Poema Sobre Viver

Calarei os maldizentes continuando a viver bem; eis o melhor uso que podemos fazer da maledicência.

Viver sem filosofar é o que se chama ter os olhos fechados sem nunca os haver tentado abrir.

Viver é enfrentar um problema atrás do outro. O modo como você o encara é que faz a diferença.

A maneira mais fácil e mais segura de vivermos honradamente consiste em sermos, na realidade, o que parecemos ser.

Viver é ser outro. Nem sentir é possível se hoje se sente como ontem se sentiu: sentir hoje o mesmo que ontem não é sentir - é lembrar hoje o que se sentiu ontem, ser hoje o cadáver vivo do que ontem foi a vida perdida.

Eu acredito, eu luto até o fim: não há como perder, não há como não vencer.

Tudo quanto vive, vive porque muda; muda porque passa; e, porque passa, morre. Tudo quanto vive perpetuamente se torna outra coisa, constantemente se nega, se furta à vida.

Para fazer uma obra de arte não basta ter talento, não basta ter força, é preciso também viver um grande amor.

Mas eis a hora de partir: eu para morte, vós para a vida. Quem de nós segue o melhor rumo ninguém o sabe, exceto os deuses.

Admiro a terra, quero-a, sempre gostei dela. Sempre me senti feliz por estar vivo: apesar da guerra, das más notícias, não sou capaz de matar em mim a simples alegria de viver.

Parece-me fácil viver sem ódio, coisa que nunca senti, mas viver sem amor acho impossível.

O importante é viver bem, não viver por muito tempo; e muitas vezes vive bem quem não vive muito.

O esforço dos filósofos tende a compreender o que os contemporâneos se contentam em viver.

A experiência direta é o subterfúgio, ou o esconderijo, daqueles que são desprovidos de imaginação. Os homens de ação são os escravos dos homens de entendimento. As coisas não valem senão na interpretação delas. Uns, pois, criam coisas para que os outros, transmudando-as em significação, as tornem vidas. Narrar é criar, pois viver é apenas ser vivido.

O diabo desta vida é que entre cem caminhos temos que escolher apenas um, e viver com a nostalgia dos outros noventa e nove.

Aprenda com os erros dos outros. Você não consegue viver tempo suficiente para cometer todos por si mesmo.

Ninguém é assim tão velho que não acredite que poderá viver por mais um ano.

Se alguém varre as ruas para viver, deve varrê-las como Michelângelo pintava, como Beethoven compunha, como Shakespeare escrevia.

Não abandones as tuas ilusões. Sem elas podes continuar a existir, mas deixas de viver.

Encontra-se sempre, aqui e ali, algum semideus que consegue viver em condições terríveis, e viver vencedor! Quereis ouvir os seus cantos solitários? Escutai a música de Beethoven.