Poema Hamlet

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⁠Hamlet Cabisbaixo

Segundo Hamlet, o que diria sobre postar fotos no instagram? Ele é o personagem fundador da modernidade, primeiro homem moderno onde a metafísica não possui poder e apesar de por sua peça aparecer 3 aparições de um fantasma, apesar da peça promover discursos religiosos sobre o enterro de Ofélia ser lícito ou não, sobre o príncipe matar ou não o rei Cláudio, com medo de que o matando ele vá para o céu, porquê estava rezando.
Dono de seu destino, ele é o primeiro personagem que vive “O Príncipe”, de Maquiavel, tem a crença no poder do eu e na glória. Estamos diante de quem toma poder através de lógicas e estratégias e a crença no poder do nosso eu, da ação e da liberdade.
Sendo assim, é a glória e a tragédia em nosso tempo e exclusivamente a nossa crença profunda no eu, e o primeiro ser que proclamou o eu como elemento fundante do mundo e a primeira coisa que eu tenho que fazer é consertar a Dinamarca. É dele, e de mais ninguém, o poder de se proclamar e a decisão de não se matar. Ele é, sobretudo, um grande crítico da retórica da etiqueta, dos personagens que interpretam o tempo todo e que sempre dizem apenas o que deve ser dito.

Inserida por samuelfortes

Roupas & ⁠Hamlet



" Estes trapos que adornam a desgraça "

Esse trecho é muito interessante, porque ele com isso quis dizer que pouco importa suas vestes, mesmo sendo de um nobre, fazem nada mais que adornar alguém entristecido e inconformado. O que no caso, é ele e eu mesmo.

Inserida por samuelfortes

Erasmo e a Porta

É necessário que pela primeira vez na vida, diz Hamlet em todos longos os monólogos, que você consiga dizer apenas o que as coisas são, e para isso, Hamlet teve que se fingir de louco. Porque como escreveu Erasmo de Roterdão e, publicado em 1511, Elogio da Loucura, às vezes é necessário ser louco para dizer o óbvio. Às vezes é preciso ser louco para dizer que todos os problemas que nos são mostrados, são problemas falsos, para que nós não vejamos os reais. Que todas as festas, são um barulho alto para impedir que eu expresse a melancolia densa e profunda da minha existência, e quanto eu mais escrever, potássio, potássio, potássio! É sinal que eu estou triste, triste, triste!

Inserida por samuelfortes

⁠O Príncipe Que Sabia Demais

Não nasceu para reinar. Nasceu para saber.
Hamlet foi gerado num ventre real, mas com a alma exilada desde o berço. Carregava nos olhos uma pergunta que nem os livros respondiam. Vivia cercado de mármore, mas conversava com sombras.

Quando seu pai morreu, não chorou: escutou. Ouviu passos noturnos nas muralhas, sons que não vinham da terra. O mundo, que já lhe parecia uma peça mal encenada, agora ganhava um novo diretor: o fantasma.

Foi então que tudo se partiu. O trono, o amor, a honra, a razão — tudo virou verbo conjugado em interrogação.
“Ser ou não ser?” — perguntou. Mas essa pergunta já não era dele. Era de todos os homens que pensam antes de agir, de todos os herdeiros do mundo que suspeitam do próprio legado.

Hamlet não é trágico porque hesita. É trágico porque compreende. Ele vê que a justiça é um jogo de máscaras, que o amor pode apodrecer como carne no verão, que a linguagem é um labirinto onde até a verdade se perde.

Amou Ofélia — mas não soube proteger seu amor do apodrecimento geral.
Matou Polônio — como quem atira na parede da própria consciência.
Deu espetáculo diante dos atores — porque sabia que o mundo era palco, e que, para tocar o rei, era preciso fingir loucura.

Mas o fingimento o consumiu.
Hamlet não morreu no duelo. Morreu aos poucos, cada vez que precisou calar sua lucidez para seguir vivendo.

E quando enfim caiu, ferido, com a morte como única certeza, murmurou ao amigo Horácio:

“O resto é silêncio.”

E ali está Hamlet: no intervalo entre a fala e o vazio, entre a dúvida e o gesto.
Não morreu. Transformou-se em espelho.

