Poema do Nordeste
Tempo novo!
É trabalho de sol a lua
o cuscuz, o pão e o ovo
é o calo na carne crua
na espera de algo novo
que a seca não destrua
a esperança desse povo.
Peleja.
Na cidade, sertão ou serra
é bem simples de aceitar
quem acerta e quem erra
mas não deixou de tentar
não precisamos de guerra
trata bem a minha terra
que eu respeito o teu lugar.
Chão seco!
A você peço licença
para abrir meu coração
te falar da dor imensa
de ver seco meu sertão
mesmo a tanta desavença
a cabeça ainda pensa
em lutar por esse chão.
Meu sertão.
O dia está meio nublado
café quente lá na mesa
queijo coalho bem assado
e a vista só tem beleza
meu sertão é abençoado
porque Deus fez alinhado
com o melhor da natureza.
Luar do sertão!
Ao anoitece no sertão
que bate aquela frieza
acende a luz do lampião
e o café quente na mesa
um sonzinho de violão
e a lua brilha em paixão
num ritual de beleza.
Puro sangue!
A esperança no futuro
e o medo de ir embora
a semente no chão duro
brota mas não vigora
o sertão fica inseguro
mas o nordestino puro
enverga mas se tora.
Cuscuz nordestino!
A carne ficou doente
a linguiça não é de verdade
o leite tem dissolvente
e o preço uma calamidade
mas o cuscuz da gente
a massa é mais consistente
e o selo é de qualidade.
Sem aperreio.
Por essa terra tenho apego
a água é pouca mas se tem
meu lugar, meu aconchego
meu sertão me faz tão bem
eu daqui não peço arrego
e nem troco esse sossego
pelo estresse de ninguém.
Lastro da seca.
Quando a seca ameaça
estragar minha plantação
deixa o gado na carcaça
e o rachado lastra o chão
não é coisa que se faça
rogo a Deus por sua graça
que proteja o meu sertão.
Nordestino todo!
Eu posso até ser franzino
mas não gosto de arrodeio
sou da raça Virgulino
sem medo de olho feio
não sou meio nordestino
eu sou nordestino e meio.
Meus ares.
É boa a vida na cidade
praia, sol... muito calor
internet de qualidade
restaurantes de valor
mas te digo de verdade
eu só sinto felicidade
nos ares do interior.
Siga!
Pode ser preto ou albino
que o importante é viver
quem sabe ser peregrino
e qualquer terra escolher
escute a voz do destino
se quiser ser nordestino
ainda dá tempo de ser.
A comida nordestina
é feita de proteína
porque vem da natureza...
e que a terra da cultura
tenha sempre essa fartura
abastecendo a nossa mesa.
Chuva de bençãos.
O galo bem cedo canta
no clarear da madrugada
é cedo que se levanta
pra cuidar da bicharada
a seca já não é tanta
porque a semana santa
foi de chuva abençoada.
Cabedelo - PB
Tenho orgulho de morar
nesse cenário de beleza
um santuário a beira mar
de onde vem tanta riqueza
e quem pensa em visitar
Cabedelo esse é o lugar
pra quem ama a natureza.
Ida!
A seca fere e maltrata
a vida do sertanejo
em cada rosto que vejo
existe um nó que desata
mas pouco a pouco se mata
a semente pura da flor
na transição do destino
se foi mais um nordestino
na longa estrada da dor.
Terra seca!
A seca é permanente
a chuva não aparece
esse povo não merece
viver assim tão dependente
quanta família carente
esperando um só trovão
como é seco o meu sertão
tão ferido nesta guerra
mas rachado que essa terra
só mesmo meu coração.
Vias de fato!
Mesmo que eu me retire
de proprietário a enqulino
em outras terras se vire
pelos caminhos do destino
ou qualquer ar que respire
não há no mundo quem tire
o prazer de ser nordestino.
Minha vida!
A semente está contida
pela chuva que não vem
a colheita foi sofrida
e a ordenha foi também
no chão de terra batida
vou seguir a minha vida
sem inveja de ninguém.
O jumento.
Os sertanejo é um campeão
na luta pelo sustento
o que colhe da plantação
é pouco para o alimento
se ainda vive no sertão
é graças a coragem do jumento.