Poema Envelhecer
Ensaiando a sabedoria
Quando jovem, eu acreditava que com o passar dos anos a maturidade me traria todas as "respostas". Que curioso... Descobri que é justamente o contrário.
A cada novo dia que é acrescentado a minha existência, mais "porquês" se acumulam e contrariando boa parte das minhas crenças e espectativas, há muitos deles para os quais eu ainda não tenho as respostas.
Desconheço o autor, mas há uma frase que diz: "envelhecer é obrigatório. Amadurecer é opcional".
Pois é ... a gente questiona. Pergunta. Dá de cara com aquele antigo "porquê"? De novo, de novo e de novo; e a gente aprende que é aí que mora a sabedoria advinda da maturidade. Aquela que outrora achávamos que nos traria todas as respostas.
Ter maturidade, não é ter todas as respostas. Ao contrário. É cada vez ter mais perguntas e estar sempre em busca de aprendizado.
Amadurecer nem sempre é fácil e por vezes, é doloroso. No entanto, envelhecer é uma dádiva! Contudo, a maturidade não está necessariamente ligada à quantidade de aniversários que você já comemorou, e esta verdade é uma pílula amarga de se engolir que só é superada por àqueles que, de forma inteligente escolhem viver este processo e aprendendo com suas experiências.
Então, à estes, a longevidade entrega um bem inestimável: a sabedoria.
Eu ainda não encontrei o baú mágico. Ainda não descobri o endereço deste tesouro incomparável. Mas de uma coisa estou certa, eu chegarei lá. E neste dia, olharei para trás e direi de todo meu coração: valeu a pena!
Nada passa mais depressa que os anos...
Quando mais jovem dizia...
Que ao chegar aos vintes livre seria...
Dali pulei para os trinta...
Já aos quarenta e nada sentia...
Cheguei aos cinquenta...
Sem fazer muito esforço...
Quem diria...
Deus me permita chegar aos noventa...
E ainda ter um coração de moço...
Pensava antes que os velhos eram bobos...
E disso eu ria...
Agora bem sei e compreendo...
Os mais jovens é que o são e não se dão conta...
Assim sigo aprendendo...
Poucas coisas me surpreendem...
E outras tantas ainda me amedrontam...
O tempo risca meu rosto...
Isso é fato...
Diante o espelho...
Ocasionalmente me embaraço...
E ainda que o destino seja cruel...
Já não me engana tanto a ilusão desse véu...
Meus cabelos ficarão brancos...
Minha pele perderá o viço...
O corpo, o vigor...
Estranho esse feitiço...
De tamanho rigor...
A sabedoria, quem diria...
Torna-se minha companhia...
Lentamente...
A cada dia...
E a cada noite que se anuncia...
Nem sempre escuto o que as pessoas dizem...
Geralmente não me interessam...
Às vezes me magoam...
Agora prefiro prestar atenção no que fazem...
E não no que apregoam...
O amor nos faz envelhecer antes da hora...
Mas também nos torna jovens quando a juventude passa...
Mas a paz...
Ah a paz...
É tão acolhedora...
Qualquer um pode ser jovem...
Envelhecer é um mérito...
Tudo é questão de espírito...
E de tudo que nos envolvem...
Embora tenha Deus como companheiro...
Que amanhã não seja ainda o dia de estar ao seu lado...
Mas na derradeira hora...
Farei parte desse céu estrelado...
E desde já ao Criador agradeço ...
Envelhecer é aprender a tudo ser muito grato...
Sandro Paschoal Nogueira
Saudade e Cura
Ontem reencontrei os amigos de sempre,
Conversas como rios de memórias,
E a saúde, ou sua falta, era o tema.
De rinite a resfriado, navegamos,
Por mares de exames e diagnósticos,
A bariátrica, um fantasma na mesa,
Uns a defendiam, outros, cautela pregavam.
Na clareza da vida que avança,
Envelhecer, um fardo inevitável,
Aquela que não poupa ninguém,
Nos observa, silenciosa e constante.
Mas que bom ter amigos ao lado,
Para dividir o peso e a leveza,
Seja na alegria ou na dor,
A alma se aquece, o coração se alivia.
