Poema de Pablo Neruda Crepusculario

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Almas Negras

Corpo cândido, fraqueza natural
Caída sob meus braços, num impulso natural
De meus agudos caninos, meu ser adentra a ti
Morte não significa fim, por mim viverá
Milhões de anos serão noites sem fim
Suas rezas surdas foram ouvidas por mim
Condenada a eterna escuridão, providenciando maldições
Massa cerebral desprovida das falhas humanas
A virtude em preto e branco
Lapidada com o véu da morte
Nossa fusão agora é sepulcral

Perseguidores sanguinários
Provamos do sangue, alimentando o insano
O alvo é você, a indefesa serventia é comida
Meus pecados não significam nada
Os fins justificando os meios, não há Deus sob céu
Em meu caminho desdenhoso te faço seguir
O rasgo maldoso cobriu sua frágil pureza
O seu sangue percorre como combustível
Prisioneiros da penumbra, era das trevas prevalece
Vivencia desafiadora, minhas presas clamam luxurias

Por marés de sangue viajaremos
Ambos perdidos no esquecimento
Alienados totalmente dos ensinamentos
Não recebemos ordens divina
Só obedecemos ao nosso credo
Vencidos pelo desejo carnal
A grande paixão melancólica, provida do sorumbático luar
Nossos desejos mundanos
Reflete o mais sagrados dos desejos
Olhos santificados não enxergam nossa justiça
De olhos julgadores, somos os juízes
Abaixo para todo sempre
A Lua negra é o nosso único lar. ⁠

Inserida por cawan_callonny

⁠Vermelho

Ruge a voz dos bons conselhos
Caro horror que fere e fura
No sangrar dos teus joelhos
Redentora dor que cura

Os teus olhos, como espelhos
Refletindo seus vermelhos
Cor que sangra vida pura

Inserida por mnora

⁠Laranja

Cadê Deus, meu pai? me conte!
a menina moça arteira
pede ao pai que lhe aponte
uma prova verdadeira

Cai o sol por trás do monte
colorindo o horizonte
ri o velho na soleira...

Inserida por mnora

⁠Amarelo

Lá do alto, uma luz
passa e ofusca os meus deslizes
feito ouro que reluz
rasga o céu entre os matizes

Radiante, andaluz
num rabisco que traduz
meu anseios mais felizes...

Inserida por mnora

⁠Verde

Dos escombros desse mundo,
uma lágrima escorre
e, das pedras onde afundo,
um estranho me socorre.

Do vazio mais profundo,
Brota! novo e fecundo...
Esperança nunca morre!

Inserida por mnora

⁠Azul

A distância impassível
que separa nosso olhar;
o destino, previsível,
que insiste em separar.

improvável impossível
um encontro indescritível
o azul do céu no mar...

Inserida por mnora

⁠Anil

Escapole a borboleta
Bate as asas sob a luz
Como índigo cometa
Brilha em cores incomuns

Sua quase violeta
Tortuosa silhueta
Na fronteira dos azuis

Inserida por mnora

⁠Violeta

Uma órfã avistou
seu quintal ao fim da guerra
e, chorando, acreditou
que a vida não se encerra,

pois, ali, o sol raiou,
o arco-íris se formou
e uma flor brotou na terra...

Inserida por mnora

⁠branco

Minha força vem de lá
O meu canto vem de Angola
Uma voz a ecoar
Os lamentos da Guiné

Arrastado pelo mar,
veio o sangue quilombola
Carregando a minha fé...

Inserida por mnora

pérola

Quando a onda se aquebranta
em espumas lá na areia,
a jangada se alevanta;
quem é d'água não mareia!

Marinheiro que se encanta
não enjoa nem se espanta
com o canto da Sereia...

Inserida por mnora

⁠Conselhos

Se não foi tão bom, reclame!
Chame Deus no céu e clame!
Se você vencer, proclame!
Se for bem legal, me chame!

