Poema de Pablo Neruda Crepusculario

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⁠O amor
É um cisco no olho
Que faz chorar
Quem é tocado, por alguém especial,
Onde ninguém mais
Pode tocar

Inserida por EdielRibeiro

No vale da minha memória,
Tudo se resume à mesma rua,
Devasta esta ausência tua,
Tudo me lembra nossa história.

Inserida por americosoeiro

⁠INTANGÍVEL

Guardei-te na gaveta das coisas novas,
arrumadas, qual gaivota que sobrevoa
a praia, antes de fechar a porta da tarde.
Guardei as razões que me deste
para te eleger. O teu gracejar constante
e aquele sorriso de inspirar poetas.
É tarde. A vitrola acusa cansaço
e os versos repetem-se na folha vazia.
Rendo-me à alegria de te sonhar
tão azul e tão presente como antes.
Sempre te soube interdito e breve.
Tão intangível, que magoa.

Inserida por franciscojoserito

Eu era primata e segurava primata

Não me lembro o que eu era antes de ser mãe
Alguma coisa entre tijolo e rã
(sólida e escorregadia)
O tempo de antes ficou sujo de uma coisa
que eu não sei
A vida principiou naquele dia
e depois só futuro
E era um futuro tão velho que parecia passado
Quando eu coloquei no colo minha filha
Era como se carregasse minha mãe
Ou a mãe da minha mãe
Ou a primeira mulher do mundo
Que era gente e era macaco
Ali eu era primata e segurava primata
E doía tanto

Maria Fernanda Elias Maglio
179. Resistência. São Paulo: Patuá, 2019.
Inserida por pensador

24 de junho

Os braços me doem de carregar o filho
E as pernas de tanto caminhar
Com o filho nos braços
Para que tanto mundo para vida tão curta?

As costas doem de me curvar
Para febre e o choro
E me doem os cantos das unhas e a cabeça
Me dói ainda mais o coração

Por que dói tanto?
Eu pergunto à minha mãe
Ela não sabe
Diz que são bonitas as noites de junho
O céu de mar profundo e as estrelas de São João

Eu engastalho o choro e aperto meu filho
Respiro o cheiro da boquinha cor-de-rosa
Leite e vida recente
Olha, meu filho
Como são bonitas as noites de junho
O céu de mar profundo e as estrelas de São João

Maria Fernanda Elias Maglio
179. Resistência. São Paulo: Patuá, 2019.
Inserida por pensador

Para minha filha

Quando sentir o chão ceder debaixo da sola de seus passos
Quando olhar para a frente e enxergar a nuca do mundo
Quando a água do mar parecer fria e seu nariz grande demais
Quando o vazio te ofertar a mão com brandura encenada
Quando a noite perpétua te jurar que nunca mais haverá dia
Quando alegria desertar de suas pernas e você parar de dançar
Quando se sentir cansada até mesmo para dormir

Sua mãe estará aqui

Inserida por pensador

ALVORADA


Alvorece
as gaivotas acordam a cidade
os sinos cantam ao desafio
com os sonhos interrompidos
a maré lambisca a margem
os raios de sol diluem a bruma
e os meus lábios fogosos
engomam as rugas do teu corpo
com a mesma devoção
com que a natureza regenera. ⁠

Inserida por franciscojoserito

⁠Ela precisa descansar.
Descalçar os pés e caminhar na areia da praia.
Ela precisar se arrumar.
Organizar os pensamentos e sentimentos que tiram o sono.
Ela precisa transbordar.
Esvaziar o suficiente para se encher do que que faz bem.
Ela precisa amar.
Apreciar cada detalhe de sua própria história.

Inserida por ArianyVieira

⁠Alguém,
Alguém de muito longe,
Sacana,
Roubou minha poesia.
E me deixou assim,
Enfastiado.

Inserida por adrianovox

TEMPO INEXPRIMIVEL

⁠O tempo passa...
Túnel do tempo;
Labaredas de fogo incinerando...
Fogo constante;
Tomara que não me alcance!
Tomara que não me engula!
Mas vai.
Somos expectadores...
Pobre de mim que sei!
Pobre dos que não sabem!
Em silencio me guardo...
O tempo não e' nosso.
Passamos a vida a fio, como
um passarinho desconsolado
num fio.
Passarinho canta uma vez.
Uma vez passarinho canta,
Sacode as asas e voa.
Voa passarinho sem remorso!
Esta' na hora! Esta' na hora!
A bênção, PAI!

poeta_sabedoro

Inserida por andre_gomes_6

⁠Sou como um dia normal.
Às vezes quente, caloroso
Ou insuportável.
Às vezes frio, aconchegante
Ou congelante.
Às vezes chuvoso, solitário
Ou nostálgico.
Mas nunca igual ao dia anterior.

Inserida por ArianyVieira

⁠Desgosto da saudade.
Ela sempre me traz lembranças de um momento feliz que não se repetirá.
Traz também a realidade do agora.
Aos poucos a saudade se transmuta em tristeza.
Aos poucos as boas memórias se apagam
Como desenhos feitos na areia da praia
Restando apenas o ir e vir das ondas
E a maresia do mar.

