Poema de Pablo Neruda Crepusculario
Diante do gesto
Indiferença!
Diante do ato
indiferença!
Diante da miséria
Indiferença!
Diante da dor
Indiferença!
Diante do preconceito
Indiferença!
Diante da corrupção
Indiferença!
Diante de afirmações
Indiferenças!
Diante das duvidas
Indiferenças!
Diante da vida eminente
Indiferença!
Como poderíamos
Ser todos iguais a final,
Se o resultado é a distorção
Das palavras, dos gestos,
da própria cultura?
Como ser considerado racional
Se o primeiro gesto é o de abandono,
Boa ação, apenas como intenção não salva!
Usar exemplos de terceiros não garante
Seu lugar no céu primeiro.
Todos sabemos o que deve ser feito
Todos ficamos calados diante da necessidade,
Pois enquanto a gota não nos atinge
Não há motivos para consertar o que se quebrou.
De todos os brinquedos jogados fora
A vida certamente é mais precioso,
De todas as palavras abandonadas ao vento
As que fazem falta são as verdadeiras.
De todos os olhares perdidos
Mesmos os na escuridão, na solidão,
Os de indiferença são os que não tem salvação.
Mais uma morte
Ninguém viu!
Mais uma criança drogada
Nunca existiu!
Mais um desvio de verba
Ilusão, no Brasil!
Mais um bom livro
Se perdeu no vazio!
Mais um ser humano
Confundido com artigo raro
Numa pátria que nunca existiu!
Indiferença
Palavra forte, que define,
Um ser fraco e hostil!
A poesia
É como um grito
Silencioso que ecoa,
Pelas paredes espessas
De um livro.
Implora por amor!
Clama por justiça!
Há espera ao menos
De um bom leitor,
Para se fazer livre.
Algumas mudanças não conseguimos ver e poucas vezes conseguimos percebe-las, são como leve brisas, que nos refrescam sem saber.
Não é apenas o fato da mudança que nos assusta, mas, é o não saber o que vai acontecer posteriormente que ela nos encontrar.
A duvida tão frequente quando nos deparamos em frente ha um espelho, nos questionando e as vezes de forma tão impessoal, o que virá depois?
Medo, raiva, acomodação e quem sabe fúria! Admitir-se perdido em meio a tantas escolhas é o maior gesto de bravura que se pode ter em um mundo decadentemente mecânico.
Encontrar uma razão que fuja a logica, em cada passo dado é mais que um pequeno desafio.
É descamar lentamente com uma navalha cega nosso ego, é cegar nossos desejos e privar nossa superficialidade, castigar lentamente o lado subversivo de nossos atos. Requer muito mais que uma amostra tola de força, requer algo que muitas vezes está ausente e perdido no mais intimo de nós, nossa parcela de humanidade.
E você esperando a violência acontecer
O próximo tiro, o próximo grito!
Brincando de adivinhar,
Qual será o beco escuro
Que um politico vai se corromper.
Feridas que nunca cicatrizam
De uma sociedade corrompida,
Aonde impera o caos, corrupção!
Roleta russa com o cidadão
Dia sim, dia não, no circo da civilização,
Mais um corpo que cai ao chão.
As manchas de sangue, são Capas de jornais,
Garantia de ibope na televisão
A festa acontece no nosso quintal
Em quanto você se prepara pro jantar!
Fingindo que não tem mais medo
Rezando em silencio, chorando em segredo,
Para que sua família não vire vitima
Da sua omissão, falta de expressão!
Pode protestar, mas não pode atrapalhar o transito!
Pode lutar pelos seus direitos, só que não depois das seis!!!???
Estudante paga meia pra que brigar? Que corrupção??? Se a mídia não mostra é porque não aconteceu!!!hã???
Pessoas que justificam ser contra protestos só podem estar satisfeitas com as filas, nos hospitais, com as mortes no transito!
Como assim? Não é bem assim? protesto de teclado funciona! Só se for no mundinho apático de quem não quer se incomodar!
