Poema Ordem e Progresso
Quando penso nesse mar de ilusão
Quando vejo eu perdido em mim
Tenho para mim que a lua se afastou
Tenho para mim que a luz do sol sucumbiu
Se a vida que levo não se mostra nesse ápice
Se não vivo em uma louca euforia
Num pequeno quarto, no fim de um agosto frio.
Vejo pela janela alguns pássaros a voar
Tendo para mim que a liberdade é um privilégio
Enquanto os mortais procuram um sinal de alegria
Tenho se juntado a eles.
Mas dessa vez, não cai nessa, não sou mais um mero mortal
Sou um pássaro que voa nos pensamentos,
Livre em pequenos e grandes vislumbres imaginários
Num pequeno quarto no fim de um agosto frio
Não tem limites nessa hora, a solidão da alma se vai para longe
Pois todos estão juntos e estamos sós nesse universo
Somos pequenos e grandes como o universo de uma célula
Iludidos imaginando, que por um acaso o sistema
Nos reserva algo maior
Mas dessa vez, não cai nessa, não sou mais um mero mortal
Sou um pássaro que voa nos pensamentos,
Livre em pequenos e grandes vislumbres imaginários
Num pequeno quarto no fim de um agosto frio
Aaahh, como eu queria ser um pássaro
Livre e solto nessa imensidão
Nesse céu azul tão grande e calmo
Nesse universo ao alcance de minhas mãos
Mas dessa vez, não cai nessa, não sou mais um mero mortal
Sou um pássaro que voa nos pensamentos,
Livre em pequenos e grandes vislumbres imaginários
Num pequeno quarto no fim de um agosto frio
QUADRAGÉSIMO SEGUNDO HEXÁSTICO
Deves abortar a ignorância:
Assassina confesso d´alma.
Deves parir toda virtude:
Senhora das integridades.
Da ignorância resta mentiras!
Da virtude, conhecimento!
FILOSOFIA DO AMOR
De João Batista do Lago
O amor esse desdouro
inquietante e avassalador
banha o corpo de torpor
e a alma sangra no matadouro
e o sangue escorre pelo ralo das veias
enrijecendo o corpo inteiro
e grudando-o na cruz do madeiro
O amor, meu amor, não é brincadeira
Ele está sempre à frente e também na traseira,
fica do lado direito, mas também no lado esquerdo
muitas vezes ele chora
outras tantas desespera
muitas vezes vai embora
outras tantas fica e implora
Esse maldito do amor
que ninguém sabe onde nasce nem quando
trucida os amantes incautos
enganando-os com a paixão
e dos imprudentes brinca e troça
faz quermesse na jugular das emoções
onde leiloa beijos e carícias vãs
Ah, esse sujeito vagabundo
que faz juras em desmedida profusão
prosta os amantes querelantes
debilita a palavra sussurro
derruba o abraço mais profundo
humilha o beijo com o escarro
e subjuga o gozo na raiva do presente
Enfim, ó tu louco e eterno amor
que vagueia sensações despudoradas
és o príncipe do desconhecido
a quem se busca em vidas desesperadas
alcançar a sinfonia do perfeito verbo
onde pretendemos abrigar os corações
escarlates de vidas de humanos carentes
QUADRAGÉSIMO TERCEIRO HEXÁSTICO
Assenhora-te do espelho
Refletor de todos os caos
Ainda para ti irrevelados
Debulha-te duplo narcísico
Toda estética será falsa
Se nela faltar toda essência
Às vezes é apenas um momento
uma doce lembrança que vem
e quebra o silêncio da noite.
Da janela entreaberta
um aroma de flor invade:
presságio de poesia
E aos poucos as palavras
se aproximam
se engatam
se unem
e um poema nasce:
a vida acontece.
DIFRAÇÃO
Esse costume de ir deixando
Parte de quem somos
Um pouco aqui
E um pouco ali
Á cada lugares que pisamos
E ao final das contas
Permanecemos inteiros
Mas fragmentados pela estrada
Onde cada frase dita
Pode ser parte da minha difração
Desvelos
Em desvelos de lençóis
Sonhar Sonhei
Ria dessa fantasia
E distanciosamente
A tua companhia
Nadei nas expectativas
Criei asas e não voei
Não te vi...
