Poema de Pablo Neruda Crepusculario

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Em maio

Já não há mais razão para chamar as lembranças
e mostrá-las ao povo em maio.
Em maio sopram ventos desatados
por mãos de mando, turvam o sentido
do que sonhamos.
Em maio uma tal senhora Liberdade se alvoroça
e desce às praças das bocas entreabertas
e começa:
"Outrora, nas senzalas, os senhores..."
Mas a Liberdade que desce à praça
nos meados de maio,
pedindo rumores,
é uma senhora esquálida, seca, desvalida,
e nada sabe de nossa vida.
A Liberdade que sei é uma menina sem jeito,
vem montada no ombro dos moleques
ou se esconde
no peito, em fogo, dos que jamais irão
à praça.
Na praça estão os fracos, os velhos, os decadentes
e seu grito: "Ó bendita Liberdade!"
E ela sorri e se orgulha, de verdade,
do muito que tem feito!

Oswaldo de Camargo
O estranho. São Paulo: Roswitha Kempf Editores, 1984.
Inserida por pensador

Notícia

A nuvens trouxeram-me notícias
do céu...
As aves disseram-me como iam
as montanhas...
Coisas estranhas
começaram a dar-se então
com minha alma...

Oswaldo de Camargo
Um homem tenta ser anjo. São Paulo: Supertipo, 1959.
Inserida por pensador

Rumo

Às vezes ergo os olhos, interrogo
o seco céu sem urubu, sem nódoa
de nuvem: Deus,
que queres?
Que eu me atropele
com minha própria sombra, que embranqueça
meu dorso e voe?

Oswaldo de Camargo
O estranho. São Paulo: Roswitha Kempf Editores, 1984.
Inserida por pensador

⁠poesia antes da escrita

A poesia veio antes da escrita, existe tanto semianalfabeto um poeta e tanto, daqueles que gramática nenhuma poderia botar defeito e nenhum "dotô", falaria mais bonito. A poesia é alma, poesia boa mesmo é do tipo cantiga no mato, na roça com a vó, ou buscando a lenha pra acender o fogão. Poesia também já veio numa "borná", com um lápis e uma folha de papel de pão. Poesia já veio até no "calcanhar", já veio no joanete que contava muita história no tempo do frio. Não se nasce alfabetizado na língua dos homens, mas. Pode-se nascer alfabetizado na língua do amor e da poesia, portanto, pra ser poeta, basta-o ser.

MARIA, O AMOR SEMPRE VENCE!

(Livro: Amar Até Dizer Chega)

Inserida por MariaDePaula

⁠Verdade absoluta

Eu nem sei o que dizer
Estou sendo estreada de novo com você
Já te falei né? Então... Também to descobrindo coisas em mim junto contigo. Você é tão mais do que você imagina pra mim, que não tem idéia. Ahm
Eu acredito e vivo isso como se fosse uma verdade absoluta. De verdade.
Pode até ser que você desista ali na frente por milhões de motivos, mas uma coisa é certa, eu vou viver isso, viver você, viver nós até a última gota. Mergulhei.
Tu me convenceste a mergulhar.
Você é tão foda, tão importante.
Putz... Fora o amor.
Ainda tem o amor.
Você sabe disso.
Não morra agora, pode demorar mais uns 60 anos pelo ao menos... Será pouco, mas será um bom começo.

MARIA, O AMOR SEMPRE VENCE

(Livro: Amar Até Dizer Chega)

Inserida por MariaDePaula

⁠AMIGO OCULTO

Eu ainda tenho medo
As vezes me pego tendo medo de ser feliz
As vezes meu medo é que seja verdade, outras que tudo não passe de uma enorme mentira
Ahn...Eu queria...
Não. Eu quero. Quero tanto que me perco nos rios de sentimentos que brotam das nascentes do meu coração encharcado de sentimentos e de amor. Você nunca mais me escreveu. Você também já não me parece com tanta empolgação. Sim. Eu sei o quanto é terrível algumas coisas, mas o mais terrível é amor não correspondido. E vá por mim, disso eu entendo.
As vezes eu pego pensando se de novo vão desistir de mim, porque o amor é menos importante que as outras coisas. Não Tô dizendo que eu quero que fique por obrigação. Ninguém é obrigado a nada, muito menos aqui nessas bandas. TO DIZENDO EM LETRAS GARRAFAIS que O AMOR DEVERIA SEMPRE SER O MAIS IMPORTANTE, mas as vezes parece que não é, esse é o meu medo.
Já vi tanta gente desistindo do amor...só não gostaria de passar isso novamente. Entende?
Eu não pedi nada não. Eu parei de pedir ha muito tempo. Foi apresentado a mim, jogado na minha cara, eu só aceitei o presente, eu achei ser presente, eu espero ser presente. Se não o meu presente, ao menos o seu presente. Se não der pra duas pessoas saíram felizes desse amigo oculto, que pelo ao menos uma saia.


