Poema palavras

Cerca de 42569 poema palavras

*LEÃO*
(de 22 de julho a 22 de agosto)

A mulher de leão
Brilha na escuridão.
A mulher de leão, mesmo sem fome
Pega, mata e come.
A mulher de leão não tem perdão.
As mulheres de leão
Leoas são.
Poeta, operário, capitão
Cuidado com a mulher de leão!
São ciumentas e antagônicas
Solares e dominicais
Ígneas, áureas e sardônicas
E muito, muito liberais.

Desconhecido
MORAES, V. de. A Mulher e o Signo. Rio de Janeiro: Rocco. 1980

O sentido normal das palavras não faz bem ao poema.
Há que se dar um gosto incasto aos termos.
Haver com eles um relacionamento voluptuoso.
Talvez corrompê-los até a quimera.
Escurecer as relações entre os termos em vez de aclará-los.
Não existir mais reis nem regências.
Uma certa liberdade com a luxúria convém.

Manoel de Barros
BARROS, M. Poesia Completa. São Paulo: Leya, 2011.

Palavras não existem
fora da nossa voz as
palavras não assistem
palavras somos nós

(A doença, Poemas Reunidos, Publicações Dom Quixote, 1999)

Ao longo da muralha que habitamos
Há palavras de vida há palavras de morte
Há palavras imensas,que esperam por nós
E outras frágeis, que deixaram de esperar
Há palavras acesas como barcos
E há palavras homens, palavras que guardam
O seu segredo e a sua posição

Entre nós e as palavras,surdamente,
As mãos e as paredes de Elsenor

E há palavras e nocturnas palavras gemidos
Palavras que nos sobem ilegíveis À boca
Palavras diamantes palavras nunca escritas
Palavras impossíveis de escrever
Por não termos connosco cordas de violinos
Nem todo o sangue do mundo nem todo o amplexo do ar
E os braços dos amantes escrevem muito alto
Muito além da azul onde oxidados morrem
Palavras maternais só sombra só soluço
Só espasmos só amor só solidão desfeita

Entre nós e as palavras, os emparedados
E entre nós e as palavras, o nosso dever falar.

Em Março de 79

Farto de todos aqueles que com palavras fazem palavras mas onde não há uma linguagem;
Dirigi-me para a ilha coberta de neve.
A veação não conhece palavras.
As páginas em branco dispersam-se em todas as direcções.
Eu dei com vestígios de cascos de corça na neve.
Linguagem, mas nenhuma palavra.

Não é preciso palavras
Para definir quem sou
Basta olhar-me nos olhos
E me reconhecerá.

Nunca tive duvidas
De que era verdadeiro
A muito e muito tempo
Roubaste-me por inteiro.

Não preciso de dó
Não mereço
Tal sentimento
Sei que o amor que sinto
É energia pura
Que carrego no peito.

O poema é uma bola de cristal. Se apenas enxergares nele o teu nariz, não culpes o mágico.

Os homens deveriam ser lembrados
mais por suas atitudes do que por suas palavras
mais por seus acertos que pelos seus erros
e mais por suas virtudes que pelos seus defeitos.

No toque dos dedos a ternura silenciosa das palavras mudas.
O desejo de se encontrar nua
Despojada de sentimentos entendiantes
Sentir apenas o toque do perfume
De um silêncio brando e desejado.

Se não consegues que em tua vida sejam boas as tuas atitudes, cuida que sejam boas as tuas palavras.

Melhor é ser um bom hipócrita do que um completo errante.

Procuro ser um artesão das palavras. Escrevo e reescrevo
continuamente cada parágrafo, dia e noite, como se fosse
um escultor compulsivo.

Não me peçam razões, que não as tenho,
(...) bem sabemos
Que razões são palavras, todas nascem
Da mansa hipocrisia que aprendemos.

Leia as palavras de um poeta no tempo em que ele era jovem
E encontrarás versos que serão como um elixir para a vida.
Leia as palavras de um poeta quando este começa a envelhecer
E encontrarás versos que mais parecerão um xarope
Que na melhor das hipóteses curará alguma tosse.

No Corpo

De que vale tentar reconstruir com palavras
O que o verão levou
Entre nuvens e risos
Junto com o jornal velho pelos ares

O sonho na boca, o incêndio na cama,
o apelo da noite
Agora são apenas esta
contração (este clarão)
do maxilar dentro do rosto.

A poesia é o presente.

Modinha

Tuas palavras antigas
Deixei-as todas, deixei-as,
Junto com as minhas cantigas,
Desenhadas nas areias.

Tantos sóis e tantas luas
Brilharam sobre essas linhas,
Das cantigas — que eram tuas —
Das palavras — que eram minhas!

O mar, de língua sonora,
Sabe o presente e o passado.
Canta o que é meu, vai-se embora:
Que o resto é pouco e apagado.

Se para bom entendedor, meia palavra basta,
para quem entende além das palavras,
o silêncio total é um livro inteiro...

Antes eu só engolia palavras,
agora engulo expressões,
daqui a pouco estarei a engolir frases inteiras,
até o momento em que não escreverei
mais sequer uma vírgula...

O principezinho, que me fazia milhares de perguntas, não parecia sequer escutar as minhas. Palavras pronunciadas ao acaso e que foram, pouco a pouco, revelando tudo.

[O Pequeno Principe cáp. III]

Bella: Você tem trinta segundos pra me falar todas as palavras antes que eu dê Renesmee pra Rosalie e arranque sua cabeça fora. Seth não poderá me parar essa vez.
Jacob: Jesus, Bells. Você não era tão melodramática. Isso é uma coisa de vampiro?
Bella: Vinte e seis segundos.

Palavras são erros
E os erros são seus
Não quero lembrar
Que eu erro também...