Poema do Nordeste

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CICLO!

Não adianta meu amigo
ter joia, carro e mansão
se dentro do coração
não existe um abrigo
quem não carrega consigo
o respeito e a amizade
não vai ter prosperidade
seja honesto em cada jogo
quando a vida se encerra
somos comidos pela terra
ou devorados pelo fogo.

NA ROÇA.

Fui na casa do vaqueiro
muito longe, mais além
entre o Crato e o Juazeiro
terras que me sinto bem
vou falar desse roceiro
que pode não ter dinheiro
mas bom gosto eu sei que tem.

PORTO SECO!

No sertão a seca assola
arde a pele e fere o peito
vive a beira da degola
ainda sofre preconceito
sem saúde e sem escola
não precisa de esmola
mas carece de respeito.

BRENHA!

É fogo queimando a lenha
é sol que não se aguenta
vaqueiro torando a brenha
chão quente feito pimenta
aqui o cabra se empenha
sofre a seca mais ferrenha
trabalha e não se lamenta.

VALOR DA TERRA.

Aqui tem agricultor
tem vaqueiro do agreste
tem cabra trabalhador
tem o couro que se veste
tem a seca e tem a dor
mas também tem o amor
por tudo que é do nordeste.

GARANTIA DE VIDA!

Aqui é pouco o que tenho
neste sertão nordestino
na roça ou no engenho
lutando desde menino
o chão é seco e ferrenho
mas no trabalho o empenho
garante o nosso destino.

Nesta terra tem palmeiras
onde cantam sabiás
e outros passarinhos…
Meu coração é de mineira
mas nele cabe, junto,
o nordeste inteirinho!

Sou da terra!

Sou nordestino de verdade
sou sertanejo agricultor
sem fortuna ou vaidade
e nem diploma de doutor
quem da chuva tem saudade
mas que planta a amizade
com a semente do amor

Café nordestino.

Não existe quem conteste
um bom cuscuz na vasilha
uma mesa que se reveste
um bolo que se polvilha
e o café do meu nordeste
é a oitava maravilha

Cuscuz e caviar.

pra conhecer um nordestino
é fácil de desvendar
jogue pra cima um cuscuz
e um prato de caviar
o caviar cai no chão
mas o cuscuz meu irmão
não vai dar tempo chegar.

Retirante.

Hoje eu moro distante
entre o sul e o sudeste
de vaqueiro a ambulante
cada dia um novo teste
mas se tiver onde plante
eu volto é num instante
pro sertão do meu nordeste.

Fé do vaqueiro.

Sertão do meu encanto
tua origem não se nega
por aqui enxugo o pranto
dessa dor que não sossega
vaqueiro não tem espanto
vê seca por todo canto
sofre, mas não se entrega.

Chegou a chuva!

O sertão hoje enriquece
toda planta ganha vida
Deus ajuda quem merece
cura a dor dessa ferida
a seca enfim desaparece
e o sertanejo agradece
pela chuva prometida.

Terra abandonada!

Em cada rosto um pranto
daquele que perde o trono
a saudade em cada canto
de uma terra sem patrono
onde brota o desencanto
nem a seca fere tanto
quanto a dor do abandono.

Diploma nordestino.

A vida é quem determina
o trabalho é quem soma
da terra que se germina
a fruta com seu aroma
em toda mão nordestina
cada calo é um diploma.

Desigualdade!

Esse país é conflitante
de diferença estampada
uns tem vida sufocante
outros vivem de mesada
o preconceito é alarmante
quem se escora tem bastante
quem trabalha não tem nada.

Escolha!

Cada um na sua estrada
cada qual com seu escudo
os que pegam na enxada
outros que tem mais estudo
entre a cruz e a espada
melhor pobre devendo nada
do que rico devendo tudo.

Lá e cá

No sertão a vida é assim
é desse jeito seu moço
há dias que brota capim
as vezes já seca o poço
no meio desse descarne
um dia se come a carne
no outro só rói o osso.

Talo nordestino.

O preconceito eu abomino
o respeito é quem vigora
todo ser tem seu destino
quando fica ou vai embora
de Ariano a Virgulino
quando o talo é nordestino
enverga, mas não se tora.

Feridas da seca!

Essa terra é meu suporte
essa escolha foi Divina
todo nordestino é forte
mas é triste a sua sina
e a seca é o passaporte
que faz a lâmina do corte
ferir a alma nordestina.