Poema de Pablo Neruda Crepusculario

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Os grandes, os ricos e os sábios sorriem-se: os pequenos, os pobres e os néscios dão gargalhadas.

O que vulgarmente faz que um pensamento seja grande é dizer-se uma coisa que nos conduz a muitas outras.

As crenças religiosas fixam as opiniões dos homens, as teorias filosóficas perturbam-nas e confundem.

Há muita gente boa e feliz, porque não tem suficiente liberdade para se fazer má e desgraçada.

A maledicência pode muitas vezes corrigir-nos, a lisonja quase sempre nos corrompe.

Ser-se livre não é nada fazer, é ser-se o único árbitro daquilo que se faz ou daquilo que se não faz.

O valor que não tem por fundamento a prudência chama-se temeridade, e as façanhas dos temerários devem atribuir-se mais à sorte do que à coragem.

Os defeitos de quem amamos, devemos vê-los com os mesmos olhos com que vemos os nossos.

A vitória de uma facção política é ordinariamente o princípio da sua decadência pelos abusos que a acompanham.

Ainda é mais fácil avaliar o espírito de um homem pelas suas perguntas do que pelas suas respostas.

Duque de Lévis
Maximes et réflections sur différents sujets de morale et de politique

Os moços de juízo honram-se em parecer velhos, mas os velhos sem juízo procuram figurar como moços.

Os empregos que por intrigas e facções se alcançam, por facções e intrigas se perdem.

Todos se queixam, uns dos males que padecem, outros da insuficiência, incerteza, ou limitação dos bens de que gozam.

Na admissão de uma opinião ou doutrina, os homens consultam primeiramente o seu interesse, e depois a razão ou a justiça, se lhes sobeja tempo.

A dialética do interesse é quase sempre mais poderosa que a da razão e consciência.

Existem a beleza que excita, a que comove e a que satisfaz: a melhor é a última.

Parece, na verdade, que nós nos servimos das nossas orações como de um jargão e como aqueles que empregam as palavras santas e divinas em feitiçarias e em efeitos de magia.

Um homem que acaba de arranjar um emprego já não faz uso do espírito e da razão para regrar a sua conduta e as suas atitudes perante os outros: toma de empréstimo a regra do seu posto e da sua situação; donde o esquecimento, a altivez, a arrogância, a dureza e a ingratidão.

Nos nossos revezes, queremos antes passar por infelizes, do que por imprudentes, ou inábeis.

Condenamos por ignorantes as gerações pretéritas, e a mesma sentença nos espera nas gerações futuras.