Poema de um Homem Apaixonado

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Ele olhou-a severo: – Que você não saiba qual o maior homem da atualidade, apesar de conhecer muitos deles, está bem. Mas que você não saiba o que você mesma sente é que me desagrada.
Olhou-o aflita: – Olhe, a coisa de que eu mais gosto no mundo... eu sinto aqui dentro, assim se abrindo... Quase, quase posso dizer o que é mas não posso...
– Tente explicar, disse ele de sobrancelhas franzidas.
– É como uma coisa que vai ser... É como...
– É como?... — inclinou-se ele, exigindo sério.
– É como uma vontade de respirar muito, mas também o medo... Não sei... Não sei, quase dói. É tudo... É tudo.
– Tudo?... – estranhou o professor.
Ela assentiu com a cabeça, emocionada, misteriosa, intensa: tudo...

Clarice Lispector
Perto do coração selvagem. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.
Inserida por thaseries

A diferença entre “gostar”, “estar apaixonado” e “amar” é a mesma diferença entre “agora”, “por enquanto” e “para sempre”."

Odeio estar loucamente apaixonado por ela, odeio quando ela dá aquele sorriso maravilhoso e acaba comigo ou quando ela dá aquela jogada de cabelo provocante e me deixa doido. Odeio como os joelhos dela são perfeitos, odeio como ela lambe os lábios antes de falar, odeio o som da risada dela, odeio a aparência dela enquanto ela dorme e odeio ouvir essa musica, porque toda vez me faz lembrar do pouco tempo que estive ao seu lado. Odeio como ela me faz sentir agora: como se ainda existisse ”nós”, como se meu mundo estivesse preso ao dela e de alguma forma qualquer coisa que ela faça não me faz deixar de gostar dela. Odeio quando ela cochicha em meus ouvidos e me faz arrepiar, odeio o jeito dela, odeio quando ela pisca pra mim como se estivesse me chamando quando na verdade não está. Odeio sonhar com ela e toda vez que acordar desejar do fundo do coração que ela esteja comigo todos os dias; odeio quando ela me abraça e meu coração começa a bater cada vez mais rápido e mais forte; odeio quando ela me beija e faz meu corpo todo estremecer; odeio a forma que a boca dela fica depois de uma risada. Odeio olhar nos olhos dela e não saber o que eles querem me dizer e odeio ver todos os filmes simplesmente por saber que sempre, todo sempre irei lembrar dela. Dizem que para esquecer alguém que você goste muito, você precisa transformá-lo em literatura. Sendo assim, escreverei livros a minha vida toda e mesmo assim não conseguirei me livrar de você.

Domingo, dia perfeito de um casal apaixonado fazer tudo que o amor lhes dá direito.

Controle, é tudo uma questão de controle. Toda ditadura tem uma obsessão. A Roma antiga dava para as pessoas pão e circo, entretinha o povo com diversão. Outras ditaduras usam as mais diversas estratégias para controlar ideias (o conhecimento). Como fazem isso? Rebaixam a educação e limitam a cultura censurando informações e qualquer meio de expressão individual. É importante lembrar que isso é um padrão que sempre se repete por toda a história.

O Homem Duplicado

Nota: Trecho do filme "O Homem Duplicado", baseado no livro de José Saramago.

Agora vivemos em um mundo onde um mal-entendido, apenas um, pode destruir uma vida inteira.

Estamos criando nossos meninos para combater seus instintos, para ter vergonha deles. Estamos ensinando nossos garotos a ter medo de virarem homens.

Amei-te? Sim. Doidamente!
Amei-te com esse amor
Que traz vida e foi doente...

À beira de ti, as horas
Não eram horas: paravam.
E, longe de ti, o tempo
Era tempo, infelizmente...

Ai! esse amor que traz vida,
Cor, saúde... e foi doente!

Porém, voltavas e, então,
Os cardos davam camélias,
Os alecrins, açucenas,
As aves, brancos lilases,
E as ruas, todas morenas,
Eram tapetes de flores
Onde havia musgo, apenas...