Pressão popular é o que atinge o governante, o medo de perder o salário e gratificação, isso quando não outros meios ilícitos é o que assusta!
Colocaram cinco mil hoje, que amanha sejam dez! depois quinze! que os protestos sejam pela falta de estrutura, pelo mau uso do dinheiro publico!
Que seja pelo livre arbítrio e o direito de ir e vir a cinco reais e ônibus lotados na volta do trabalho!!!! Sem ar condicionado!!!
(Só em terceiro mundo, no Brasil isso não existe! Será?????)
O governo diz que não, a mídia finge que não vê! E tem gente que ainda defende a parte podre da sociedade,
quando tudo que se busca é um pouco(??) mesmo que uma miséria de igualdade!
Se não atrapalhar a rotina dos apáticos é claro!
OBS: Não esquecer de pedir licença quando for passar!
Ela tem um ferro de passar
Enferrujado, que nunca usou,
Volta e meia visita suas lembranças
Mesmo aquelas, que nunca sonhou.
Usa lagrimas que não tem
E sorrisos que não conhece,
Que poderia fazer brotar vida
Ao invés de se perder no vazio do corpo.
Mundo estranho esse, não?
Aonde pessoas querem certezas
E usam desejos com certo rancor.
Memorias quentes, de um mundo frio,
Com palavras soltas que não amarram um sentimento
Mesmo aquele quase impossível, que acontece com certos olhares,
Que costumamos gentilmente chamar de amor.
Mulher
Que direitos são estes que ferem
Não só o corpo, mas a alma,
Que luta é essa que maltrata
Dilacera a coragem, faz crescer o medo?
Que culpa tão grande é essa
Que faz desejar não viver,
É a beleza, o aroma ou o sorriso encantador?
Seus cabelos ao vento, não podem servir como chicotes!
Um silencio, que fere!
Dilacera e maltrata.
Mas os olhares tão tristes
Com esses dias tão incompreensíveis
Não fingem.
Existe vida além-mar?
Existe esperança além da dor?
Existe força aonde só há terror?
Tantas perguntas em um corpo tão frágil
Capaz de fazer surgir à vida,
Mas ainda incapaz
De viver com a dor.
Não é pela violência sofrida
Não é pelo desespero nela contida,
Não é pelas marcas que não cicatrizam!
É pela alma ferida
Pela pureza perdida
Pelo corpo que deveria receber
Somente o calor
E sentir apenas o amor.
É o direito de viver
De ser feliz,
Que alguns ainda não conseguem
Se permitir.
Passa
Passa o dia
A noite, a dor,
As lagrimas.
E alguns sorrisos
Passa a vontade?
Passa o frio,
O calor e o suor.
Passa a passos largos
As rugas, as roupas,
O assobiar de alguns passarinhos
Os desejos e alguns cheiros.
Só não passa as cicatrizes
Estas ficam guardadas,
Em algum canto da memoria
Lembranças de uma vida inteira.
Guarda em uma pequena caixa
Todas as tuas memorias,
Teus desejos tão ardentes.
Para que não tenham espaço suficiente
Para se acomodar, se adaptar,
Assim sem você esperar
Vai transbordar em sentimento.
Para fora do seu corpo
Fazendo você se sentir vivo,
Explodindo em sorrisos coloridos!
E não apenas um objeto
Decorativo, sem nenhum motivo,
Num mundo meio cinza
Meio dolorido.
De o primeiro passo
Gaste a primeira sola,
Crie as primeiras marcas.
A vida tem dessas surpresas
Estas aventuras do acaso,
Marcas acontecem para quem vive
Não para quem apenas sobrevive.
Ouse com alguns olhares
Derrube muros com alguns sorrisos,
Deixa extrapolar alguns gritos!
A alegria não foi feita para ser guardada
Em pequenos potes ou em pequenos vidros.
Suspiros não nascem do nada
Requerem ousadia, tem que se permitir sentir,
Arriscar para poder perder
E para poder, em algum momento viver.
Noite dos cachorros perdidos
Enquanto o latido
Toma conta das ruas,
Restos são jogados
Como banquete.
