Poema palavras

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DITO E NÃO FEITO

São palavras demais pra poucos atos;
muito arroto pra pouca digestão;
tantos tratos, tão raros cumprimentos,
combustão de falácias e fachadas...
Há discursos banais, nenhum decurso
que se mostre fiel aos seus efeitos;
medram pleitos, comícios, pregações,
faltam obras; empenhos; atitudes...
Vejo línguas e farpas, ouço brados,
punhos "brabos" se fecham nos coretos
ou nos guetos; estádios; avenidas...
Mas as vidas não seguem seus glossários;
todos querem calvários vantajosos;
guerras feitas de festas e festins...

Inserida por demetriosena

PARTO NORMAL

Demétrio Sena, Magé - RJ.

As palavras perfeitas pra poesia
não se guardam nos vãos do dicionário,
nem o tema ideal se trancafia
numa caixa obscura; num aquário...

Um poema bem menos literário,
natural como a noite, a luz do dia,
põe o santo mistério do sudário
na leveza dos tons da boemia...

Quem aprende a deixar que seu poema
flua inteiro, palavras, tons e tema,
já conhece o segredo estrutural...

O poeta é somente o jardineiro;
colhe a flor, está sempre no canteiro,
porque sabe que o parto é natural...

Inserida por demetriosena

PALAVRAS

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Não existe nunca mais
que seja para sempre,
nem pra sempre que perdure
até nunca mais.

Inserida por demetriosena

ADORAÇÃO

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Vou levando esta carga de silêncio
entre tantas palavras escolhidas,
tantas idas e vindas pra depois
nunca ter avançado além de mim...
Meu segredo faz mímica, insinua,
dá sinais e recolhe seus contextos,
algo atua em meus lábios que desviam
as denúncias do corpo réu confesso...
Feito alguém que faz prece a uma imagem
eu te amo, és a minha idolatria,
liturgia de fé à toda prova...
Minha bênção não vem, mas não importa,
pois te adoro na porta pro infinito,
onde o mito eterniza meu amém...

Inserida por demetriosena

AS PRIMEIRAS PALAVRAS

Demétrio Sena, Magé – RJ.

O pirralho do vizinho demorou bastante a falar. Começou com mais de três anos. Mas era uma criança esperta. Começou logo a brincar na rua e sabia brincar de tudo. Jogava bola, jogava pedra em cachorros e gritava mais alto que todos os meninos.
Quando iniciou as falas, ficou muito tempo com um vocabulário escasso. Além disso, falava tudo truncado. As duas primeiras palavras que aprendeu a falar, não saíam de sua boca. Ele sempre as dizia em alto e bom som. Às vezes em separado, e às vezes tão juntas, que pareciam a mesma palavra. Levei meses para saber o que significavam pôia e calalo. Não houve dicionário que decodificasse para mim. Procurei em tudo quanto é canto, e nada. Nenhuma fonte. Nenhuma pessoa soube me dizer.
Só tive como saber o que eram pôia e calalo, no dia em que o moleque levou um tombo e a mãe correu, em desespero, para socorrê-lo com álcool iodado. Quando a pobre mulher passou o álcool no joelho ferido do menino, rapidamente compreendi o que pesquisei por tanto tempo, sem nenhum resultado. Também percebi que nunca estive só em minha ignorância com relação ao vocabulário estreito e complexo da referida pestinha. Em especial, no tocante ao mistério dos dois inseparáveis e distintos vocábulos.
Todos ficaram visivelmente assustados e boquiabertos com a imediata compreensão das tais palavras complexas, ao escutarem os gritos desesperados do menino: “Chega, mãe! Chega, mãe! Essa Pôia tá doeno pla calalo!”.

Inserida por demetriosena

⁠TRAUMA SOCIAL

Demétrio Sena - Magé

Tenho trauma dos rostos fugidios,
das palavras catadas nas respostas,
dos vazios nos olhos e nos lábios,
dessas costas pesadas e covardes...
Os que fogem da hora da conversa
que seria difícil por ser franca,
quem arranca desculpas pra não ter
que lidar com incômodas verdades...
É imenso meu trauma dos medrosos
quando tudo ameaça desnudar
seus intentos lodosos de mentir...
Dessa gente que foge de si mesma
e consegue amputar a consciência,
pra não ter a decência de crescer...
... ... ...

