Poema de Pablo Neruda Crepusculario
MINHAS DECISÕES
Minhas decisões
Acertadas ou não
Sangraram
Rasgaram a carne
Quebraram a casca
Minhas decisões
Acertadas ou não
Fizeram-me sentir
A dor das metamorfoses
Sem elas eu não sentiria
O frescor do vento nas asas.
DONOS DA VERDADE
Procuro onde mora a normalidade
Quem dita as regras do feio ou esquisito
A quem foi dado o compasso, prumo, régua
Não acho
Se souber, me procure
Quem sabe assim eu me cure
Estarei por aí
Aqui, ali
Nesse mundo confuso
Quem sabe a louca sou eu
Ou você que me lê
Inspiro, respiro, piro
Vida de Navegante
A cabine é teu lugar sagrado
Terra firme já não é o seu lar
Pelo oceano estás apaixonado
Sentido só há no partir e retornar
Vida repleta de tanta aventura
Tiveste prazer com mulheres de todas as cores
Cada qual com sua história e cultura
Deixando em cada porto lágrimas e amores
Como a Estrela Polaris eu queria ser
Para você meu Capitão em mim se encontrar
Mas de ilusão não posso viver
Convicta sou de que serei mais uma a chorar.
Enquanto o navio não parte
Vamos brindar, dançar e sorrir
Atiçar essa chama que em meu peito arde
Armazenando memórias pra minha alma nutrir.
GAIOLAS
Abandonei as gaiolas
Para ganhar os ares
Enxergar novas paisagens
Sentir o vento
Larguei as gaiolas
E para surpresa minha
Escolhi o ninho.
DESATINO
Perdi-me da razão
Não mais lembro do seu rosto
Nem ouço sua voz
O que afirmam ser o certo
Acho errado!
O que ensinam ser errado
Já nem sei!
Perdi a razão!
Se achar não me devolva
Nem diga onde estou
Nessa grande maluquice
É provável que os loucos guardem o último resquício de sanidade.
RECOMEÇOS
Vou seguindo de recomeços
De todas as segundas
De tantos janeiros
Já não sei se sou pedaço
Nem sei se sou inteira
Vou seguindo desse jeito
Sou feita de recomeços.
Que dizer de alguns poemas ?
são efêmeros como bolhas de sabão,
brilham, encantam, emocionam,
depois de algum tempo
se desfazem, estouram, são frágeis,
restam apenas vestígios
pelo chão ...
Estamos entorpecidos e fugimos
fingimos que não sentimos
mentimos e sorrimos até onde conseguimos
tentamos parar o relógio da destruição
mas somos uma bomba relógio,
nosso corpo sofrerá com toda essa ação,
a alma escurecerá
e o psicológico irá lhe martirizar
aos poucos até nada mais sobrar.
Meus versos são seus
Guarda-os em teu peito frio
Pra quando seu coração estiver vazio
Se lembrar que nosso amor existiu
Desequilíbrio
Tem dias que sou mais corpo,
tem dias que sou mais alma,
às vezes sou sufoco,
às vezes só calma.
Calma - diz o corpo.
Grita - diz a alma.
Num corpo quase morto,
morrendo por sufoco
prestes a gritar feito louco
o que a alma quer falar...
O grito é sempre contido por trás de um sorriso que a alma dá para disfarçar,
mas no corpo o olhar teima em mostrar esse sufoco, que anda escondido à beira do precipício tentando se equilibrar.
Sentir
O que não consigo falar,
está escrito,
escrito em meu olhar,
onde o silêncio insiste,
insiste em gritar.
Só ouve quem sabe escutar;
escutar o som de enxergar;
enxergar o que não se vê.
Só enxerga quem sabe ler;
ler o que há no invisível do ser.
E quem é que sabe ser?
- Somente quem sabe sentir.
Sentir é o ler, é o ver e ouvir da alma.
Se os olhos são as janelas da alma,
os ouvidos são as portas do coração.
Cuidado com o quê e quem ouve.
Gritar no escuro?
