Poema do Nordeste
Minha terra.
Espero que a água benta
que do céu desça em jorrada
transforme a seca violenta
num pasto para a boiada
e essa terra que aferventa
possa enfim ser cultivada.
Nosso povo...
Esse é o povo brasileiro
não importa qual o nome
o sofrimento é verdadeiro
mas nessa hora você some
enche o bolso de dinheiro
e nordeste passa fome.
Cristais...
A minha água é cristalina
dos cristais de Iracema
da doçura da menina
que vem da corte suprema
sou da nação nordestina
sou nordestino da gema.
Povo Nordestino...
Pense num povo macho
virtude se tem de cacho
do suor pingar na testa
e me aparece um sujeito
vem falar de preconceito
que o nordeste não presta.
O cabra é não sei de onde
mas quando fala se esconde
sem conhecer o nosso oxente
vem aqui fazer um teste
e se conhecer o nordeste
você vai pensar diferente.
Meu Sertão...
Aqui corri quando menino
também aprendi a plantar
fui traçando o meu destino
que a seca me fez mudar
mas como todo nordestino
tenho esperança de voltar.
Origem
Posso até mudar de país
mudar de pobre pra grã-fino
mudar de triste pra feliz
posso até mudar de destino
só não mudo a minha raiz
porque o talo é nordestino.
Toda honra.
O trabalho tem honra e garantia
é da terra que brota o sustento
toda fé, oração e Ave Maria
no coração recai o livramento
antes chorar de barriga vazia
do que a alma sofrer sem alimento.
Banquete.
O meu café é uma riqueza
mesmo sem ter rabanete
não tem queijo de Veneza
nem tem creme de sorvete
mas se tiver cuscuz na mesa
isso pra mim já é banquete.
Nordestinês.
Inconveniente é amostrado
conversa fiada é leseira
moça bonita é faceira
cabra de sorte é cagado
com dinheiro é estribado
e dar uma bronca é carão
de repente é supetão
jarra de barro é um pote
pescoço aqui é cangote
e o puxa-saco é babão.
Nordestinês.
Cabra bom... é arretado
meia garrafa... é meiota
mal vestido... é marmota
gente boba... é abestado
perdeu tudo... tá lascado
falar mal... já quer frescar
vai embora... é arribar
se tá triste... é jururu
gente feia... é cafuçu
e não cumprir... é fulerar.
A mulher nordestina.
A nordestina é fascinante
por sua cumplicidade
pela fé da retirante
pela dor de uma saudade
pela força da gestante
pelo doce da amizade.
No sertão.
É aqui mesmo que eu fico
porque é isso que me resta
ao trabalho eu me dedico
há quem diga que não presta
o que não presta é ser rico
com uma vida desonesta
O sertanejo.
Sangue, suor e destino
tem a honra como troféu
com a esperança no Divino
e toda fé no Menestrel
ao sertanejo nordestino
também tiro o meu chapéu.
Alimento.
Vamos sempre agradecer
ao alimento que satisfaz
o que Deus nos conceder
não nos cabe pedir mais
porque o simples pode ser
mas que não falte jamais.
Paraíba.
Meu estado negro e rubro
Paraíba é o meu destino
de orgulho que eu me cubro
agradecendo ao ser Divino
e nesse oito de outubro
parabéns ao povo nordestino.
Professor...
A vida traz um ensino
pra esse povo sofredor
cada um tem seu destino
cada qual com a sua dor
aqui começa de menino
e todo povo nordestino
tem respeito ao professor.
Terra santa.
A terra é seca, mas é santa
aqui se vive com o que tem
é bem cedo que se levanta
roga a Deus e diz amém
e o nordestino se encanta
porque tudo que ele planta
tem o prazer de servir bem.
POTE.
Nunca liguei pra riqueza
nunca pensei em ter carro
gosto mesmo da natureza
de uma flor dentro do jarro
do verde com sua beleza
e água pura no pote de barro.
ASA BRANCA.
A sanfona é quem sustenta
cada tombo em catabio
essa voz que alimenta
todo coração gentil
e asa branca representa
o nordeste do Brasil.
Agradecer.
Não vou reclamar da vida
nem me queixar pra ninguém
a terra anda um pouco sofrida
e a água as vezes não vem
mas nordestino que se preza
se ajoelha quando reza
e agradece pelo que tem.