E, enquanto subia a Lua,
Nas asas do vento brando,
O meu sangue ia passando
Da minha mão para a tua!

Por que te amei?
— Ninguém sabe
A causa daquele amor
Que traz vida e foi doente.

Talvez viesse da terra,
Quando a terra lembra a carne.
Talvez viesse da carne
Quando a carne lembra a alma!
Talvez viesse da noite
Quando a noite lembra o dia.

— Talvez viesse de mim.
E da minha poesia...

À volta de incerto fogo
Brincaram as minhas mãos.
... E foi a vida o seu jogo!

Julguei possuir estrelas
Só por vê-las.
Ai! Como estrelas andaram
Misteriosas e distantes
As almas que me encantaram
Por instantes!

Em ritmo discreto, brando,
Fui brincando, fui brincando
Com o amor, com a vaidade...

— E a que sentimentos vãos
Fiquei devendo talvez
A minha felicidade!

Para te amar ensaiei os meus lábios...
Deixei de pronunciar palavras duras.
Para te amar ensaiei os meus lábios!

Para tocar-te ensaiei os meus dedos...
Banhei-os na água límpida das fontes.
Para tocar-te ensaiei os meus dedos!

Para te ouvir ensaiei meus ouvidos!
Pus-me a escutar as vozes do silêncio...
Para te ouvir ensaiei meus ouvidos!

E a vida foi passando, foi passando...
E, à força de esperar a tua vinda,
De cada braço fiz mudo cipreste.

A vida foi passando, foi passando...
E nunca mais vieste!

O Homem mais rico

Um rico fazendeiro chamado Carl freqüentemente cavalgava em torno de sua vasta propriedade, congratulando a si mesmo por sua grande riqueza.

Um dia, em uma destas cavalgadas, viu Hans, um velho arrendatário. Hans estava sentado sob uma árvore quando Carl passou. À inquisição de Carl, Hans respondeu,
- Estou apenas agradecendo à Deus por meu alimento.

Carl protestou,
- Se isto fosse tudo o que eu tivesse para comer, eu não me sentiria tão grato.

Hans respondeu,
- Deus me deu tudo o que necessito, e sou grato por isso.

O velho e pobre fazendeiro ainda acrescentou,
- É estranho você passar por mim exatamente hoje, porque eu tive um sonho na noite passada. Em meu sonho uma voz me disse que o homem mais rico do vale morrerá hoje à noite. Eu não sei bem o que significa, mas acho que eu tinha que lhe contar.

Carl gritou,
- Sonhos são absurdos!

E num galope enfurecido, se afastou. Mas não conseguia esquecer-se das palavras de Hans: "o homem mais rico do vale morrerá hoje à noite".

Era, obviamente, o homem mais rico do vale, assim convocou seu médico até sua casa. Carl contou ao médico o que ouvira de Hans. Após um exame completo, o médico disse ao rico fazendeiro,
- Carl, você está tão forte e saudável quanto um jovem cavalo. Não há como você morrer esta noite.

Por garantia, o médico ficou com Carl, e jogaram cartas durante a noite. Na manhã seguinte o médico se foi após Carl desculpar-se por lhe dar tanto trabalho apenas baseado em um sonho de um velho.

Por volta das nove horas da manhã, um mensageiro chegou à porta de Carl.
- O que quer? Carl perguntou.

O mensageiro explicou,
- É para trazer-lhe notícias sobre o velho Hans.

Ele morreu durante o sono nesta última noite.

«o máquinas febris! eu sinlo a cada passo,
Nos silvos que soltais, aquele canto imenso,
Que a nova geração nos lábios traz suspenso»

Inserida por xtenio

Lá vai o trem com o menino
Lá vai a vida a rodar
Lá vai ciranda e destino
Cidade noite a girar
Lá vai o trem sem destino
Pro dia novo encontrar
Correndo vai pela terra, vai pela serra, vai pelo ar
Cantando pela serra do luar
Correndo entre as estrelas a voar
No ar, no ar,no ar... (...)

