Poema sobre Cultura
A Cultura Ocidental é uma criação do Cristianismo. Retire o Cristianismo e o que sobra de Dante, Chaucer, Shakespeare, Racine, Victoria, Bach, Titian, Tintoretto...?
Nós vivemos em uma cultura totalmente hipnotizada pela ilusão de tempo, na qual o chamado presente é sentido como uma pequena linha entre o "todo poderoso" passado causativo e o "absurdamente importante futuro". Não temos presente. Nossa consciência está quase completamente preocupada com memórias e expectativas. Nós não percebemos que nunca houve, há, ou haverá qualquer tipo de experiência além da experiência do momento.
Portanto, nós estamos fora de contato com a realidade. Nós confundimos o mundo como ele é falado, descrito, e mensurado com o mundo do modo que ele na verdade é. Nós estamos doentes com uma fascinação pelo uso de ferramentas de nomes, números, símbolos, sinais, conceitos e ideias.
Os homens estão mil vezes mais preocupados em ficarem ricos do que adquirirem cultura, embora seja inteiramente certo que aquilo que um homem é, contribui mais para sua felicidade do que aquilo que ele tem.
O problema é o seguinte: a sociedade atual, através das maravilhas da cultura do consumo e do exibicionismo de vidas incríveis nas redes sociais, produziu uma geração inteira que enxerga esses sentimentos negativos (ansiedade, medo, culpa, etc) como problemas.
Você não tem que queimar livros para destruir uma cultura. Apenas levar as pessoas a parar de lê-los.
Nossa cultura valoriza cada um pela imagem de sucesso que a pessoa passa. A felicidade passou a contribuir para o status social. A cultura do contente: ser feliz virou obrigação. Uma armadilha de consumo, pois a pessoa passará a investir em coisas que lhe afirmaram essa imagem. O mais engraçado é que entre os intelectuais, se for feliz demais, tem falta de inteligência crítica!
Separar a liberdade da justiça significa separar a cultura e o trabalho, o que constitui o pecado social por excelência.
Há senhoras que seguem a cultura em bandos, como se fosse perigoso encontrá-la sozinhas.
Há na cultura mundial de hoje toda uma mitologia, toda uma idealização das revoluções, como se não fossem acontecimentos separados, mas sim etapas de uma caminhada em direção à liberdade crescente. Pode-se discernir, de fato, um sentido geral e unitário na sucessão de revoluções — mas ele não aponta na direção da liberdade crescente e sim no do crescimento do poder, no do aumento da distância entre o poderoso e o homem comum.
O que a literatura faz é o mesmo que acender um fósforo no campo no meio da noite. Um fósforo não ilumina quase nada, mas nos permite ver quanta escuridão existe ao redor.
Talvez o racismo aconteça, não só pela cor da pele, mas pela nossa cultura que vem crivada na selva de pedra.
A cultura não faz as pessoas. As pessoas fazem a cultura. Se uma humanidade inteira de mulheres não faz parte da cultura, então temos que mudar nossa cultura.
O amor ultrapassa qualquer preconceito, qualquer cultura, tudo! O amor é maior do que qualquer padrão.
Na tradição britânica, os conservadores são herdeiros de uma cultura insular e que o costume prevalece sobre a razão como o último tribunal de apelação. Seu processo
político é governado por uma constituição não escrita, cujos princípios são uma questão de costume, e não de regras explícitas.
Uma cultura da felicidade e da justiça social pode apenas gerar gente banal e medíocre.
Luiz Felipe Ponde