Que me falte a saúde, se assim for,
Mas que nunca me faltem os amigos,
Pois na partilha do viver,
Encontro a verdadeira cura.
Aceitar-se sem filtro
Admitir que o tempo passa
E saber que nada votará a ser como era antes ...
Ame-se !
O espelho só mostra o que vc tem por fora .
Há vários anos, escrevo o quanto te odeio em tom melancólico.
Embora eu esqueça que isso faz parte de mim,
Tão marcante quanto o tom da minha voz.
Faça aquilo que você faz de melhor e que ressoa nos ecos do meu coração.
A seta do tempo comprimiu a possibilidade de tê-lo,
Junto com o medo de seguir em frente.
A finitude do seu tempo consome minha alegria,
Opondo-se à imortalidade.
A beleza da lembrança perdura após a efemeridade,
Ou seja, é passível de recordação,
Sendo sublime em sua vividez.
Tudo o que eu queria fazer está no passado,
Embora tudo o que poderei fazer esteja no futuro,
À espreita, em branco, esperando ser preenchido.
Jesus está voltando.Sim, Ele vem.
Mas não sabemos o dia...
Então, prepare-se, não para a morte, porque morrer em Cristo é viver.
Mas, prepare-se para envelhecer.
Cuide de sua saúde.Beba água.
Poupe. Sorria.
Para quando chegar a ser velho, você tenha uma vida tranquila, com esperança.
Porque, o dia que perder a esperança, perde-se tudo!
RUGAS
Pequenas estradas, pequenos caminhos Onde correm as lembranças do seu ontem....
Pequenos sulcos de espressões antigas Onde você encontra o reflexo de como era....
Eu as vi nascer no rosto dos meus caros pais... da minha gente e dos meus tantos amores
Nossas emoções,... felicidades.... dores...
Ali amei como sinais de sabedoria... Ali amei como símbolos de vida...
Ali descobri no espelho, no meu rosto....
Pequenos sinais de histórias da vida...
São os Fantasmas da... “ Juventude Esvaída”.....
e se por vergonha ou medo
decide manter segredo
segrega enredos
entre protagonismo e claque,
adoece o corpo
entorpece a alma
milindra-os;
enquanto a mantem prisioneira de sonhos nunca d'antes (nem doravante) realizados
eis que ele, o corpo,
já desguarnecido de sua bela plumagem
cede, exaurido, triste e só!
Tempo ao Tempo.
"Melhor idade".
O termo "melhor idade", quando vinculado aos idosos, é inconveniente; sendo, por si, uma grande ironia.
.
Acordar
Acordar; brincar e aproveitar;
Acordar; desfrutar e viver;
Acordar; aprender e ensinar;
Acordar; entender e fazer acontecer;
Acordar; realizar e se emocionar adquirindo experiência;
Acordar; sentir e perceber que o tempo está acabando;
Acordar; envelhecer e saber aproveitar cada minuto que resta.
Aí está, a grande e poderosa magia,
Devemos todos aprender ou reaprender a prazerosamente viver...
A vida real, sem máscaras, falsidades plásticas ou fantasia,
Vivida com prazer, da juventude até a finitude, que vem com o envelhecer...
====================O bem pelo bem
Um aprendiz foi a escolha de um mestre
Falava o mestre que ele seria sim, o melhor
O aprendiz gostava de tudo que aprendia
O mestre com o tempo foi envelhecendo
Disse ao aprendiz que pouco tinha para dar
E o aprendiz disse, sempre me ensinará
reflexo
eu te olho, tu reflete
fico acuado, tu sem nexo
olhar mudo, de canivete
tu espelho, eu perplexo...
© LucianoSpagnol
poeta do cerrado
quinta feira, 19, 2019
Araguari, Triângulo Mineiro
SONETO COM CHARME
Moço, se no tempo, velho eu não fosse
Onde a dor da saudade a apoderar-me
As recordações a virarem um tal carme
E a lentidão em mim se tornarem posse
Ah! Aquelas vontades já me são adarme
O que outrora me era tão suave e doce
Num gosto acre o meu olhar tornou-se
O espelho, um revérbero, a desolar-me
O meu espírito a tudo acha tão precoce
Já o corpo, cansado, soa em um alarme
Na indagação a juventude que o endosse
Da utopia ao caos dum tão triste arme
Envelhecer, como se não fosse atroce
Então, vetusto, tenhas arrojo e charme!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2016, 18 de novembro
Cerrado goiano
No Tempo
O tempo já não muito importa
as horas, segundos, quantos?