Inserida por xtenio

Quando, Muitos

Quando pobre morre
Muitos estão surdos
Quando Rico rouba
Muitos estão mudos
Quando professor fala
Muitos não ouvem
Quando o patrão manda
Muitos agradecem
Quando a mulher apanha
Muitos vão culpá-la
Quando o menino rouba
Muitos crucificam
Quando o cristão reza
Muitos não perdoam
Quando tiver Amor
Muitos terão Ódio
Quando a elite dorme
Muitos são pesadelos
Quando choro
Muitos riem
Quando Luto
Muitos Lutam
Quando enterram
Muitos florescem

Estalos Munidos dAGuera

Vai mísseis que verais no céu
Santificado seja o ódio nome
EUA é um falso reino
Bombardeia a vossa vontade
Tanto na terra quanto no céu
O projétil vosso de cada dia nos dai hoje
Atacar vossas diferenças
Assim como vão atacando
Pra que tudo seja oprimido
Não vos deixeis cair em Libertação
Nem livrai-nos do Mal

Ataquem!

Epigrama

Essa angústia em mim pairava
O Golpe que ressuscitava
Indignação é diferente de raiva
Gigante acordou até babava
É lá estava
Farsa montada estava
Meu sangue ferve feito lava
A democracia mal começava
Mas tanta gente odiava
Amarelinha tanto gol que se tomava
O craque que não jogava
Pro corrupto assassino ele votava
Pela tradição e família o deputado comprado falava
Aqui até a Liberdade é escrava

Somos Todos Coloridos

Dessa terra vermelha
Natureza que se espelha
Tons em raios fúlgidos
Somos todos Coloridos

Mais de 50 tons de cores
União de todas as flores
Terra adorada nascidos
Somos todos Coloridos

Luzes refletem fulmen prismático
Pele de encanto cromático
Corpos sagrados, floridos
Somos todos Coloridos

Brilho intenso, irradia o sol
Cabelo esculpido em caracol
De tantas maneiras, sortidos
Somos todos Coloridos

Caiçaras, Quilombolas, Xavantes
e Ribeirinhos. Semelhantes
Raizes aos cultos, Vívidos
Somos todos Coloridos

Atabaque e viola, batuqueiro
Samba de roda no terreiro
Ecoa bem aos ouvidos
Somos todos Coloridos

Rezas, Lendas por muitas crenças
Ajoelha ou bate cabeça, Há Benças
Risonhos e Límpidos
Somos todos Coloridos

Pigmentos misturado, Caboclo
Povo Divino, Que a Natureza mesclo
Olorum! somos agradecidos
Somos todos Coloridos ...

Porque é que Adeus me disseste
Ontem e não noutro dia,
Se os beijos que, ontem, me deste
Deixaram a noite fria?

Para quê voltar atrás
A uma esperança perdida?
As horas boas são más
Quando chega a despedida.

Meu coração já não sente.
Sei lá bem se já te vi!
Lembro-me de tanta gente
Que nem me lembro de ti.

Quem és tu que mal existes?
Entre nós, tudo acabou.
Mas pelos meus olhos tristes
Poderás saber quem sou!

Inserida por pensador

Simplicidade

Queria, queria
Ter a singeleza
Das vidas sem alma
E a lúcida calma
Da matéria presa.

Queria, queria
Ser igual ao peixe
Que livre nas águas
Se mexe;

Ser igual em som,
Ser igual em graça
Ao pássaro leve,
Que esvoaça...

Tudo isso eu queria!
(Ser fraco é ser forte).
Queria viver
E depois morrer
Sem nunca aprender
A gostar da morte.

Inserida por pensador

Felicidade, agarrei-te
Como um cão, pelo cachaço!
E, contigo, em mar de azeite
Afoguei-me, passo a passo...
Dei à minha alma a preguiça
Que o meu corpo não tivera.
E foi, assim, que, submissa,
Vi chegar a Primavera...
Quem a colher que a arrecade
(Há, nela, um segredo lento...)
Ó frágil felicidade!
— Palavra que leva o vento,
E, depois, como se a ideia
De, nos dedos, a ter tido
Bastasse, por fim, larguei-a,
Sem ficar arrependido...

Inserida por pensador