Inserida por ArianyVieira

Poesia da criação
.
Na cosmovisão do tempo
há uma arvore genealógica do mundo,
a criação do vento, deu-se ao espaço,
JESUS, no monte, viu toda glória futura
a casa das dimensões e o mar da eternidade,
estava dentro dele,
todos os livros dos corações abertos estão,
a versão mais bonita é a tradução do amor
os pássaros em luzes, eram paisagens brilhantes
a passagem das eras, em idades de dia,
ele é poesia do alfa e ômega
na arca da aliança estão a história e o véu
como chama de fogo, e voz de trovão
muitas águas dizendo: aí vem! o noivo!
Desperta oh filhos de Sião!

Inserida por AllamTorvic

⁠No velejar da história, há tempestades no verão.

"Navegando pelo tempo,
Tormentas há de se encontrar.
Assim como quando retiram o sustento,
A ponte há de quebrar,
Há de cair.
Tiram nossa liberdade de se expressar,
De existir.

Na luta pela vida,
Haveremos de encontrar
Tiranos, mau feitores,
Que nos matam sem cessar.

Velejando pela história,
Tempestades teremos de enfrentar.
Compraremos essa briga,
Para podermos nos libertar.

O trabalhador, oprimido,
No mundo és invisível,
Para um tirano, opressor,
Que só pensa consigo.

Reivindiquemos esta luta,
Para poder viver, para poder existir.
Pois sem a liberdade,
Não vivemos, oprimidos seremos,
E iremos apenas subsistir."

Inserida por samuraikkj

Sinto dor.

⁠"Às vezes temos de aguentar o sofrimento,
Senti-lo como for,
Para que não cause nenhum tormento.

A vida não é um mar de rosas do qual podemos desfrutar,
Entretanto, em meio a tantas angústias,
Sou incapaz de esquecer a alegria, a beleza,
Da qual não posso mais aproveitar.

Quando some-me a pulcritude da vida,
Saudades insólitas de meu único amor,
Aquele que as vezes me avisa somente da partida,
Entretanto, nunca deixa-me esquecida.

Analisando tal situação,
Vejo que não há mais opção.
Ver-me em tal posição,
Com um amor em minha visão,
Correndo na contramão,
Preciso agir pela paixão.

Posto minhas vontades, nada posso fazer,
Apenas esperar, e tentar esquecer.
Vão se resolver os acasos com acasos,
O que me deixa em pedaços por ver e desver.

Não é gostosa situação,
Ver minha paixão na contramão correr,
É preciso enfrentar, mentalmente, apesar.

Vida boa, vida injusta, não age como deveria,
Encarar tais situações, para viver uma vida bem vivida.

A dor não tem beleza,
Não tem felicidade,
Apenas temos de aguentar a saudade,
Por este motivo só me restam palavras infelizes,
Pois irei sentir dor por toda eternidade."

Inserida por samuraikkj

Faça sempre sua parte
Seja bom e não espere
E com a melhor essência
O seu coração tempere
Pois um dia irás colher
Tudo o que merecer
Não se vingue quem te fere.

Inserida por fabioalves63

⁠Se perder no próprio caos
Não significa estar perdido.
Perdido se está
Quando o caos alheio se torna lar.

Inserida por ArianyVieira

O argumento

De manhã
lemos anestesiados
as notícias da guerra (qualquer uma),
uma manchete
bem merece alguns combates;
cada bando
quer demonstrar que Deus
está de seu lado
com o argumento definitivo;
nossos olhos percorrem
as páginas
– buscamos mais confirmações
de nossa derrota
e o jornal traz o que esperamos encontrar.

Rafael Cadenas
No es mi rostro (2018).

Nota: Tradução de Antonio Miranda.

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Inserida por pensador

Venho de um reino estranho,
venho de uma ilha iluminada,
venho dos olhos de uma mulher.
Desço pelo dia pesadamente.
Música perdida me acompanha.

Uma pupila carregadora de frutas
adentra no que vê.

Minha fortaleza,
minha última linha,
minha fronteira com o vazio
caiu hoje.

Rafael Cadenas
Una isla (1958).

Nota: Tradução de Thiago Ponce de Moraes.

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Inserida por pensador

⁠Minha vida é como notas musicais
Sem muitos arranjos superficiais
Está no tom padrão
Me surge então, uma certa ocasião...
O destino que guia-me na partitura
Por enquanto mantém a compostura
Sim! Uma perfeita sonoridade
Simples porém tem sua complexidade
Compassos inteiro em harmonia
Se repetem e repelem, que ironia...
O destino que guia-me na partitura
Decidiu mudar sua estatura

Como se eu fosse culpa-lo de traição
Ele não tem culpa dos arpejos falharem por culpa de minha mão
Como efeito dominó...
A melodia decai sem Dó
E de um ritmo harmônico
Prevalece o ritmo agônico
Notas escuras, onde não a Sol
Se conectam em um efeito caracol
Talvez se eu fizer no tempo certo
Quem saiba não chegue em um concerto
Seria sonhar de mais querer chegar Lá ?

Notas e notas bailam em minha mente
Um eterno vazio se põe a minha frente
E os violinistas se põem a cantar
Pois as notas do piano estão prestes a matar
Vivo uma vida envolta de notas musicais
Onde amores se propagam mais muito superficiais

Inserida por Luluigi