#respeiteautorias É lei

Inserida por demetriosena

⁠L.e.m.b.r.a.n.ç.a.s
Brincadeira literária com palavras e expressões pré-escolhidas

Ainda menina, corria pelas ruas, pés no chão.
Brincava muito; pulava; pedalava bicicleta com guidão alto que atrapalhava o roteiro de minhas andanças.
Quantas vezes, distraída, estatelava-me por cima de pedras e tijolos. Resultado: esfoliação dos joelhos, além da luxação de dedos e tendões.

Tudo isso acontecia em frente à casa da vovó, que dizia ter nascido longe, muito longe. Num lugar muito frio, cheio de mares e de gente feliz!
A cidade em que nasceu se chamava – e ainda se chama -, Copenhagen, dizia vovó sempre contente.
Sua especialidade na cozinha remete-me às melhores lembranças. Lembro de seu inesquecível bolo de chocolate molhado, assim chamado por seus netos.

O bolo foi adaptado com ingredientes da nova terra, dizia.
A calda que recobria o bolo era levemente picante – sua marca inconfundível, cujo segredo nunca fora revelado às suas curiosas comadres, aos parentes e vizinhos.
Quando, nas noites frias, era indagada sobre tal feito, respondia sorridente e com seu sotaque inesquecível:

__ Hej, godnat, tak (1) pur perguntar, ér u cheirrú dáo ’Dinamarrk (2) ki tragú cómiga i, sempre kipóossuû, ponha’ um pitadãñ nu cardã di chucollate’ parra trazerr meo paisse maiss prróximuû...

Para trazer sua Dinamarca mais perto ainda, e brincar com seus ouvintes, emendava umas palavras dinamarquesas, deixando-as mais longas e à moda alemã, como:

__ Speciallaegeprakisplantaegningsstabiliseringsperiode!!!

Todos riam sem entender nada e, provavelmente, naquela altura de sua vida, nem minha avó querida!

(1) Olá, boa noite, obrigada...
(2) cheiro de Dinamarca

Agosto/2022

Inserida por hidely_fratini

⁠PALAVRAS... LAVRAS
(Essencial é ver; ser, basta!)

Não há palavras! Há.
Esperar?
Não há por quê. Para quê?

Silêncio...
Tristeza...
Invisibilidade!

Não sou.
Sou?
Ser!

Essência,
Basta?
Que bosta!

Universo
Terra/ mar/ ar...
Misture tudo!
Nada?
Vazio!

Dez/ 2017

Inserida por hidely_fratini

Não me diga eu te amo, pois palavras não são provas de amor.
Amar é poder contar com o outro em qualquer situação.
Ouço muito essa frase: Eu te amo. Mas, dos tantos que me dizem como quem diz: sabe onde fica o shopping?
Com quantos deles poderei de fato contar?
Quando a dor chegar, quando a solidão bater,
quando eu perder alguém?
Quantos destes estão realmente dispostos a dar o seu tempo, abrirem suas casas, suas vidas e seus corações para mim?

Inserida por JaneSilvva

⁠"As palavras de amizade e conforto podem ser curtas e sucintas, mas o seu eco é infindável. Madre Teresa de Calcutá"
Grande Madre, " Você não daria banho num leproso nem por 1 milhão de dólares, nem eu, só por amor se dá banho num leproso"
A Madre dava banho em leproso, a noite, na escuridão, nos guetos (favelas), de Calcutá (Índia).

Inserida por Ademarborba46

⁠Você seduz só na forma de olhar, com poucas palavras, consegue o que quer, persuasão sempre foi o seu dom, no jogo do amor não faltou sedução.
Na vida sem rumo procurando amor
Caráter em falta, ilusão que sobrou.
Um dia, quem sabe, amanhã talvez
Surja o amor que tanto sonhou

Inserida por joao_galvao

⁠Às vezes as palavras são insuficientes para expressar o que sentimos por alguém.

