Poemas

Cerca de 72975 poemas

SIMPLES OLHAR.

A felicidade pode não passar de mera ilusão
Que vem pelos nossos olhos e engana nosso coração,
É apenas um substantivo de enganação,
É apenas um momento que poderá ser lembrado, ou não.

O sorriso é uma ação temporária,
Que muitos veem como medalha,
Outros veem com inveja no olhar,
Por pensar que aquilo é verdadeiro e querer participar.

O abraço pode ser confortante, mas com falsidade,
Há sempre o abraço que não queria ser dado de verdade,
Mesmo aquele que é bem apertado
Pode ser mais um que não seria compartilhado.

Já o olhar, Aaah, olhar...
Ele é fascinante,
Ele não mente,
Quanto mais fundo você olhar,
Mais você irá desvendar,
Não existe olhar que engana,
Existe aquele que te causa gana,
Então sempre vai querer mais...
Sempre mais do que um simples olhar faz.

AO PARTIR.

Ao partir, você deixou saudade...
Foi muito o que deu-me:
Amor, carinho, vontade...
E, antes de ir,
Avisou-me que iria partir,
Mas tolo como sou,
Não me preparei,
Apenas imaginava um futuro para nós,
E não conseguia imaginar
Minha vida novamente no singular.
Você foi-se e não levou consigo
Aquilo que conquistou comigo,
Deixando-me um grande embrulho,
Um embrulho cheio de memórias,
Um embrulho que não quero jogar fora,
Mesmo que, às vezes, seja um peso para mim.

Minha terra, richiamo

Ah! Quem há de gabar, recordação impotente e escrava
O que o presente diz, o que a saudade escreve?
- Cutucas, sangras, pregadas nas lembranças, e, em breve
Olhas, desfeito em espanto, o que te encantava...

Passou, andou, e é num veloz turbilhão, a ilusão forjava;
Ilusões. Um dia na inocência, hoje já não mais serve,
A forma, e a realidade espessa, a lembrança leve,
De pureza, canduras, numa quimera que voava...

Quem a prosa achará pra poetar o conteúdo?
Ai! Quem há de falar as saudades infinitas
Do ontem? e as ruas que omitem e agiganta?

E o suspiro muda! e o olhar surdo! o andar mudo!
E as poesias de outrora que nunca foram ditas?
Se calam nas recordações, e morrem na garganta...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
20 de janeiro, 2019
Araguari, Triângulo Mineiro.
Paráfrase Olavo Bilac

VERSOS DE AMOR

Você é tudo aquilo que desejei
tudo que sonhei
e que me faz viver
me faz sorrir, ao te ver...
Com você,
não penso em mais nada
a vida é uma só estrada
você! Afeto tão amado
sonho tão sonhado...
Este teu jeito leve me fascina
teu carinho, meiguice, uma sina
com beijos quentes, me delira...
E nos teus braços ouço a lira
da paixão, tocando pra nós
embalado por tua doce voz...
O toque de sua mão
acelera o meu coração,
o teu cheiro é de terno sabor...
Sem duvidas, és o meu melhor.
Poetados nestes versos de amor.

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
agosto de 2018
Cerrado goiano

Setembrisse

Há em mim uma agonia abrandada
Um ar indecente, instigante, polêmico
Um cheiro de álamo com ar excêntrico
Quando chega setembro voo aflorada
Pelas alvoradas me repagino matutina
Feito um pássaro da manhã mais libertina
Eu me reapaixono por minha pessoa
Me sinto gaivota sobre o mar que avoa
Então eu me setembro em setembrisse
Feito as águas arroladas em crispadura
Igual Hilda Hilst libertada em amavisse
Me beijo aspirante primaveral
Velejo flutuante além do meu portal
Me oceano e me faço vergéis frutíferos
Me amo tanto em jardins paradisíacos...
Nos desejos é onde libero mea-culpa
Dissicuto minha alma sem culpa d’utopia
Em setembro me primavero liberta
Relembro os ciclos me reitero poeta
Me reciclo em finura me rabisco poesia
Amor e loucura a setembrisse me planta
Ah!... Setembro floreiro que de flor me amanta...

CHACAL

Ó Cerrado! ó velho de bravura!
Ó cruel e implacável vastidão!
Que propina solidão ao coração
E ao silêncio lágrimas mistura!

Pois a melancolia, onde é chão
Abre em secura, arde a tristura
Na quietude tal duma sepultura
A dor viva de um atroz bordão!

Tal o contraste! agridoce figura
Aridez, e flores na contramão
De saudades no vazio em jura!

Ó Natureza! Ó Divina criação
Alegria e tristeza em conjuntura
Nasce a privação e brota a ilusão...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
início de setembro, 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando

Silêncio!
As palavras estão dormindo...
Ouço o som dos poemas

Quando a noite apaga a luz do dia...
Acende milhões de estrelas
Ilumina os pensamentos
Que voam feito vaga-lumes
Ofertando lumes de poesias para a lua...

DUETO (soneto)

A minha tristura é uma gargalhada
A saudade um suspiro. Ela chorava
Na solidão onde eu me encontrava
Me deixando além d'alma estacada

Os sonhos pouco ou nada resvalava
Pelo olhar. Não tinha a asa dourada
A saudade ria com a tristura chegada
Sob a cruel melancolia que matava

Do sorriso a saudade fez morada
Sequer de um pranto ela alegrava
Tinha tristura na sinfonia cantada

No dueto: saudade e tristura, aldrava
O coração no peito, da aflição criada.
Então, atrozes, alívio na poesia forjava...

Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Janeiro de 2017
Cerrado goiano

DoDia e DaNoite

DoDia o sol ruboresce
no cerrado torto, desigual
DaNoite o céu estrelece
e os sonhos num ritual...
Banha-se o rosto na bica
fria, da madrugada DoDia
Estórias já são DaNoite, futrica
pois, é o tempo em travessia.
DaNoite e ou DoDia, a poesia plica.
E segui a sina...

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
31 de maio, 2018
Cerrado goiano

Deixe a vida saborear naturalmente, aprecie a força do anoitecer...

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Cerrado goiano
07/06/2014.

DIA DOS AVÓS

Vovô e vovó, seu dia

Hoje o dia é de amor dobrado
É colo de infinita sabedoria
Nos nossos dengos parceria
Vovô e vovó, aqui destacado

Eles, pelo amor tudo renuncia
Ao inteiro dispor do neto amado
Queridos de um afeto açucarado
Em nossas vidas, acolhedora alegria

Como pode ter tanto amor guardado
Neste duplo coração, uno, de magia
Que levamos na lembrança amainado

Vovós, na proteção duplicada, folia
No seu reino o netinho faz reinado
Deste amor geminado com garantia

Luciano Spagnol
Cerrado goiano

CONFISSÃO

Perdoa, pelos tantos erros perpetrado
Pela omissão que em mim acaso calei
A confissão que na falta não confessei
Num tal medo do ser réu no ser culpado

Perdão, se dos enganos eu pouco falei
Quando o silêncio tinha de ser quebrado
E a confidência na confiança ter selado
Mas, na insegurança a coragem hesitei

Na utopia do outro que era equivocado
Levei a ilusão de que ser manhoso é rei
E que num novo dia novo renascia o fado

Se, cedo ou tarde, confesso que errei
Às tantas palavras, se foram desagrado
Perdoa, a nímia mácula que eu causei

Luciano Spagnol
Julho, final, 2016
Cerrado goiano

AMIGOS (soneto)

Onde estarão os amigos na amizade
Aqueles que trilharam ao nosso lado
Na diversidade, no momento calado
Ou aquele aliviado pela boa vontade

Por onde andarão, tivemos um passado
Insólitos prazeres, manhas e civilidade
Os perdoados e os ainda na rivalidade
Apontados na memória com bom grado

Tem também os de nossa intimidade
Tão queridos e pelo coração amado
Sempre relembrados com felicidade

Todos no meu poetar com significado
Com muita e deveras grande saudade
Aqui vai o meu sincero, muito obrigado!

Luciano Spagnol
Agosto, 2016
Cerrado goiano

SONETO EM DESPEDIDA

Até logo! Aqui ficam férteis momentos
do meu viver. Na lágrima levo a aurora
na bagagem o mundo, vou-me embora
o abrigo que cá havia, agora lamentos

Na memória a saudade em penhora
se foi inglória, porque tive detrimentos
e é nas perdas que tem ensinamentos
e vitórias na vida, basta, é hora agora

Nesta mais uma passagem, portentos
vim com amor, e vou com amor afora
tento no coração bons sacramento

Sigo, para trás fica o tempo outrora
o céu claro são alvos adiantamentos
Goiás, despeço-me, a gratidão chora

Luciano Spagnol
Agosto de 2016
Cerrado goiano

ALVORADA NO CERRADO (outono)

O vento árido contorna o cerrado
Entre tortos galhos e a seca folha
Cascalhado, assim, o chão assolha
No horizonte o sol nasce alvorado

Corado o céu põe a treva na encolha
Os buritis se retorcem de lado a lado
Qual aceno no talo por eles ofertado
Em reverência a estação da desfolha

Canta o João de barro no seu telhado
É o amanhecer pelo sertão anunciado
Em um bordão de gratidão ao outono

A noite desmaia no dia despertado
Acorda a vida do leito consagrado
É a alvorada do cerrado no seu trono

Luciano Spagnol
Agosto/ 2016
Cerrado goiano

SONETO "MEA CULPA"

Você que sempre foi especial, errei
Então, no meu erro, desculpa peço
É difícil perdoar! Sei! Árduo regresso
Eu confesso: -com remorso fiquei!

E nesta "mea culpa", algo lhe direi
Se o coração escuta, é progresso
Não é fácil arrepender sem acesso
Tão pouco indulto de quem o fazei

Então, com um afeto lhano modesto
No nada é impossível, o meu gesto
De contrição... Na minha incorreção

Nem tudo na vida nos é tão funesto
Pra que seja no amigo ato molesto
E neste soneto de amor: -Perdão!

Luciano Spagnol
27, agosto de 2016
Cerrado goiano

Cerrado
...Bendito sejas tu, trançado em retalhos
de relva rastejantes que no chão flama
refrescantes nascentes, e áridos atalhos

Luciano Spagnol
Cerrado goiano

Vê lá se ganhas mentalidade,
e encara verdadeira realidade.
Não tenhas medo de ir a luta,
faz por ti olha que a vida é curta.

Eu caminho sobre lama,
e não tenho medo,
eu quero é que se foda a fama,
para mim nao é segredo.

GOTA D'ÁGUA NA ROSA

Chuva rara, clara
na rosa pingo d'Água
lava a mágoa...
- É só uma bágua
ou frágua do cerrado?

É delírio na sequidão
que pingam
nas pétalas soam
nos ouvidos cantam...
E o chão molhado

Chove no cerrado ressecado
céu carregado... Chove!
No sertão em prosa
gota d'Água na rosa.

Luciano Spagnol
Dezembro, 2016
Cerrado goiano
Poeta simplista do cerrado