Poemas
Olha este pensa que me está a enganar,
ão tentar dizer que não sei improvisar.
Moço acorda para a vida
e para de viver nessa ilusão,
como é que podes falar tanta treta
se tu nunca na vida tiveste razão.
Vive o momento não vale a pena pensar em vinganças
ajuda mais os teus e acaba com essas desconfianças,
Para quê tanta maldade e tanto rancor
do que vale esta vida se não tens amor.
Agora para acabar tu fica ligado na missão,
cag* para os erros e vê a nossa evolução.
SONETO PRA ALGUM LUGAR
Vamos pra algum lugar que faça sentido
Daqui eu já não escuto as ondas do mar
Aqui se esqueci como é o afeto de se dar
Vamos pra onde o poetar não fica perdido
Quero um sentido que nos dê um olhar
Pra que o sentimento fique embevecido
E não deixar o viver no viver tão partido
E tão pouco o querer sem querer tentar
Se não alcançar o fio do lugar, duvido
Que minha alma na glória irá lamentar
Pois, este é o sigilo do desconhecido
Assim, vem comigo e juntos caminhar
Lá fora o tempo nunca é despercebido
E dentro do peito, doce lugar pra amar!
Luciano Spagnol
Outubro de 2016
Cerrado goiano
SONETO SEM JUÍZO
Meu coração é sem juízo
Vive num mundo de louco
Que corrói pouco a pouco
E é sempre no improviso
Sensações num rebolco
No foco, só tem prejuízo
É vago no que é preciso
Um casmurro... Mouco!
Ah! Que bom que seria
Tê-lo na proeza a fora
E no amor ser ousadia
Entretanto, e agora?
Está cheio de mania...
E saudades de outrora!
Luciano Spagnol
16, outubro, 2016
Cerrado goiano
Horário de verão
ESTOU SAUDOSO
Estou saudoso
De tanta saudade ou de tanto chorar
Só sei que o tempo e vagaroso...
Ou veloz no seu caminhar?
Sei que estou saudoso
E minha saudade não para de soluçar
Um suspiro doloroso
Que só faz saudosar!
Que saudade fiz eu da vida?
Sei lá!
Tudo é chegada e partida
Por que então: - o será?
Se estou cutucando a ferida
Assim, a saudade trará
E a angústia é parida
É eu a desejar. Quiçá!
Mas, se assim é a saída
Deixo estar a saudosar
Sim, saudade n'alma caída
Saudade de não estar
Depois ter recaída
E novamente "performar"
Sim, vontade vencida
E a saudade a saudosar...
Luciano Spagnol
16, outubro, 2016
Cerrado goiano
Horário de verão
O TEMPO (soneto)
O tempo no tempo há tempo
Há tempo para cada boletim
O tempo pra você e pra mim
Tempo de calma e o de vento
Não só se tem o tempo ruim
Tem tempo também de alento
Tempo de paz, ora sofrimento
Mas, sempre tempo no seu sim
Se no muito o tempo é momento
O tempo moderado é um festim
Já o pouco tempo vira lamento
Tristeza, alegria o tempo é assim
Chegar, partir, o tempo é sedento
Pois, sem o tempo, é tempo do fim...
Luciano Spagnol
Outubro, 2016
Cerrado goiano
Quem não sabe ler um olhar, tampouco saberá o alfabeto do amor interpretar...
luciano Spagnol
Cerrado goiano
SONETO DOS AUSENTES
O alvo do meu amor, vai além
Duma saudade na vida vivida
Da ação da chegada ou partida
Sou aquele que do amor advém
Sinto no coração e é sem medida
Até porque, ele que me mantém
No fado, sonhos que nele contém
Pois, são curas pra qualquer ferida
Se há tristura, há alegria também
Junto e misturado, n'alma perdida
Por isso, dele eu sou sempre refém
Vários são os ausentes, e na dor parida
Outros, lembranças, que o afeto detém
Porém, todos histórias de vida repartida...
Luciano Spagnol
Outubro, 2016
Cerrado goiano
SONETO DA FAMÍLIA
Família é assim, muda só o endereço
Se complicada, simples é a tradição
No sangue é o amor, o amor é união
Mas o que mesmo conta é o apreço
No fado a certeza a favor do coração
Nos traços, esboço do fim e começo
Nos problemas, garantia no tropeço
Nas brigas, e arrelias é irmã confusão
Família em família tem direito e avesso
A emergência numa quase legislação
É nome, é sobrenome e de vital preço
Tem pai, mãe, avós, tio, primo e irmão
Tem sim, tem não, tudo nosso adereço
Distante ou próximo é sempre ocasião
Luciano Spagnol
Outubro, 2016
Cerrado goiano
SONETO PRA MIM MESMO
Viva a vida, não se sinta largado
O amor no coração é muito mais
Tire a tristura, não olhe para trás
O caminho por Deus é marcado
A vida é de momentos, de sinais
Se passou, deixe lá no passado
O que derramou esta derramado
E a felicidade nos trazem os ais
Se é o sábio popular, é sagrado
Saudades são os nossos cais
De chegadas e partidas, legado
Então, as quimeras são cruciais
Encare a realidade, diga obrigado!
