Poema de Pablo Neruda Crepusculario
Não Somos o Que Queremos Ser
Somos o Que Podemos Fazer
Não Somos o Que Desejamos
Somos o Que Nossos Desejos Trouxeram a Nós
Wélerson Recalcatti
Palavras que eu escrevo aqui
Foram feitas pra dizer
Que no dia que fui te conhecer
Todo o vazio que havia em mim
Tua presença foi suprir
Andei nas florestas tropicais
Vi grandes e pequenos animais
Seres que habitavam o além
Vi humanos, todos desiguais
Muitos querendo serem mais
Do que realmente lhes convém
Guardiães da esperança
Eternas crianças
Que brincam e lêem
Conseguimos entender
E num papel escrever
O que os outros nem vêem
Somos Poetas
Ame a noite
Ame o dia
Ame tudo o que aqui existe
E continue, insiste
Ame o que mais valia
Ame e não exite
Uma coisa é pegar frases prontas, versáteis e rimá-las, falando sobre o que não entende numa sinfonia.
Outra coisa é transformar sentimentos enraizados, pensamentos bagunçados, numa bela poesia...
Na primeira nos encantamos pela brincadeira com as palavras, ficamos na beira com as ondas nos nossos pés a tocar.
Já na segunda mergulhamos a fundo, adentramos no oculto e podemos sentir o que o escritor sentia e queria nos passar...
Filisofia barata
organizar as ideias
em ordem alfabética
e arrumar na estante
para quando precisar
essa a prioridade
do homem que sonha
do indivíduo que escreve
que faz poesia
imaginar o que sente
o eletricista
adivinhar o que pensa
o carteiro
divagar sobre morte e vida
arriscar a sorte na loteria
pagar a conta de luz
(mesmo sem energia)
dez por cento para jesus
oferta canalha
promessa vazia
CABELO CURTO
Os cabelos curtos,
São poesias curtas,
Que dizem textos enormes,
De uma feminilidade sem igual,
De um poder feminino,
Da mulher,
Que diz: Liberdade, Força, Guerreirismo.
Manjedoura, em Belém
É Natal, Jesus nasceu
Três reis magos visitam
Menino, Filho de Deus
Virgem Maria, José
Vinham lá de Nazaré
Viva o Rei dos judeus!
Bem Mais Fácil é Dizer a Um Vivo Que o Ama
Do Que Gritar o Mesmo à Quem Já Teve Seu Fim
É Tu Que Fazes o Teu Próprio Drama
Pois o Não, Sempre Foi Mais Fácil Que o Sim
Pensante
Eu como poeta não sou nada.
Não sou trovador, nem menestrel.
Nem xilografista na literatura de cordel.
Não sou cordelista e nem faço embolada.
Não sou repentista, nem tenho língua afiada;
não sou doutor, nem bacharel;
não sou embaixador, nem coronel;
não sou hipnólogo e nem sei contar piada.
Sou apenas mais um na multidão.
Sou o cidadão comum, irrelevante.
Nem Sócrates nem Platão
nem Marx nem Dante.
Do alto de minha humana condição,
apenas um ser pensante.
Errado sempre foi beijar sua boca
sem falar o quanto te amava
sentir teu abraço e mesmo assim fugir
fugir de um sentimento
que estava presente em mim
muitas noites, muitos dias e vários anos
correndo de mim para não te procurar
hoje você partiu
e nunca tive a chance de te falar
vou amargurar a saudade
como pena vou viver essa prisão
te amei e nunca falei
perdi toda minha vida
por indecisão
sem saber se você me amava
eu destruir meu coração
e mesmo sem ter motivos
eu não insisti
e esse é meu triste fim.
Ao poeta, três são os seus martírios:
Primeiro, perder aquilo que pensou antes que pudesse escrever.
Segundo, viver aquilo que com palavras não se pode descrever.
Terceiro, reler aquilo que deixou escrito e ver que o tempo tratou de reescrever.
BOM DIA!
A vida renova-se, todos os dias
É preciso agradecer ao Criador,
Independentemente da vivência...
O acordar, devemos ao Senhor,
Uma graça que é igual pra todos!
A paixão é que nem esse cigarro
É brasa quente que arde, mas aquece
E é bom até o derradeiro apagar da brasa.
tu
dona dos sentimentos nus
detentora de meu lado cru
partiu meus tabus
e da canção que compus
é aquela aquém me opus
virou a chave do meu baú
maçaneta do meu corpo
nu
naquilo que pode ser
sentido
não há quem sequer encontre
sentido
tu já me tens
sustido
em teu pélago
tens escondido
e se este calvário
tornar meu próprio castigo
é culpa do coração
que fechou o postigo
e de refém lhe tens
mantido
poente no cerrado
encarnado
sob o mesmo valsar
o dia vai sendo arrancado
por seres alados que se põe a pintar
os sons das cores ali ilustrado
pros sensores apagarem, e vir o luar
num só tom, escrevo, todo arrepiado
neste silêncio que faz poetar
o poente no cerrado...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
26/03/2016, 18'25" – Cerrado goiano
O cerrado pede socorro
O cerrado é árido é dissonante numa certa harmonia
Te engole os olhos com a boca ávida de melancolia
O cerrado é plano por todo lado, torto e desencontrado
Neste desajeito pedregoso, espinhado, o êxtase é espetado
Cerrado ao longe provoca ilusão, maravilha o sol e escorre o calor
Tuas árvores e teu desencanto trás encanto e é sedutor
Cerrado de vasqueira água, fica deitado no lençol aquífero
Nestes poros transbordam renascimento e galhos frutíferos
Cerrado espesso, pele grossa e contradição
O homem e sua cruel mão, pinta na terra a tela da devastação
Destes campos velhorro
O cerrado pede socorro!
Cerrado não é cidade
É patrimônio da humanidade.
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
08/042016 – Cerrado goiano