Com um toque suave e gélido,
Com um beijo tão puro,
Um jeito esquelético,
Vendo uma lua enorme no céu,
Perdido num cemitério,
Vendo eu com um vestido e véu
Na minha frente a morte? Tão sério,
Hoje minha vida se excita?
Casei com a morte!
Muito loko não é, o bolo tendo uma foice?
Mas, belo corte!
Este bolo com o formato da foice.
Sentado, sem poder se mexer,
Vivo quieto, sem responder
Sou apenas um morto,
Já que estou sempre só
Na janela do hospital posso ver,
O sol brilhar, mas me sinto só,
Começo a piorar, tem alguém aí?
Não consigo me mexer neste quarto,
Não a ninguém por perto!
Este é o meu fim,
Seja quem for me leve enfim.
Eu te esqueço
Eu não posso dizer que ti quero
Não posso dizer que sinto o mesmo
Nem o que sempre senti
E nem o que não tenho,
Porque o que tenho é breve
Tão breve quanto distante.
Não posso me conter e sorrir para você
Porque não posso ser fraco mais
E foi por ser fraco que te quis
Com a fraqueza dos que amam
E com a paixão dos que querem
E com a rejeição dos que buscam
Eu te esqueço
mesmo sabendo que me engano
@cicerolaurindotextos
Estar contigo foi o mais próximo do céu
A qual sempre quis estar
Estar contigo é esquecer quem sou
E viver um agora sem fim
É senti que alguém importante estar por perto
É almeja um querer impossível
É saber que sou o homem mais feliz do mundo
E que quando eu vou embora
Eu me torno o mais miserável.
@cicerolaurindotextos
Sem ti
Perto, mas tão longe.
Mesmo estando próximo me sinto distante.
Distante de você por não ter o que dizer,
por não saber o que fazer.
Por não conseguir entender.
Entender porque me falta as palavras,
por quê...? Se poesia eu sei fazer,
Se eu sei falar de amor,
Mas não consigo falar a você.
O momento então espero
Em que eu venha falar,
Em que eu venha ter coragem de um dia me expressar.
Poesia não foi feita para ter sentido
Mais para sentir
Agora me resta o “sem”ti...
@cicerolaurindotextos e Baruch E. De Melo
O que cabe no peito
De maneira indireita
Com sabor contente
Com cheiro de arco-íris
Desejo colorido
Confissões inesperadas
Dados quase revelados
Latente não se afasta
Arquétipo que deflagra
Um tipo recorrente
Vem de repente
Esporadicamente
Não busca por razão
Quer vivência
E também ilusão
Com a liberdade vem as responsabilidades.
Então, logo a liberdade nunca existiu.
Presos as grandes responsabilidades de uma pequena liberdade.
Eu queria ser aquele que estar em seus pensamentos,
em seu coração,
aquele seu namorado de infância
que você nunca esqueceu.
Queria poder te mostrar
o quanto pode ser lindo o que eu sinto por você,
contudo sou apenas o outro,
o outro que te quer,
o outro que te admira e que ti valoriza,
mais do que o outro.
Eu não posso te esquecer ,
mesmo sabendo que eu nunca te terei,
queria estar em seus pensamentos e em seu coração
fazer parte de cada segundo teu.
Ser cada lembrança tua após um tempo,
porque você vai perceber que o tempo tem passado devagar sem mim.
@cicerolaurindotextos
Indecisão
Felicidade teria sido
amar-te "pra sempre",
E no sempre viver refém,
das nuances do tempo,
da somente amizade,
do fim?
Ou essa vazão estonteante de paixão,
Nunca antes vista.
Fez mais bem do que mal,
Ao ser interrompida?
Cravou na mente, na alma,
O amargo do mais puro amor reprimido
que nenhum Azevedo traduz em poema.
O adulto de coração jovem, inexperiente.
Sensação de amadurecimento tardio.
Na memória, ela transcende o tempo.
E faz da vontade sem tempo,
Para termos até mesmo vontade de ser, amigos novamente.
Ou será o medo?