Pra quê medo de vexame?
Faça versos e declame!
Ou, então, apenas... ame!

Inserida por mnora

⁠Desequilibrista

Há equilíbrio na balança
a pesar, de tudo, um pouco
Há equilíbrio em cada dança
e em cada grito rouco.

Até quando o corpo cansa
e o equilíbrio nos balança,
apesar de tudo... um pouco!

Inserida por mnora

⁠Em um céu vasto e tranquilo

se levanta para o novo
um bater de asas suave.
Acompanha outro voo,
delicada e humilde ave...

É teu canto que entoo
o teu som, em mim, ecoo
delicada e humilde, Ave!

Inserida por mnora

⁠Familiar

Nunca diga que alguém
nunca disse que te ama!
Cada um - você também! -
tem seu jeito; não reclama!

Lá em casa sempre tem:
Boa noite, durma bem...
e não vai cair da cama!

Inserida por mnora

⁠Gol!

Tuas glórias brilharão
Nas estrelas posso ver
És eterno campeão
União te faz vencer

Pois é rubro o coração
Que entoa essa canção
Para sempre hei de torcer

Inserida por mnora

⁠Acessório

Passa o dia no Salão
e o cabelo despenteia
ou - pior! - um esbarrão
pode desfiar a meia.

Todo mal tem solução!
Pra qualquer ocasião,
leve uma amiga feia...

Inserida por mnora

⁠Beduíno

Quantas vezes eu me pego
a olhar os meus desertos
e parece que estou cego
Tantos vultos, tão incertos...

Não confirmo e não nego
Nas areias do meu ego
quantos eus estão cobertos?

Inserida por mnora

⁠Solidão

Segura e viciante
O tempo tirou isso de mim
Tornando pesada e densa
Não há coloração em meu mundo
Eu pintei de minhas cores, para ver só a mim
Em meu casulo natural
Nenhum Sol a nascer por mim
Cavei minha felicidade bem abaixo de mim
Para afinal ser abatido pela minha dor
Garanti minha passagem vitalícia
No labirinto chamado eu
Numa busca imprestável
Eu sou meu escravo
Na infinidade de possibilidades
Eu fiz de mim a mais desgraçada delas
Atirei-me ao fogo, na intenção de sentir
Para afinal perceber, que havia fugido de mim
Em solidão
Como o ninguém que desejei ser.

Inserida por cawan_callonny

⁠Em algum momento da minha vida

Eu me sentia como um parafuso que foi entregue ao um torneiro mecânico que me forjou e me modelou para me adaptar aquele momento da vida.

Talvez você hoje se sente igual a um parafuso velho torto e enferrujado, mas se você for apanhado por um bom torneiro e ele lhe forjar de maneira adequada poderá lhe fazer uma peça indispensável e desejável.

Da mesma forma que um bom torneiro mecânico consegue fazer de um pedaço de ferro velho e distorcido um lindo parafuso,
Deus consegue transformar uma pessoa que ninguém dar valor em algo extraordinário.

Inserida por Bertotti-Filho

⁠Era Das Trevas

Salmodiam palavras vazias
Ao Deus que tanto chora
Das casas anjo nenhum lá mora
O pesadelo do qual não se acorda
Agora é o dia que jamais retorna
Ansiando dominar o mundo lá fora
Acovarda bem alto, rotulada maldita
Impedida de alcançar, nem da asa ela toca
De meu ser tristonho, até o mundo lá fora
Atrai tendenciosas almas moribundas
Ao meu som que nunca tarda
Por ser puramente expiadora
Minha canção melódica
Domina tudo, sem se importar
Destruindo tudo, ela busca salvar
Na macabra sinfonia, o ser renovar
Destinado as infinitas notas
O mundo até por mim chora
Chocados, os olhos se apavoram
Amedrontados na realidade
Desejam sem aversão
Uma possível redenção
Por um Deus que já não chora.

Inserida por cawan_callonny