Poema de Pablo Neruda Crepusculario

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A dor enobrece as pessoas mais vulgares, porque ela tem a sua grandeza, e, para receber o seu brilho, basta ser verdadeira.

A educação pública nunca resolve o difícil problema do desenvolvimento simultâneo do corpo e da inteligência.

A natureza concedeu aos grandes homens a faculdade de fazer e aos outros a de julgar.

A polidez nem sempre inspira a bondade, a equidade, a complacência, a gratidão; mas, pelo menos, dá-lhes a aparência e faz aparecer o homem por fora como deveria ser por dentro.

Se o vosso médico não acha bom que durmais, que useis vinho ou tal carne, não vos preocupeis: encontrar-vos-ei outro que não será da opinião dele.

É mais fácil ser amante do que ser marido, pela simples razão de que é mais difícil ter espírito diariamente do que dizer coisas bonitas de vez em quando.

Aquele que, de certa forma, não vive para os outros, raramente vive para si mesmo.

Uma coisa essencial à justiça que se deve aos outros é fazê-la, prontamente e sem adiamentos; demorá-la é injustiça.

Não há menos tormento no governo de uma família do que no de um Estado inteiro.

A dor é como uma dessas varetas de ferro que os escultores enfiam no meio do barro, ela sustém, é uma força!

Terrível condição do homem! Não há uma das suas felicidades que não provenha de uma ignorância qualquer.

A sabedoria tem os seus excessos e não é menos necessário moderá-la do que à loucura.

Todos os seres derivam de outros seres mais antigos por transformações sucessivas.

O pesar e o prazer andam tão emparelhados que tanto se desnorteia o triste que desespera quanto o alegre que confia.

O ódio e a guerra que declaramos aos outros gasta-nos e consome-nos a nós mesmos.

Os elogios de maior crédito são os que os nossos próprios inimigos nos tributam.

Normalmente, são tão poucas as diferenças de homem para homem que não há motivo nenhum para sermos vaidosos.

Chorarmos por daqui a cem anos não estarmos vivos é loucura semelhante à de chorarmos por não termos vivido há cem anos.

O valor do casamento não está no fato de que adultos produzem crianças, mas em que crianças produzem adultos.

Sem os males que contrastam os bens, não nos creríamos jamais felizes por maior que fosse nossa felicidade.