Poema Infantil de Vinicius de Moraes

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Querendo prevenir males de ordinário contingente, o homem prudente vive sempre em tortura, gozando menos do presente do que sofre no futuro.

A beleza é uma letra que se vence à vista, a sabedoria tem o seu vencimento a prazos.

A intolerância irracional de muitos escusa ou justifica a hipocrisia ou dissimulação de alguns.

A inveja, que abrevia ou suprime os elogios, é sempre minuciosa e prolixa na sua crítica e censura.

A modéstia é para o mérito o que as sombras são para um quadro. Dão-lhe forma e relevo.

Todo o argumento permite sempre a discussão de duas teses contrárias, inclusive este de que a tese favorável e contrária são igualmente defensáveis.

O amante é um arauto que proclama onde existe o mérito, o espírito ou a beleza de uma mulher. Que proclama um marido?

As paixões perdoam tão pouco quanto as leis humanas, e raciocinam com mais justeza: não se apoiam elas numa consciência que lhes é própria, infalível como o é um instinto?

Os homens são poucas vezes o que parecem; eles trabalham incessantemente por parecer o que não são.

Nunca a polícia terá espiões comparáveis aos que se colocam ao serviço do ódio.

Depois do espírito de discernimento, o que há de mais raro no mundo são os diamantes e as pérolas.

Quem sem descanso apregoa a sua virtude, a si próprio se sugestiona virtuosamente e acaba por ser às vezes virtuoso.

Para o homem, apenas há três acontecimentos: nascer, viver e morrer. Ele não sente o nascer, sofre ao morrer e esquece-se de viver.

O pretexto normal dos que fazem a infelicidade dos outros é de quererem o bem deles.

Não existe vício que não tenha uma falsa semelhança com uma virtude e que disso não tire proveito.

Não devemos julgar os homens por aquilo que eles ignoram, mas por aquilo que sabem, e pela maneira como o sabem.

Os bons conselhos desagradam aos apaixonados como os remédios aos que estão doentes.

Soneto Sentimental à Cidade de São Paulo

Ó cidade tão lírica e tão fria!
Mercenária, que importa - basta! - importa
Que à noite, quando te repousas morta
Lenta e cruel te envolve uma agonia

Não te amo à luz plácida do dia
Amo-te quando a neblina te transporta
Nesse momento, amante, abres-me a porta
E eu te possuo nua e frígida.

Sinto como a tua íris fosforeja
Entre um poema, um riso e uma cerveja
E que mal há se o lar onde se espera

Traz saudade de alguma Baviera
Se a poesia é tua, e em cada mesa
Há um pecador morrendo de beleza?

Toda a nossa ciência comparada com a realidade, é primitiva e infantil - e, no entanto, é a coisa mais preciosa que temos.

⁠A tirania infantil prevalece cada vez mais nos lares, com filhos egoístas, individualistas, materialistas, consumistas, ingratos e carentes de empatia, sensibilidade e afetividade.

Consideram-se o "centro do mundo", enquanto os pais são relegados a servi-los exclusivamente.