor que ama
Que a alma clama
Cheio de meiguice
Que não caia na mesmice
Nos fazendo esquecer o que passou
Senhor dos desejos, que aquietou
O olhar, cheio de cheiro
Inteiro
No abraço cumplicidade
Na vida partilha da felicidade
Instigador
Inspirador
Eu quero um amor pra vida inteira
Na lembrança parceira...
O amor nunca cala
Pode haver carquilhas
Pode haver muita fala
Ter poucas maravilhas
Ou ser pompa e gala
Amor é da rosa pétala...
Hoje é sexta feira
A cerveja com cara de fim de semana
Dia de leveza, falar bobeira
Ver as horas de forma insana
Vestir a alma de anseio, de baladeira
Porque hoje é sexta feira...
Que não tem nada de santa
Pois agiganta a vontade rueira
Os goles zoeira na garganta
E os convites companheiros
É sexta feira! Somos brasileiros...
Bom final de semana!
Menino Interior
Ainda embalado pela cantiga de Natal
Minh’alma pedala o velocípede com emoção
A bola os aniversários a piorra em coral
Enfeitam a memória da minha recordação
A brincadeira de queimada na calçada
As férias esperadas com ansiedade
O pique esconde com a meninada
Escreveram histórias e felicidade
Hoje acordei pensando no meu menino
O menino ingênuo, menino pequenino
Sorridente, alegre, brilhante, divino
Este menino interior que um dia evoluiu
Perdendo-se na saudade que o subtraiu.
Desenhando o adulto que surgiu...
Ah! Menino por que partiu?
Espinhos
Me arranhei em espinhos
que sangraram a mim
e a minha alma, assim,
num absorto dilema do coração
tatuaram na carne da emoção
marcas de sonhos e paixão.
Uma saudade,
uma lágrima,
um triste olhar,
uma dor a lamentar,
um vazio de carinhos.
Todos espinhos...
Me vi sozinho
acompanhado
sorridente, calado...
Perdido em poemas... (dilemas)
Entre espinhos e flores
afagos e amores
tive o meu poetar como espectador.
Começo sem fim...
Tenho muito guardado para te dar
Que não foi oferecido a ninguém
Todo o tempo e suas horas a ofertar
Tuas são as especiais e mais além
O que importa a tua história
A minha, no caminho do amor
Se desenhou com ou sem glória
Se sincero é o que tenho a propor
Não tem importância o lugar
Nem distância, se comigo estiver
O que importa é poder te amar
E brilho nos olhos eu poder ver
Te adoro, te desejo, sem limite
Quero mais que um simples sim
Quero mais que frases no convite
Quero ter começo e não ter fim...
Atrás da esquina da ilusão
Ficaram os frustrados sonhos
Os momentos enfadonhos
A lágrima de uma saudade
A mentira em forma de verdade
A flor oferecida com amor
Murcha e sem o devido valor
O olhar perdido na contramão
Os soluços da magoada emoção
A infidelidade do amigo
A dor de se ter partido
O amargor do coração ferido
O sangue da injuria pela alma escorrido
O perder-se entre a multidão
Os valores, dignidade, razão
O amor sem o perfume da paixão
Todos, atrás da esquina da ilusão..
Alma do Poeta
Não habita todo o entendimento
Na dor da paixão fragmentada
Apenas parte do sofrimento
Escorre pela carne alvejada
Num complexo ato insano
A esperança vem em porção
Maquiando o olhar profano
Da ilusão cheia de traição
Enquanto aguarda o novo tempo
Reparte o momento em fração
Tentando reciclar o intento
Em alívio, suspiros e emoção
Na poesia não é muito diferente
É a arte manifestando sua meta
Em versos em elos de corrente
Das partículas da alma do poeta
Semente
O tempo não para nos ponteiros
Fecho os olhos e sinto saudade
Ainda ontem eu via os carroceiros
Das ruas da minha capiau mocidade
Aqui inventando um pouco de ilusão
Tanto tenho e quero mais felicidade
Mas sinto falta de quimera no coração
Das madrugadas da vida de sonoridade
Tão inquietas e tão cheias de emoção
E tão bem fazem pra nossa mortalidade
Quero o mar para paliar a minha tristura
Palavras para escrever contentamento
De estes versos tirar esta toda amargura
Pois ainda moço vetusto sou para ter tal sentimento
E se o decesso ainda não veio, quero mais aventura...
Semente de paixão, ter a vida com mais acontecimento.
Do Filho para o Pai
Pouco te tenho agradecido
Deste-me ensinamento, a vida,
Na dificuldade sempre presente
Generoso dá-me o teto que me abriga
Nos conselhos nunca tiveste ausente
Distante é sempre presença amiga
Obrigado, mesmo que pareça tarde,
Por ser este Pai correto
Em momento algum foste covarde
Até na ocasião de braços cansados
Deu-nos só exemplo de honestidade
Dos caminhos que levam a verdade
Mostrando-nos sempre a realidade
Até mesmo de sonhos abdicaste
No seu jeitão de Pai sentimental
Em sua timidez amor foi fundamental
Nunca hábil em demonstrar carinho
Na construção de seu ninho
Foi ereto e com força total
Edificado em seu talento
Cheio de alento
Por mim e meus irmãos
Louvamos por ser este Paizão
De novo segunda feira
Já amanheceu o Domingo numa segunda-feira
Preguiçosa faz a semana dar a sua partida
A marcha do tempo executa sua eterna ida
Na sua jornada contínua desenhando a vida
Segunda feira é foda...
É o passo sonolento do fim de semana
Que não acorda
É o tempo que nos engana
Na ilusão das horas
A lentidão que demora
A moleza que chora
É o dia com cheiro de asneira
De novo Segunda feira...
Três dias pra Sexta feira.