Na tentativa
De amordaçar,
Bocas famintas.
Como uma sinfonia absurda
A raiva espumando pela boca,
Já contamina as diferentes formas de vida.
Dessem-lhe pauladas!
Duchas generosas de agua!
Por um breve momento recuam
Mas fome é tanta,
Que seu amo assustado recua.
Corre e com medo se esconde,
Atrás de falsas propagandas
De alegrias gratuitas.
“Ha lugares que são vazios
E outros tantos nem existem,
Mas como preencher, teu lugar
Em um horizonte sem limites?”.
‘’A única rotina que desejo é a de sentir o gosto de teus beijos,
O único gesto de selvageria que ouso é lançar-te um olhar de cobiça,
E minha brutalidade será de tomar-lhe em meus braços.
Assim ouso ser um animal, irracional a procura de teu cheiro
Desejando teu corpo, junto ao meu.’’
"Quem dera negar uma só palavra do que sinto aos teus ouvidos,
Seria infinito o arrependimento de minha boca ao não pronuncia-las.
Fado que não agüentaria carregar, o peso do silêncio seria castigo demais".
"Amanhã serei maior que hoje
Serei mais sábio, serei mais completo,
Terei mais carga para carregar em minhas costas,
Serei com certeza mais forte."
Dê-me tuas mãos
Dê-me tuas mãos
É só o que lhe peço,
Tão lindas e suaves
Como a primavera que se aproxima.
Empresta teu toque
É só o que lhe imploro,
Deixa eu sentir uma vez mais
Tua pele rasgar a minha como seda.
E teu cheiro tomara conta de meu quarto,
E eu rogo para que nunca saia de mim,
Pois a doçura de teus gestos já não cabe
Em meu olhar, é preciso de tempo,
De todo o possível, para poder lhe amar.
Verdadeiro Amor
Sinto muito, não era eu,
era minha alma, varrida, perdida e sofrida.
Pedindo por ajuda, clamando por algo seu,
gritando, por uma vida, uma saída.
Por uma nova forma de amar, aprendendo a esperar,
aonde dela surjam apenas sinceridade, apenas verdades.
E que o sonho da eternidade não me faça abrir os olhos
Ver um mundo sem amor, sem o verdadeiro amor, sem teu amor,
que desejo em fim encontrar em teus braços, abraços e laços,
para enfim não mais chorar, apenas amar.
Sonhei que era famoso
Sonhei que era famoso,
Compositor, cantor, escritor, ator ou o seja lá o que for,
Tudo que eu dizia tinha classe, tudo que fazia tinha glamour,
Havia fãs, seguidores e admiradores.
E assim acumulava grana e fazia fortuna,
Mulheres aos meus pés e muitos corações partidos
Mas era famoso, isso era bom, mesmo com muito interesse em jogo.
Carrões, iates e hotéis de luxo, nada me faltava,
Por muitas festas eu passava, o pessoal me chamava,
E ainda se precisasse de mais alguma coisa
Meu empresário providenciava.
Foi então que nesta vida de famoso resolvi descansar,
Sem querer acordei do sonho que tive e sofri,
Contas para pagar, a geladeira vazia e a mulher a gritar,
Morar na periferia, carro popular e filhos para cuidar.
Assalto a mão armada, buracos nas calçadas e algumas sandálias estragadas.
O dinheiro não dá, o mês é pouco, vivendo sempre no sufoco,
E eu querendo voltar a sonhar, porque sinceramente meu amigo,
Esta vida de pobre, definitivamente não dá.
Menino da vida
O menino sorriu,
O menino dormiu,
O menino sonhou,
O menino chorou,
Sentiu frio,
Sentiu fome,
Sentiu falta de amor,
Sentiu falta do calor,
Sentiu-se abandonado,
Desolado e jogado,
Vivendo como um rato,
Menino de rua,
Menino drogado,
Sem lar, sem paz, sem pais,
Mais um famigerado,
Menino da vida,
Menino de Deus,
Apenas abandonado,
A própria sorte deixado.