Mas pensei
Que aconteceria
Então acordei
Desse sublime sonho
Que apago
Mas volta.
A DANÇA
Agora já tarda
O ponteiro não para
Sem intervalos nem pausa
entro na dança
Erro passos
Cometo delitos
E muito sem querer
Encontro o teu retrato
Não culpo a moldura
Então mudo o cenário
me acostumo com o ritmo
Se burlei o esquecer
Ele apenas retorna
No infringir do entardecer
BAGAGEM
És minha tormenta
passaporte para solidão
Não sei como seguir
A sombra da tua direção
És meu erro
Minha melhor estação
Afaga o meu defeito
Num riso arrependido
De incomparável medo
Não retrocedo, sigo
Canso sem parar
Num corte não desisto
Vou em frente, Sigo
É mais leve que alterne
As prioridades Que carrego
comigo na bagagem
MANIFESTO BORBOLETA
Hoje pela manhã
primeira vez do meu olhar
Com um lindo panapaná
Lisonjeada e sem acreditar
Não há quem vendo aquilo
Não pare um instante
Pra com calma observar
Aquela cidade pequena
Ruas vazias e amenas,
tomadas por essa cena
cercada pela enchente
Em nove de fevereiro
Num ano décimo sexto
A planta sobre pedra
Já estava decorada
Das pétalas alaranjadas,
Por todos os lados,
E todas as ruas
Tenho algo á Declarar...
-De todos os coletivos
Ah, eu prefiro,
Um lindo panapaná
Bem cedo, pro dia bem
Eu começar
Aquelas borboletinhas
Levaram meus pensamentos
Em suas asas á voar
Ligeiras e sem rumo,
Lá se ia a greve
De um lado á outro á migrar
Monarcas Que instigam,
os olhos de quem na vida
já pôde contemplar
Depois de tudo isso
Afirmo que no mundo
Ainda há esperanças
Baseado na confiança
Da lagarta de charneira
Achando que sobreviva
Á sua Jornada
E vendo o fim
Sem ser rotulada
Tão triste o desfecho
Das tão cheias de coragem,
batem as asas de flor em flor
Vem borboletinha
Pousar na minha mão
Contagia todo sorriso
E alegra meu coração
ANELOSER
Á cada volta
Significados gravados
Raizes intensas
Licenciosas em anelo
Do viver distensas
Calibradas entre passos
Caminhos não percorridos
Sorrisos entrelaçados
Uns bem resolvidos
E outros mal acabados
FERRADOR
Ferrar ou não ferrar o burrinho
Eis á questão
Qual nome colocar ?
Não importa!
A judiação acontecerá
Desconhecia
Não sabia sequer
Quanto mais letras
Mais queimado sairá
Que dó, pra que tanta judiação?
Em ano de tanta tecnologia
E tanta informação!
Não podes inovar?
Não podias de couro marcar?
É por que não se lembram
Do burrinho á ferrar
Não consigo nem imaginar
E parte disso não quero estar
-Vá levar no ferrador!
-Ai meu Deus, logo eu ?
Eu que não tenho coragem
Por mim burro nenhum
Ferrado será
Não sabendo eu
Se á necessidade me fará
Ferrador ou não.
EU LABIRINTO
Minha mente é um labirinto
entre!
E se perderá
Não queira mofar
Nas elevadas confusões
Em minhas indecisões
Sentado num chão
Caído em círculos
Fruto da dialética
Da saída, Não sentida
Rápida despedida
Lembrança apoiada
Em travesseiro inquieto
Se te olho me desperto
Se me esbarro, lembro
E se me perco, me encontro
Sou assim
Se quero dou as pistas
E você encontra o caminho
Entre tantas
Inacabadas saídas
Amigos de coração!