Pois o passo dado, não volta atrás!
Luciano Spagnol
Outubro, 2016
Cerrado goiano
LÁGRIMA (soneto)
Quando meus olhos leram o cerrado
Umedeceram de lágrima ressequida
Que pagou os meus pecados da vida
E o que devo, ainda num tempo calado
Por outro lado, brada a poesia, e lida
Se não é como gastaria, é um estado
Faço todos os dias, pois me é sagrado
Nela, as lágrimas, escrevo a dor doida
Também rimam a felicidade, o meu fado
No poema misturado, n'alma repartida
Porém, cada lágrima, um sonho sonhado
De lágrima em lágrima, a poesia cumprida
A existência traduzida, o verbo anunciado
E segue, poeto, até a hora da despedida...
Luciano Spagnol
Outubro, 2016
Cerrado goiano
Viva a vida, não se sinta largado
O amor no coração é muito mais
Tire a tristura, não olhe para trás
O caminho por Deus é marcado
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
Família é assim, muda só o endereço
Se complicada, simples é a tradição
No sangue é o amor, o amor é união
Mas o que mesmo conta é o apreço
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
Família em família tem direito e avesso
A emergência numa quase legislação
É nome, é sobrenome e de vital preço
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
SONETO PRUM ADEUS
Tendo a cova por último ornamento
Na incógnita lápide minha pequenez
Lembrança na lembrança, um talvez
Sob a terra o mais vil esquecimento
No redobrar dos sinos, a total nudez
Dum defunto sem data de nascimento
Um ninguém, de solidão e sofrimento
Dos que à vida, na vida foi escassez
Deixei atos em versos de sentimento
Podem até ser os tais sem a polidez
Mas, foram vozes, e não só momento
No adeus, o adeus com total lucidez
Pois se meu fado foi sem argumento
Então, pós morte, perde-se a validez...
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
Tendo a cova por último ornamento
Na incógnita lápide minha pequenez
Lembrança na lembrança, um talvez
Sob a terra o mais vil esquecimento
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
SONETO AO PÉ DO PEQUI
O fado ao pé do pequi, no cerrado
pôs-me a ouvir e um soneto narrar
estórias que eu não podia imaginar
e que fez da gratidão o meu agrado
Era o destino me propondo reciclar
pra me tirar do espírito aperreado
do fútil que estava acorrentado
me dando a chance doutro lugar
Sim, ai eu pude então ser evocado
qual a terra prometida, vim me achar
na eterna busca de ser encontrado
De filho pra pai, pai me vi no olhar
então na compaixão fui anunciado
e entendi o doce sentido de amar...
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
ao meu velho pai
CERRADO NUM SONETO
Bendito és tu, cerrado de cascalhos
que em tuas ramas o belo derrama
num céu imenso e cheio de drama
de exóticas flores e tortos galhos
Escancaraste a janela num monograma
dum horizonte rubro e de secos borralhos
num contraste de luz e sombra em talhos
que a admiração esculpe num panorama
Bendito sejas tu, trançado em retalhos
de relva rastejantes que no chão flama
refrescantes nascentes, e áridos atalhos
E do seu sol poete, poemas declama
ipês florescentes e avoengos carvalhos
que encenam vida, e a vida proclama...
Luciano Spagnol
Outubro, 2016
Cerrado goiano
TANTO (soneto)
Que importa, oh sonho! Se sonhei tanto
Se por ti, tanto e mais tanto, estou aqui
E hoje, pra não ver os olhos em pranto
Vejo o tanto de estórias que eu escrevi
Agora são meus fados, cheios de encanto
Dum destino intenso, que sonhei, e vivi
Se truncados, me foi tanto, que são canto
Cantando tanto, que tanto não esqueci
Se o passado se esvai, o futuro no entanto
É presente na minha felicidade, entretanto
A saudade dói, de não tanto, ter tanto mais
Portanto, o milagre de se ser, eu aprendi
Foi tanto amor, que nele eu tanto construí
E estes tantos na alma, nunca são demais
Luciano Spagnol
Cerrado goiano
ALGO MAIS (soneto)
Eu queria ir além, algo mais que quimera
algo que me abrase, que me punge, arda
e não só consuma o íntimo que acovarda
mas que tirasse o desejo da eterna espera
Queria deixar a alma no tempo acordada
Para ter vivido algo mais, mais primavera
Sem amargar solidão, sem poesia parda
Ou tão pouco, a alegria em uma cratera
Eu queria ter algo mais que um lamento
Queria lembrança de um beijo tatuado
Um olhar eternizado e não de momento
Com tão pouco de mim, e o poetar calado
Eu queria algo mais, sem um sangramento
Dum amor que não tenho... e não só desejado!
Luciano Spagnol
Outubro, 2016
Cerrado goiano