O mais engraçado é que as palavras, às vezes, também não são necessárias.

Uma música, um chocolate, um desenho, uma simples rosa tem o extraordinário poder de dizer tudo que sentimos.

Inserida por silviocaetano

⁠Quando o ego está ferido, a mente fica a deriva a mercê do vento. Qualquer sopro de palavras transforma-se num tornado de emoções. Aí a personalidade se concretiza.

211115

Inserida por J6NEMG

⁠Em uma sociedade hostil, as palavras de ordem que melhor se encaixam são:
Discordo; Respeito.

060922

Inserida por J6NEMG

⁠AMOR PLATÔNICO

Teu corpo absorve e regenera o que meu abraço consome,
Entre tantas palavras
Só ouço o teu nome.
A tua face , o teu sorriso,
Me deixa em êxtase.
Amo-te loucamente
Com esmero e devaneios,
Enxergo claramente o teu corpo ao meu,
Aquela beleza alva
Sedutora e calma,
A dilacerar o
Tímido coração,
Portador deste ingênuo e avassalador
Amor platônico.
É sangue na veia
Feito uma teia
Que a aranha tece
A Lã de fios dos amores
O bendito fruto,
Solo fértil de dores
É esse universo de amar.

090819

Inserida por J6NEMG

⁠Quando estou a dissertar oralmente, vejo a ingratidão das palavras. As fasceiras saem em disparada; penso que por timidez ou seria traquinagem? Entretanto na dissertação gráfica, vejo aquela luta. Ouço aquele burburinho, o alvoroço das palavras na busca de uma oportunidade, para se encaixarem num hiato, em um dos meus pensamentos.

060224

Inserida por J6NEMG

Se sou poeta?

Sei lá!
Eu sei rimar,
poetizar,
com as palavras
brincar.

De uma lágrima
faço rima,
de um sorriso,
faço rima,
das tristezas,
faço rima,
dos dilemas,
faço rima.

E como diria Lispectro,
com o cal do meu dia,
faço minha poesia.
(...)

Então, sou poetisa?

Inserida por barbaramelosiqueira

Faz tempo

Sei, já faz tanto tempo...
tantos anos, já se foram
lembranças esquecidas
palavras, jamais ditas.

Faz mesmo muito tempo
foram muitos desencontros
palavras ríspidas, infelizes
dores deixadas na alma.

Sei, faz muito tempo...
tantas lágrimas derramadas
suspiros, olhares gélidos
dias sofríveis, eu sei...senti.

Faz mesmo muito tempo
que este amor resiste
ele ainda clama pela vida
vive ele em minha vida.

Sei, já faz tanto tempo
que eu o amo assim
faz mesmo muito tempo
que te tenho em mim.

Inserida por barbaramelosiqueira

25 de Abril sempre!

Deram-me confiança,
com as palavras certas,
como uma criança
que vê a esperança
de portas abertas...

Entrei na quimera
dos Homens de Bem,
e sem muita espera,
vi que a primavera
não lembra a ninguém...

Viva a liberdade!
Já ninguém conspira!
De livre vontade,
quem fala a verdade
passa a ser mentira...

Salvam-se ou doutores,
outros de igual porte,
sem que os bastidores
mostrem sonhadores
com a mesma sorte...

Assim, o alimento
das frases discretas
nutre o pensamento,
com descaramento
de alguns poetas...

E nessa empreitada
do que mais convém,
vi nesta saldada
que nem Deus agrada
aos Homens de Bem.

Inserida por AntonioPrates

⁠"Acreditar nos concebe.
Não há bordas para se agarrar, meias palavras ou estórias onde abrigar-se.
Sem essa credulidade, nem o amor é de fato benevolente.
E o afago do descrédito agiganta-se em momentos de expiração lépida e vulnerável que nos desfaz"

Inserida por WanderLRG