(Livro: Amar Até Dizer Chega)

Inserida por MariaDePaula

⁠EU-JORGAL

Ó trovador que abre seu lábio antigo,
Diga a musa que ouve doce as cantigas de amigo:

Assim como tu sabes que mente para si,
És tola e eu tolo, mesmo sem a tua harpa,
Minha harpa é tua harpa, pois é para ti.

Chego até querer ir a tua corte com lira de maldizer,
Porem tua íris céu, cabelo ouro e branca rosada,
Expulsa de mim a sátira grosseira a cavalgada
Feito Segrel e seu cavalo perdido em toada .

Desde as melodias da antiguidade
Os trovadores sopravam realidades.
E tu dama a mim desfere lira de escarnio
Enquanto minha harpa compõe amor em grande ensaio.

Inserida por Kevin_litera

⁠⁠ODE AOS PEIXES DE VERA CRUZ

Aos peixes em solo firme eu digo:
Saltou para a terra em criatividade
Rastejou em lama em sua vitalidade
Sempre esteve comendo fora d'água comigo.

Esperançosos ao rio do futuro
Elegem anzóis ao topo da cadeia
Lembram-se e esquecem-se que já foi de aldeia
Adaptam-se milhões de anos ao muro.

Permanecem na esperança desde os antepassados
Antigos que um dia nas águas rasas nadaram
Ancestrais que todos os dias aos poucos andaram
Nas azedas poças estavam sempre adoçados.

O samba na nadadeira antes do pé!
A novidade das mãos sempre em toque
Afluentes culturais do Chuí ao Oiapoque,
Folclore, danças polonesas e arrasta-pé.

Tantas cores no manto verde e o cantar alto,
Falam como araras, e que saudade da ararinha azul
Reco-reco forte como vós do norte ao sul
Amo odiar e odeio amar este mar alto.

Vontade tenho de puxar-lhes as escamas
Comem iscas na água, comem incas no solo
Pirajuçara do bem, fisgada no no colo
Namorado nas ideologias em chamas.

Em redes antes dos coronéis
Pescas nas caravelas de Portugal
Escravidão em embarcação surreal
Repetem golpes nos futuros papéis.

Ó peixe que usa calças e é anfitrião
Simpático este cardume que agrada
Criatura gloriosa que por troca degrada
Luta lá de longe sem ver que é em vão.

Com cuidado, elevados peixes, sobreviveremos!
Brigamos, amamos, será que também sou assim?
Como os ratos de Noronha, a dor terá um fim
Cuide das águas, Linguados terrestres, pois evoluímos!

Inserida por Kevin_litera

⁠FLORES Y HOJAS

Girassol mexicano perdido no verde
Tão alaranjado e vivaz entre folhagens
Na mais baixa aquarela é terracota.

Sei que és forte e floresce, chica
Como brota em toque tórrido
Por que ilude-se em rodovias cinzas?

Não fuja das folhas meu bem
Os buques são lindos, eu sei
Mas caules cortados morrem.

Inserida por Kevin_litera

⁠Outubro de 2021: por causa da pandemia, sigo ainda numa liberdade vigiada, dois anos depois da última mudança, que seria o início das liberdades.
Desse período, foram dezenove meses totalmente confinado até que a segunda dose da vacina anti covid fosse aplicada.
Sinto vontade de botar novamente o "saco nas costas" e sair por aí, achar um canto novo.
Mas ainda preciso de confinamento de multidões furiosas, mesmo quando a ciência declarar vitória sobre a pandemia de Covid.
Talvez eu possa colonizar um lugar onde eu possa levar todas pessoas que apoiaram o próximo e pensaram no bem coletivo durante as fases mais críticas da pandemia.
E se não conseguir um lugar físico para essa nova pátria, vou declarar o meu coração a nação independente dos solidarios, dos empáticos, dos que cortam em quatro partes (ou milhares) o seu pão, a sua amizade, a sua arte, a sua inspiração, a sua sanidade e a sua alegria.
Quero as pessoas que compartilharam o lenço na hora do choro e que marcaram presença (mesmo à distancia) na agonia. Estes viverão como embaixadores.
E serão libertos todos aqueles que foram maculados pelo SIM, quando a resposta deveria ter sido NÂO aos seus predadores...
Não haverá ambiente para abusos, pressões, subordinações ou comandos possessivos.
E não serão permitidas relações abusivas , manipulações individuais ou coletivas, mentiras, calúnias e difamações.
Pessoas que buscam evolução serão bem vindas e aprenderemos de mãos dadas.
Atraversiamo!
#abdução