Sinto o sentimento que faz sentir
Sinto que meu sentimento me faz refletir
Sinto aqui na alma meu coração pedir
Para dos meus amigos do peito não me despedir
Sinto que é mais forte do que eu,
E ainda é meu amigo, até o que já morreu
pois a amizade é uma coisa eterna
e não uma coisa boba que o coveiro enterra.
Amizade se conquista e se faz
Os inimigos da minha vida eu passo pra traz
Deixo a vida me levar até onde conseguir
Pois tenho meus amigos pra me seguir
Com eles tenho a maior segurança
Pois nossa amizade vem dês de criança
Estamos juntos dês de sempre e assim continuará
Pois nossa amizade é grande de mais pra se acabar
Nem ventos fortes nos derrubarão
Pois somos verdadeiros amigos de coração.
Incógnita.
Tão perfeita e sinistra
De mecanismo circular
Tudo é independente
Das mãos humanas, a trabalhar
Natureza misteriosa...
Tu me fazes pensar
Que o mais sábio
É o nosso Deus
Que a este mundo tenebroso
Veio embelezar
Quando do verbo fez real
E a ti, se pôs a desenhar
Matemáticos eficientes
E cientistas inteligentes
Ainda procuram...
Tua formula desvendar.
METAMORFOSE
Afogada em seus mistérios
Escapando a cada nado
Num infinito de mansidão
Das presas selvagens
O seu olhar profundo
Que só pertence á ti
No teu semblante
Os teus cabelos balançam
Como borboletas
Que voam
Que pousam
Que adormecem
Me enlouquecem
Numa freqüente metamorfose
ROSAS DA COR DO MAR
Há um caminho, já percorrido
Hum tão tempo
Se não me falha memória
Cujo chão é cor de rosa
Na arena tem estrelas
Soltas, desprezas
Lá no céu há branco paz
Nesse ar desatado ...
As sujeiras por sua vez
Não podiam faltar
Afinal, qual lugar
Que tem uma marca pra deixar
Não deixam...
Sujeiras rosas nesse mar
Folhas de outono
Aquela fina e leve seda
Transparecia o teu corpo
Encostava em tua pele
Após uma palestra
A volta pra casa era distante
E o meu corpo pedia,
Somente descanso
Foi quando Num instante
Eu me despejei
Lancei meu corpo
Sobre aquele banco de madeira
Banquinho de praça mesmo
O sol pouco nítido,
embaçado num clima abaixo de zero
Era tudo o que se podia ver
Naquela tardezinha...
Era outono, E haviam galhos
muitos troncos e galhos despidos
Pelo contratempo da estação
Folhas semelhantes á flores
Amarelinhas, que passeavam
Levadas por qualquer vento
Onde uma e outra, caiam sob mim
E uma jaqueta se certificava
de me agasalhar
E me proteger
Daquele espetáculo natural
Ensaiado e encenando
Destaque anual
E uma mutidão de solidão
Passou ali
Foi quando me enchi de coragem
Minhas pernas me deixavam sob os pés
Meus braços se abriam
E eu sentia aquela brisa me balançar
como aquele pneu pendurado numa corda
Esperando qualquer dia
Que uma criança sequer
Perceba o quão bom é
Se balançar no outono
Num finzinho de tarde
No caminho de casa.
Ventania
Essa ventania conturbada
Balança os galhos
Caem as folhas de outono
No telhado da prima
A Prima Vera
Levam raiz, de galho em galho
Que em dureza se desdobra
E não transmutam
Nem voam
E ao serem flexíveis ao vento
Com toda sua intensidade
Força e perversidade
Ali permanecem
Então chega uma hora
Que cansam os ventos
E a árvore continua á morar
Em sua terra natal
Outrora com renovo
Em suas folhas que sombreiam
Da casinha
o nosso quintal
OS TEUS EUS DE MIM
Entre risos e salto agulha
Minha desajeitada ironia
Rápidas chamas
Entre olhares Indesfrutáveis
Compacto num sentir
Exagerado de amar
Lá mesmo me distraio
nos seus eus de mim
Ainda me restam
Tua rasa intensidade
afogadas em maldade