Todo homem que pensa diante do poder, todo jovem que descobre o apodrecimento sob a ordem, todo filho que escuta a voz do pai morto no fundo da alma — é Hamlet.

Inserida por EvandoCarmo

PESSOAS
Há pessoas que ao dizer apenas uma palavra
acende a ilusão e os rosais;
que ao apenas sorrir entre os olhos
nos convida a viajar por outras zonas,
nos faz percorrer toda a magia.
Há pessoas que ao apenas dar a mão
rompe a solidão, põe a mesa,
serve o cozido, coloca as grinaldas;
que ao apenas empunhar uma guitarra
faz uma sinfonia aconchegante.
Há pessoas que com apenas abrir a boca
chega até todos os limites da alma,
alimenta uma flor, inventa sonhos,
faz cantar o vinho nas jarras
e se queda depois como se nada fosse.
E um se vai enamorado com a vida
desterrando uma morte solitária
pois sabe que a volta da esquina
há pessoas que são assim, tão necessária.

Inserida por lucijordan

O villain, villain, smiling, damned villain!
My tables! — Meet it is I set it down
That one may smile, and smile, and be a villain.
At least I’m sure it may be so in Denmark.

Inserida por asmotelicos

Traição e assassinato são inerentes à natureza humana, os meus fantasmas são meus piores inimigos, assim como aquelas almas que ainda pulsam e rodeiam essa cabeça como abutres...

Sou um homem errante que circula no subterrâneo de uma grande cidade, a vida é contraditória e banal, o mundo está intoxicado de imagens e carente de formas. Eu preciso abolir a diferença entre sensações reais e ilusórias… eu desejo questionar e contestar tudo, inclusive a minha própria existência, todas as monstruosidades violentam os meus gestos, a bandeira se agita na paisagem imunda.

Sobre Hamlet: A consciência envelhece, a consciência catastrófica da mazela espiritual que assola o mundo que ele internalizou e que não quer ser chamada a curar, tão somente porque a verdadeira causa da sua versatilidade é o impulso rumo à liberdade. Faz séculos, os críticos concordam que o maior apelo de Hamlet é o paradoxo. Nenhum outro personagem da alta tragédia parece tão livre, mas o mal de Elsinor é o mal de todo tempo e lugar, todo Estado tem algo de podre, e os que têm sensibilidade semelhante à de Hamlet, cedo ou tarde, vão se rebelar. Harold Bloom

"O Hamlet contemporâneo comprou um celular. Com aquela tela fria empunhada, o príncipe verteu a sua tormenta existencialista no Google: 'ser ou não ser, eis a questão'. O oráculo binário lhe respondeu com uma imagem: caveira.jpg."

Parafraseando Hamlet, votar ou não votar, eis a questão. O que pode pesar mais na minha consciência: abster de votar deixando que o inimigo tome o poder no país, ou votar, acreditando mais uma vez em promessas que, certamente, não serão cumpridas, para evitar o mal maior, e dessa forma, tornar-me cúmplice do sistema corrompido que aí está, por legitimá-lo com meu voto?

Inserida por FrancisIacona

⁠MORRENDO E APRENDENDO ("A todos ofereçam o ouvido, a poucos ofereçam a língua." — Hamlet)
Como se não bastasse a gabarolagem dos velhos, dizendo que eram bons em quase tudo quando jovem, hoje é fácil ver cinquentões com a boca cheia de aparelho, querendo parecer adolescente. É o passado inútil fazendo resistência para permanecer. Sem validar as razões espúrias, Fred Mercury não quis alinhar os dentes, já que o timbre agradável dependia da caixa ressonante com seu formato original. "É que quem venceu não escutou conselhos". Nem todo idoso tem exemplo e conselhos sábios, a maioria deles é tomada por orgulho e concupiscência, eles confundem amor com concupiscência. Ainda bem que estão arruinados sem potência e vigor; sem dinheiro e saúde; sem oportunidade e acesso social, senão o estrago seria grandioso e eficiente. Concordo com Leandro Karnal: "As pessoas quanto mais fracassadas, mais dão conselhos". CiFA

Inserida por Kllawdessy

⁠Para o teu próprio eu, seja verdadeiro; E deve seguir-se, como a noite ao dia. Tu não podes então ser falso com nenhum.

William Shakespeare
Hamlet (1603).
Inserida por tpiardi