Poema de Pablo Neruda Crepusculario
Arrependemo-nos raramente de falar pouco, e muito frequentemente de falar demais: máxima usada e trivial, que todo o mundo sabe e que ninguém pratica.
Sempre vimos boas leis, que fizeram com que uma pequena república crescesse, transformarem-se depois num peso para ela, depois de grande.
O mundo, que não é causador de nenhum bem, é cúmplice de muitas infelicidades; depois, quando vê eclodir o mal que ele maternalmente chocou, renega-o e vinga-se.
A honra tem assim, as suas regras supremas, e a educação é obrigada a respeitá-las. Os princípios são que nos é sem dúvida permitido preocuparmo-nos com a fortuna, mas que nos é absolutamente proibido fazer o mesmo com a nossa vida.
Apenas um homem de gênio ou um intriguista se atrevem a dizer: «Fiz mal». O interesse e o talento são os únicos conselheiros conscienciosos e lúcidos.
As coisas maiores só devem ser ditas com simplicidade; a ênfase estraga-as. As menores precisam de ser ditas com solenidade; elas só se sustentam pelo modo de expressão, pela atitude e pelo tom.
Há que, na medida do possível, prestar favores a todos: quantas vezes não precisamos de quem é menos do que nós.
Na mocidade buscamos as companhias, na velhice evitamo-las: nesta idade conhecemos melhor os homens e as coisas.
É preciso que um autor receba com igual modéstia os elogios e as críticas que se fazem às suas obras.
Considero a família e não o indivíduo como o verdadeiro elemento social (arriscando-me a ser julgado como espírito retrógrado).