Poema o Mundo Gira
(...) e é assim que cada dia começa: desejando que não tivesse começado, desejando viver no mundo dos sonhos, ou transformar meu mundo real num lugar que eu possa viver, não sobreviver.
Tanto tempo depois que Ana me deixou, e eu sobrevivi, que o mundo foi-se tornando aos poucos um enorme leque escancarado de mil possibilidades.
Depois eu lembrei que todo mundo passa mas ninguém fica e tive vontade de chorar o choro mais longo e pesado do mundo. Eu tive vontade de dormir no peito dele, em cima da camisa ridícula dele. Mas eu fui embora antes que isso pudesse ser mais uma lembrança para o meu jovem mural amarelado.
Minha pureza era linda, Zé, mas ninguém entendia ela, ninguém acolhia ela. Todo mundo só abusava dela. Agora ninguém mais abusa da minha alma, nem do meu coração, pelo simples fato de que eu não tenho mais nada disso. Já era, Zé. É isso que chamam de ser esperto? Nossa, então eu sou uma ninja. Bate aqui no meu peito, Zé? Sentiu o barulho de granito? Quebrou o braço, Zé? Desculpa.
Nota: Trecho da crônica "Zelador".
Nunca houve – em todo o passado do mundo – alguém que fosse como ela. E depois, em três trilhões de trilhões de ano – não haveria uma moça exatamente como ela.
Houve neste mundo casamentos mais fabulosos, cerimônias mais memoráveis, mas para mim o nosso é o mais lindo, por que apenas nele celebra-se a união de nós dois.
Jesus, liberte este mundo do veneno do mal, da violência e do ódio que polui as consciências; purifica-nos com o poder do seu amor misericordioso.
O mundo está mudando muito depressa. Na verdade isto não me surpreende nem um pouco. Mas eu deveria ficar surpresa por não estar surpresa...
O que é esta matéria que compõe o mundo? O que foi que explodiu há bilhões de anos? De onde ela veio?
Somos uma centelha da grande fogueira acesa há bilhões de anos no Big-Bang. Fico pensando se não há alguém lá longe, na imensidão dos anos-luz... Afinal nós também somos poeira estrelar...
Minha maior dor é não saber fazer a única coisa que me interessa no mundo que é amar alguém...(...) Me perdoe pela loucura que é algo tão pequeno precisando de amor e ao mesmo tempo algo tão grande que expulsa o amor o tempo todo. Eu sou uma sanfona de esperança. Eu tenho estria na alma."
Saía enfim do mundo odioso de Taine, de Renan e de outros Moloques do século XIX, dessa prisão, dessa horrível mecânica inteiramente governada por leis perfeitamente inflexíveis e, para cúmulo do horror, cognocíveis e ensináveis.
E você fala com a voz mais baixa do mundo que não queria ter de ir embora. E eu te peço, com a voz mais baixa do mundo, pra você ficar.
A gente costuma achar que o mundo inteiro pensa da mesma forma que a gente. A gente costuma achar que somos amados pelos mesmos motivos pelos quais amamos. A gente ama e, inconscientemente, encomenda um amor igual. O que nos bate a porta não é menor, não é pior, é diferente. É o amor que um outro alguém construiu, esperando receber em troca um espelho do que sentia.
Já que não tenho coragem de assumir minha loucura, queria que ao menos algum canto do mundo me acolhesse. E me abraçasse e dissesse que tudo bem, tudo bem de vez em quando eu perder assim a razão ou o equilíbrio. Eu queria que existisse um canto do mundo que nunca me dissesse ‘’ei, você se expõe demais’’ e que me deixasse ser assim e apenas me deixasse ficar quietinha e quente quando o mundo resolvesse me magoar porque eu sou briguenta, mas sou mais sensível que maria-mole na frigideira.
A família, a monogamia, o romantismo. Em toda parte o sentimento de exclusividade, em toda parte a concentração do interesse, uma estreita canalização dos impulsos e da energia.
Falta de ar, falta de espaço; uma prisão insuficientemente esterilizada; a obscuridade, a doença, os cheiros.
Já sentiu que sua vida não é real? É como se eu saísse de mim, me visse fazer coisas, viver minha vida, mas nada é real.