Inserida por jozedegoes

⁠Colhendo cores

O outono é a estação exultante da policromia que aconchega o coração, onde a natureza nos ensina através do desprendimento que vivemos em um mundo de impermanência e fragilidade, onde uma das leis da vida é o desapego, pois é através do "deixar ir" que nos permitimos uma das maiores dádivas da vida: o renascer do que há de florir em nós.

Soraya Rodrigues de Aragão

Inserida por AlquimiaPsi

O Pintor de poesias

Assemelha-se o poeta,
A um jeitoso pintor,
Que após desenhar a reta,
Faz um quadro de valor.

Enquanto o dotado artista
Pinta as cores de uma flor,
O hábil e audaz lirista
Acha a alegria na dor.

Imagens a tinta escreve
E a palavra pinta rima;
Mesmo um feito muito breve
Torna-se única obra-prima.

Risca, pincela, sombreia
Às letras mortas, aviva.
Zela, contenta, anima
Ao bom descanso convida.

Pensa, avalia, medita,
Às cores mortas, alegra.
Rima, argumenta, versa
À bela arte invita.

É o pintor de poesias
E o poeta de afrescos.
O feitor das alegrias
E dos autos principescos.

Vinde à agradável arte
Do espírito eloquente.
E pintai seu estandarte
Adornado belamente.

Inserida por jonathan_ferreira_4

⁠Não dou ao destino o crédito
sobre os caminhos que segui
e as coisas que alcancei
Mas foi o acaso que me guiou
à sorte de esbarrar na tua boca.

Inserida por leticiadequeiroz

⁠Dissolvida em tua água fui potável
Sem você, meu equilíbrio, coitados!
Me bebem agora amargo e indigesto

Eu gostava mais de me sentir na tua pele
De me derreter no teu suor
Eu só sabia quem era eu
Me confundindo um pouco com você

Agora imagina isso
Do rio inteiro que eu sou
Você prefere ver só a margem

Naveguei outros oceanos
Naufraguei incontáveis vezes
Nadei, nadei
E morri na tua praia.

Inserida por leticiadequeiroz

⁠Segurança é uma ilusão
você sorri, estou segura
você fecha a cara, estou em pedaços.

Inserida por leticiadequeiroz

⁠Ela é a poesia desse instante
Ela é a rima que não sai da cabeça
Mas eu não quero que ela seja
só mais das minhas palavras
Porque ela é que nem Chico Buarque,
dá um sossego na alma
E faz que a gente queira ficar
assim pra sempre
Que ela não se perca
(Que eu não a perca)
Na minha vã filosofia
de que tudo é poesia.

Inserida por leticiadequeiroz

⁠Tento seguir em frente
Em uma via de contra-mão
Seguindo as coordenadas
Que estão no meu coração

As placas disseram pare
Mas minha mente dizia não
Bati no muro do amor
Quebrei meu corpo e meu coração

Inserida por henrique_de_freitas

Sou um desmedido paradoxo
em cântico!
Sou um monge descabelado...
Um arlequim tristonho...
Um amante não amado
Um Cristo sem paraíso...
E bandido
SIGO...
Pela vida desamparado
O único remédio que tenho
É o meu verso
E às vezes este mesmo verso
que canto
Me machuca tanto
Feito aço enferrujado

Inserida por bill_oliveira_william

⁠Todos vamos morrer
Todos vamos desaparecer
E este é o único e justo motivo
para sermos tão incrivelmente vaidosos
A vaidade e o ego
são âncoras que nos atam a vida
Danados que somos
sem nunca ter visto Deus ou o Diabo
Encerrados neste corpo
que nem é o que queremos ser
e onde queremos estar...
Só temos a vaidade
para nos explicar
E soterrar
o medo da morte,
a raiva da vida
e a danação de ser gente
e não poder voar!

Inserida por bill_oliveira_william

⁠Eu não queria que houvessem construções...
Casas ou ruas pavimentadas
eu não queria!
Eu queria que fosse tudo árvore
E que morássemos na árvore...
Queria que o mundo fosse mato!
Que só ficassem de pé
os museus
os teatros
as bibliotecas públicas
os templos religiosos que pregassem o amor e a caridade...
E as casas de chocolate!

Inserida por bill_oliveira_william