O que foi já não abre porta
e os sonhos, estes tantos...
O que vale é o que vem
se ainda tem, os recantos
onde a alma se sinta bem
e no ir além, terá encantos
Porém, lembre-te de amar
pois nestes acalantos
tua passagem irá marcar
cada teu minuto
teu dia, um olhar
um sorriso, teu atributo
As rugas, ah! deixe-as ter
é o fruto
de que pôde viver!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2019, outubro
Cerrado goiano
debilidade
inflexível é o tempo, dança
que passa, Maria fumaça
deixando na lembrança
marcando a carcaça...
- tudo fica mais frágil
o ágil perde a esperança
as engrenagens pagam pedágio
e o pouco no mínimo, danos
neste naufrágio, um só adágio:
capengamos! que siga os anos!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
24/10/2019, quinta feira
Cerrado goiano
SEXAGENÁRIO
Velhice. Um novo horizonte num outro amanhecer
Lúrida, o vigor sem luz, roto e frágil; o pensamento
No ontem, a tremer, e o olhar revoando pelo vento
Cambaleando na encosta do tempo, e ali a descer...
Passa. Passando. Sucessivo, um novo sentimento
Que sombreia a fronte, o eu e o querer nesse ter
Sentir, ser, afinal, ainda no roteiro do poder viver
Amparando os passos, desamparados, sofrimento
E neste encanecido silêncio, a cada passo a ilusão
Volta, evocando o sentido do velho terno coração
Deixando a saudade solta pela lenta madrugada
E cochila o olhar: e o olhar alucinado, tão calado
Cabeceia nos segundos empoeirados do cerrado
Incomodado, tal um leão em uma furna apertada
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
26/06/2020, 09’33” – Triângulo Mineiro
Olavobilaquiano
ESPERA
Ah! quem dera que as lembranças de outrora
Inda aromatizasse! Ah! e que assim pudera
O tempo de ontem fosse o tempo de agora
E não só este imaginar: - a outra primavera
Já não se tem mais uma extasiada aurora
No vetusto ser, tudo é igual, sem quimera
Onde a imaginação era de hora em hora
Agora, silêncio. Ah! como díspar quisera:
Debruçado nos sonhos, e o sonho recendia
O desconhecido, cheio de poesia intensa
No brotar do alvorecer duma nova hera
Ah! quem me dera que isto, fosse um dia
Uma razão, e não devaneios d’alma densa
De saudades, que poeta suspira e espera...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
28/08/2020, 15’18” – Triângulo Mineiro
CERTIFICADO
A velhice é um treco, dor e cansaço
O dia é um balanço, no vai e vem
o que resta, o mínimo que se tem
Se faço, com a dificuldade abraço
Devagar e no compasso, tudo bem
Se vou além? ... pergunte ao passo
Pois, da vagarosidade sou refém
No próprio eu não tenho espaço
Tudo me cansa, comove, maça
Se rio, o choro faz igualmente
E o tempo parece uma ameaça
Já, a própria inércia é ausente
Quase sempre sou sem graça
O reflexo não reconhece a gente!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
06/09/2020, 15’15” – Triângulo Mineiro
SONETO DA SAUDADE
Saudade – o olhar do outrora andando
e o pranto, uma lágrima na lembrança
deslizando. Saudade! os dias de criança
cantigas de ninar e de roda: cantando!
Noites, até às 10 horas, na vizinhança
a meninada, na diversão, em bando
na chuvada, muito mais que amando
saudade ingênua de dias de pujança
Saudade – asa da dor no sentimento
Recordações vans do tempo ao vento
Ai! dantes no pensamento em guerra
Saudade – “o que fica do que não ficou”
a velha mocidade, que hoje já passou...
O apito da “Mogiana” da minha terra!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
09/09/2020, 10’07” – Triângulo Mineiro