Poema de pensamento

Se permitires, farei de ti, um infinito poema.

O poema só é do poeta antes de este o escrever.

— O que vieste aqui fazer ao meu poema?
— Vim buscar o meu corpo.
— Para quê?
— Para despir as tuas noites.

Ao virar a esquina do meu poema esbarrei-me com o teu beijo.

Enquanto eu for poema: sei que não morrerei.

Se tiver que cair, mais alguma vez, que seja no teu poema.

Quando tu passas: o meu poema quer tocar-te.

Tu cabes, infinitamente, dentro do meu poema.

Cada vez que me lês: tiras o fôlego ao meu poema.

Tu és a essência que faltava
ao meu poema em branco.

Tenho um poema
a pulsar no meu peito: tu…tu…tu…tu.

Se eu pudesse transformar
o meu poema em realidade
escolheria aquela parte
onde não existe realidade.

Hoje seremos a mesma noite na mesma cama:
se o meu poema permitir.

Antes de ser poesia
fui poema.
Antes de ser Amor
fui poeta.

A democracia sem povo é uma canção sem poema.

Em cada poema existe um epidérmico silêncio mortal.

Se eu pudesse ser um poema, seria: Alentejo ao luar.

Quando o teu olhar conversa com os meus olhos, coloco o poema em pausa.

No intervalo de um poema: recolho a minha alma.

Para escreveres um poema, confessa-te às palavras que não existem.