Poema do Nordeste
Saudade.
A seca é quem mais devora
a planta que tu me deste
sem a água que se evapora
o nordestino não investe
deixa a terra onde mora
fica triste, sofre e chora
com saudade do nordeste.
Não dá mais.
Vou embora do sertão
a sorte não quer mudar
a seca maltrata o chão
não deixa a planta brotar
peço a Deus em oração
que proteja cada irmão
que sofre nesse lugar.
Terra seca.
Que triste ver a manada
se perder na primavera
minha terra tão sagrada
se cansou de tanta espera
a comida é quase nada
mas a fome é uma fera.
Nordestino.
Isso é coisa da gente
por aqui tem que ser macho
do tipo que fala oxente
não tem medo de despacho
dá um gole na aguardente
e tira a pitomba do cacho
Forte... até quando?
Quando a esperança some
enfraquece o homem forte
se a dor machuca o nome
a alma quem sente o corte
quando seca traz a fome
a fome conduz a morte.
Ser Nordestino.
Ser nordestino é ser
homem de grande valor
não reclama o padecer
planta paz e colhe amor
não tem medo do sofrer
e desconhece a própria dor.
Nosso povo.
Esse é o povo brasileiro
nordestino de verdade
que trabalha o ano inteiro
não ganha nem a metade
por aqui falta dinheiro
mas sobra dignidade.
Labaredas.
Hoje nós dois se entende
pela voz do cantador
a nossa fogueira acende
as labaredas do amor
sentimento não se vende
e o meu coração pretende
conquistar seu grande amor.
Direitos iguais.
A nossa vida ensina
da forma e do jeito
quem tem dura cina
merece o respeito
e a lei determina
a mulher nordestina
tem o mesmo direito.
Caminho.
Água pouca quase nada
chão rachado vida dura
caminho seco pela estrada
segue o sonho que perdura
de ficar na terra amada
e viver da agricultura.
Alegria.
Que a seca não estrague
o plantio do meu terreiro
que a luz não se apague
nem no último candeeiro
porque não há o que pague
um sorriso verdadeiro.
Saudade do sertão!
A saudade hoje é tanta
do sertão em que eu vivia
aquele cheirinho de planta
a fruta boa que eu colhia
o bolinho de mandioca
queijo coalho e a tapioca
e o cuscuz que mãe fazia.
Esperança.
A vida trava uma guerra
contra a fome e a solidão
é um cabrito que berra
é um boi caído no chão
é a planta seca na terra
mas nada disso encerra
o meu amor pelo sertão.
Terra dura.
É pouco o que se consome
numa terra dura e rachada
a chuva vem e logo some
mal posso usar a enxada
a esperança é o meu nome
quem encara a seca e a fome
não tem mais medo de nada.
Vem chuva!
Se a chuva bem soubesse
não faltava uma estação
ela dava a quem merece
as gotas do seu coração
mas as vezes ela esquece
e quando o sol aparece
aumenta a seca no sertão.
Exemplo.
O amor se compartilha
é pra frente que se vai
a vida é uma maravilha
quem é seguro não cai
é assim na mesma trilha
que a luta de uma filha
segue o exemplo do pai.
Ano de chuva!
A chuva é essencial
no brotar do verde novo
não precisa um temporal
basta o sustento do povo
mas que venha pro Natal
e fique pro no Ano Novo.
Que o Natal seja presente
num Ano Novo de luz
e que siga permanente
a presença de Jesus
que jamais falte pra gente
um copo de café quente
e um prato de cuscuz.
Natal Nordestino.
Que o Natal seja presente
num Ano Novo de luz
que siga permanente
a presença de Jesus
que jamais falte pra gente
um copo de café quente
e um prato de cuscuz.