Poema de Pablo Neruda Crepusculario

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Os homens em sociedade são como as pedras numa abóbada, resistem e ajudam-se simultaneamente.

É felicidade para os homens que cada um deles a defina a seu modo com variedade, na sua essência e objectos.

A vida humana é uma intriga perene, e os homens são recíproca e simultaneamente intrigados e intrigantes.

Os pequenos inimigos, ainda que menos danosos, são sempre mais incómodos que os grandes.

Dos especuladores em revoluções muitos se perdem, e poucos prosperam por algum tempo.

Os homens não sabem avaliar-se exatamente: cada um é melhor ou pior do que os outros o consideram.

Ninguém está mais sujeito ao erro do que aqueles que só agem depois de haver reflectido.

Tem-se visto e vêem-se homens que na pobreza são ricos, na perseguição joviais e no desprezo estimados, porém, poucos se contam na boa fortuna ponderados.

Amigos há de grande valia, que todavia não podem fazer-nos outro bem, senão impedindo pelo seu respeito que nos façam mal.

Há pessoas que ganham muito em ser lidas, e perdem tudo em ser tratadas: escrevem com estudo e vivem sem ele.

A vida humana seria incomportável sem as ilusões e prestígios que a circundam.

Os povos, como as pessoas, variam de opiniões e gostos, e na sua inconstância passam frequentes vezes de um a outro extremo.

Há muita gente que procura apadrinhar com a opinião pública as suas opiniões e disparates pessoais.

Há benefícios conferidos com tal rudeza e grosseria que de algum modo justificam os beneficiados da sua ingratidão.

Os arrufos entre amantes podem ser renovações de amor, mas entre os amigos são deteriorações da amizade.

Uma Constituição que faça entrar nos seus elementos a humilhação do soberano ou do povo, deve, precisamente, ser derrubada por um deles.

Somos em geral demasiadamente prontos para a censura, e demasiadamente tardos para o louvor: o nosso amor-próprio parece exaltar-se com a censura que fazemos, e humilhar-se com o louvor que damos.

Todas as coisas estão sujeitas a leis; apenas a necessidade livre carece de lei.

A vida humana parece de algum modo tríplice, quando reflectimos que vivemos e sentimos em três tempos, no pretérito, presente e no futuro.

A cada um seu defeito, no qual todos os dias recaímos, nem pejo, nem medo, nada o corrige.